Dérbis há muitos, mas poucos são tão esparsos no tempo e opõem rivais tão díspares como o de Hamburgo. Pela primeira vez, Hamburger SV e St. Pauli defrontaram-se no segundo escalão do futebol alemão e o duelo valeu um interessante episódio da série Derby Days.

Para ouvir há resquícios do Superclássico e do triunfo histórico do River Plate sobre o rival Boca Juniors na decisão da Taça Libertadores em Madrid, com a homenagem musical a Marcelo «Muñeco» Gallardo, ídolo dos adeptos Millonarios, antes como craque e agora como treinador campeão.

Para terminar, um regresso à base, com o novo livro de Rui Miguel Tovar, que recorda os 20 maiores goleadores do futebol português.  

Fique com as sugestões para ver, ouvir e ler futebol.

--

VER: «Derby Days – Hamburger SV-St. Pauli»

Género: documentário

Produção: Copa 90

Apresentação: Eli Mengem

País: Alemanha e Reino Unido

Duração: 29 minutos

Não têm faltado dérbis por estes dias. Só no último fim de semana houve duelos tão simbólicos como Superclássico River-Boca, onde no desterro de Madrid se decidiu a Taça Libertadores, ou Revierderby, que colocou frente a frente os grandes rivais do Ruhr: Schalke 04 e Borussia Dortmund.

Se restará pouca contestação ao facto de este último ser o grande dérbi do futebol alemão, a verdade é que se nos cingirmos aos limites de uma cidade – e não a uma região – devemos olhar mais para norte.

Em Hamburgo a dissensão cresceu nos últimos anos com o Fussball-Club Sankt Pauli a fazer peito ao histórico Hamburger Sport Verein.

O HSV campeão europeu em 1982/83 e que até maio do último ano era a única equipa que nunca havia descido do principal escalão do futebol germânico, entrou nos últimos anos em convulsão diretiva e tem visto crescer num dos bairros da cidade portuária um vizinho ruidoso.

A vertente política e social do St. Pauli, porta estandarte da esquerda, com bandeira pirata e estilo punk, tem-lhe granjeado adeptos dentro e fora da Alemanha.

Esta época surgiu o pretexto perfeito para Eli Mengem levar a câmara atrás e mostrar o primeiro duelo no segundo escalão entre os rivais de Hamburgo, que já não se defrontavam há sete anos e meio.

O jogo da 2. Bundesliga teve lugar a 30 de setembro e serviu de mote para um dos melhores episódios da excelente série Derby Days, produzida pela Copa 90, que poderá ver aqui na íntegra.

--

OUVIR: «De la Mano del Muñeco»

Autores: Los Borrachos Del Tablón / Millorocker

Género: cântico / rock

País: Argentina

Duração: 5:15 minutos

Y dale alegría alegría mi corazón,

La Copa Libertadores es mi obsesión, 

Copamos Belo Horizonte y Asunción, 

Bostero vos los mirás por televisión, 

¿QUÉ VAS HACER? 

Si vos no tenes los huevos de River Plate, 

¡Y SI SEÑOR! 

De la mano del Muñeco vamo' a Japón.

A Taça Libertadores é uma obsessão, sobretudo se do lado contrário estiver o eterno rival numa final interminável.

O Superclássico caiu para o River Plate e o grito dos millionarios ecoou desde o Santiago Bernabéu, em Madrid, até Buenos Aires, a 10 mil quilómetros de distância.

Mais do que Pity Martínez ou Juan Quintero, se há herói nesta conquista, ele é Marcelo Gallardo. O craque que havia conquistado a Libertadores em 1996, pelo River, tornou-se num treinador de referência na Argentina e no regresso ao clube levantou a Copa por duas vezes nos últimos quatro anos (2015 e 2018).

Marcelo «Muñeco» Gallardo, treinador do River Plate

Da última campanha gloriosa, de 2015, surgiu um cântico que se alastrou desde as bancadas do Monumental até ao Japão.

O cântico da claque Borrachos del Tablón de homenagem ao Muñeco (Boneco), alcunha de Gallardo, serve também, naturalmente, de provocação aos bosteros – alcunha depreciativa dos adpetos do rival Boca – e por estes dias ganha ainda mais propósito.

Para lá da emoção do estádio, vale a pena também ouvir uma versão rock, interpretada pela banda Millorocker e gravada em dezembro de 2015.

Versão rock:

--

LER: «Fome de Golo»

Autor: Rui Miguel Tovar

Editora: Clube do Autor

Género: Antologia

País: Portugal

Páginas: 283

Peyroteo, Eusébio, Fernando Gomes, Jardel, Cristiano Ronaldo… São só um aperitivo.  A refeição só fica completa com mais três mãos cheias de goleadores.

«Fome de Golo» é o novíssimo livro de Rui Miguel Tovar, que em 300 páginas traz para cima da mesa uma espécie de «Grandiosa Enciclopédia» dos artilheiros do nosso ludopédio.

Há os incontornáveis, como o quinteto acima, mas também escolhas pessoais. «À partida nem sempre a razão supera o coração. E a piada é essa», esclarece o autor, que recorda os «momentos de glória» e repesca «incríveis histórias pessoais» dos seus eleitos como 20 maiores goleadores do futebol português.

A pesquisa aturada e a escrita criativa de Tovar valorizam a antologia lançada no início deste mês pela editora Clube do Autor com o preço de capa de 17 euros.

--

«PLATEIA» é um espaço quinzenal de sugestões culturais sobre futebol do jornalista Sérgio Pires. Pode enviar as suas através do e-mail smpires@mediacapital.pt