«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.

Ainda que tenha sido dito o oposto em campanha eleitoral, há muito se tinha percebido que José Peseiro não era o treinador de Frederico Varandas. Por isso a decisão do novo presidente do Sporting dificilmente pode ser vista como surpreendente, mas pode ser encarada como arriscada.

Peseiro pode estar longe de ser uma figura adorada em Alvalade, mas deixou a equipa a apenas dois pontos da liderança da Liga, ainda que no quinto lugar. Em boa posição de apuramento na Liga Europa, qualificado para a quarta eliminatória da Taça de Portugal e ainda na luta por uma presença na «final four» da Taça da Liga, apesar da derrota caseira com o Estoril que precipitou a «chicotada».

O entusiasmo era escasso ou nulo, dentro e fora de campo, mas a análise puramente resultadista não apontava como inevitável a troca de treinador. E logo aí entra a vertente do risco, reforçada pela aposta num substituto que também não justifica consenso.

Recrutado ao Al Jazira, Marcel Keizer tem a passagem pelo comando da equipa principal do Ajax como alínea em destaque do currículo, mas o tempo de duração refere apenas junho a dezembro de 2017.

Mas apesar da saída antecipada, esta ligação de Keizer à famosa escola holandesa dá sentido à escolha de Frederico Varandas, e mostra uma coerência que faltou no discurso de campanha relativo a José Peseiro.

O novo líder leonino tem insistido na ideia de que é preciso voltar a olhar seriamente para dentro da Academia, de forma a recuperar aquilo que a formação perdeu nos últimos anos (só não vê quem não quer). A aposta de Marcel Keizer mostra que esse discurso não foi abandonado após a tomada de posse, e isso é um bom sinal para o Sporting.