P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

Depois de ter garantido a permanência no play-off, o Toulouse parece caminhar para mais um ano de sofrimento na Ligue 1. Está fora da zona de descida, mas soma nove jornadas sem triunfos, e pelo meio foi também eliminado da Taça da Liga.

O técnico Alain Casanova não está a ter vida fácil neste regresso ao Toulouse, mas já «apadrinhou» a estreia de um dos maiores talentos da formação: Hakim El Mokeddem. Um médio ofensivo de apenas 19 anos, que tanto pode jogar no centro como nas alas, mas que parece sobressair a partir da direita. Muito evoluído tecnicamente, sempre com a bola aninhada no pé esquerdo, preferencialmente à procura de movimentos interiores, com uma criatividade desconcertante no drible.

Hakim El Mokeddem está no Toulouse desde 2011, ano em que foi descoberto em Perpignan, já bem perto da fronteira com Espanha. Por essa altura foi procurado também pelo Barcelona, de resto, mas preferiu mudar-se com a família para Toulouse.

Agora com três jogos pela equipa principal, Hakim estreou-se a 15 de setembro, frente ao Mónaco, então ainda orientado por Leonardo Jardim. Por essa altura o treinador do Toulouse deixou elogios ao talento do jogador de apenas 19 anos, mas assumiu erros na gestão da sua carreira.

«Fomos demasiado rápidos a fazer dele um jogador com um grande futuro. Ficou com uma responsabilidade enorme nos ombros, e demos-lhe uma ideia errada do caminho a fazer para atingir um nível elevado», explicou Alain Casanova, que já tinha treinado o Toulouse entre 2008 e 2015.

Ao regressar esta época, o técnico diz ter encontrado um jogador «com um certo rancor ao clube», por não ter recebido a confiança que esperava. «Agora ele sabe lidar com as críticas, apareceu com outro estado de espírito. Também mudou algumas coisas no seu jogo, para tornar-se mais eficaz. Agora vejo um jogador que corre e luta muito, que deixa tudo em campo. É um homem diferente, que estamos a redescobrir. Quero ajudá-lo a atingir o nível mais alto», explicou.

Casanova chamou-lhe «pequeno Robben», mas Hakim El Mokeddem é frequentemente comparado a Ben Arfa. De quem é fã, de resto, a ponto de o ter juntado a Messi e Ronaldo no ataque de uma equipa ideal construída para a revista «Onze Mondial».

Hakim é também um espírito livre. Daqueles jovens rebeldes, destemidos e atrevidos, com um dom que precisa ser devidamente enquadrado, mas que jamais pode ser censurado.

O talento de Hakim El Mokeddem pede treinadores que o saibam valorizar. Mas antes disso será sempre preciso que ele próprio respeite o dom que tem.