Porventura desconhecido para os leitores menos atentos ao futebol internacional, Aymeric Laporte será seguramente um nome já decorado por aqueles que seguem mais o que se passa lá fora, e que conhecem este jovem central que tem mostrado estar à altura da herança de Bixente Lizarazu.

Mesmo sem ter nascido no País Basco francês, Aymeric foi contratado pelo At. Bilbao em 2009 e mais tarde tornou-se o segundo jogador gaulês a chegar à equipa principal, depois de Lizarazu. Prestes a fazer 20 anos, o esquerdino é dado como provável reforço para a «remodelação» do Barcelona.

O emblema «blaugrana» parece disposto a pagar os 36 milhões de euros da cláusula de rescisão deste jovem nascido em Agen, a cerca de 400 quilómetros de Bilbau. Começou a jogar futebol aos cinco anos, no clube local, e aos onze anos saiu de casa pela primeira vez, para jogar na escola Miramont-la-Guyenne, nos arredores de Bordéus.

Mas foi ao serviço da seleção regional da Aquitânia que encantou os responsáveis do Athletic, no final de fevereiro, quando foi a Bilbau disputar um jogo amigável. Ainda durante a viagem de regresso a casa tocou o telemóvel do pai, Lionel, vendedor de frutas e legumes. O Athletic queria que Laporte voltasse a Bilbau para treinar à experiência.

Aymeric viajou de comboio uns dias depois, sozinho, e convenceu os responsáveis do clube espanhol, que assim superou a concorrência de Auxerre, Bordéus, Toulouse, Marselha ou Sochaux.

O jogador mudou-se para Bilbau aos 15 anos, mas só começou a jogar pelo Athletic aos 16, por causa das leis da FIFA. Na primeira época treinava com a formação do clube espanhol mas ao fim de semana ia jogar pelo Avion Bayonnais, no lado francês do País Basco.

Aymeric Laporte estreou-se pela equipa principal do Athletic em novembro de 2012, pela mão de Marcelo Bielsa. Foi em novembro de 2012, quando tinha ainda 18 anos, na visita ao Hapoel Shmona, em jogo da Liga Europa. Uma semana e meia depois estreou-se na Liga espanhola, na receção ao Celta de Vigo. Pelo meio participou ainda no desafio europeu com o Sparta Praga. Nesses três jogos o Athletic somou duas vitórias e um empate, sem qualquer golo sofrido.

A partir conquistou a titularidade, estatuto que não perdeu com a troca de Marcelo Bielsa por Ernesto Valverde. Laporte tem, de resto, cimentado a sua influência na equipa, a ponto de despertar o interesse de clubes de outra dimensão, nomeadamente o Barcelona.

Trata-se de um central com uma maturidade nada habitual para quem ainda nem fez 20 anos. Canhoto, joga como central do lado esquerdo, onde assume grande importância na primeira fase de construção de jogo, pela qualidade no passe (curto ou longo). Não surpreende por isso que tenha começado a carreira como avançado, e que aos onze anos tenha recuado para médio, para dois anos depois fixar-se como central.

É um defesa «fino», com classe, que se sente confortável com a bola no pé e que gosta de desarmar os adversários de forma limpa. Tendo em conta este perfil, é fácil perceber os motivos pelos quais o Barcelona o «sinalizou».

Também por ser um jogador de técnica apurada mostra alguma resistência ao jogo aéreo, pese embora os dois golos marcados esta época e a estatura considerável (1,89m). É um aspeto a melhorar, mas que pouco belisca a qualidade deste jovem defesa, internacional sub-21 francês, forte candidato a estrear-se pela seleção principal gaulesa após o Mundial, apesar da forte concorrência de jogadores pouco mais velhos, como Varane, Sakho ou Mangala. 

P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.