* e Henrique Mateus

P - Este grupo da Liga dos Campeões leva-o a regressar a Portugal, e a Alvalade. Como vê o jogo de dia 30 com o Sporting?
R - Gosto. São muitos anos sem jogar em Portugal, foi no Porto da última vez, com o Chelsea, em 2007. Há países e clubes que nestes anos de Champions se repetem, com os quais eu jogo tanta vez! O Ajax é quase sempre, o Schalke, quase sempre. Com as equipas portuguesas não tenho tido essa felicidade. Durante, e depois, será só mais um jogo. Se calhar antes, pelo facto de estar em Portugal, será um bocadinho diferente.

- Acredita na reaproximação do Sporting a Benfica e FC Porto?
- Sem querer entrar num campo onde não domino a informação, a sensação é de que o Sporting está em recuperação de problemas financeiros importantes que teve ao longo dos tempos. E está a fazê-lo de um modo que lhe permite competir como não o fazia nos outros anos. Isso tem um mérito grande. Merece-me todo o respeito essa luta pela estabilidade, ao mesmo tempo que consegue voltar a ser competitivo.

- Nos outros, a situação é diferente...
- O FC Porto, como já disse no outro dia, quando perde não gosta, não aceita, e reage do melhor modo possível. Neste caso, investindo a sério, comprando jogadores importantes, e fazendo um plantel que lhe dá todas as possibilidades de competir, e de ganhar, em Portugal e na Europa. Esta reação é típica dos ganhadores: quando perdem não aceitam. E chapeau para esse tipo de cultura. Sobre o Benfica, como disse no outro dia – e disse-o de um modo um bocadinho implícito, e quando se fala de forma implícita há pessoas de vistas curtas que não atingem e só conseguem interpretar o claramente explícito – quando uma equipa deteta bons talentos e tem a possibilidade, e capacidade ao nível diretivo e administrativo, de conseguir esses talentos e ganhar corridas a potenciais oponentes, é claramente um elogio.

- No caso, as suas palavras referiam-se à contratação de Talisca...
- Agora vou ser mais explícito, para os menos inteligentes perceberem claramente: o Benfica tem uma boa estrutura de observação com gente que eu conheço bem, tem um presidente que, chapeau, tem a capacidade de dar ao seu treinador a possibilidade de ter bons plantéis e bons jogadores. Não gostei de um colega de profissão ter duvidado das minhas palavras que, para além disso, foram comentários positivos. Mas fico contente por perceber que ele lê Alexandre Dumas. Ao contrário de mim que, sinceramente, com a vida que tenho, e por estar a trabalhar fora de Portugal há tanto tempo, limito-me a ler quando posso a gramática portuguesa, que é para um dia não me acusarem de andar aos pontapés com ela.

- Está a referir-se à declaração de Jorge Jesus, sobre as equipas inglesas conhecerem Talisca como ele conhece D’Artagnan…
- Parece-me que ele é íntimo de D’Artagnan, anda a ler Alexandre Dumas. E admiro-o por isso. Eu limito-me à minha identidade, não leio Dumas. Tenho uma vida diferente, procuro educar-me para exatamente um dia não ser acusado de andar aos pontapés, a agredir a pobre da gramática.

- Jesus menosprezou o trabalho de observação das equipas inglesas?
- Se calhar as pessoas merecem um bocadinho mais de objetividade nas minhas declarações. O Chelsea seguia, desde 2012, dois jogadores: o Talisca e o Mario Pasalic, que neste momento está emprestado ao Elche. Como nós, o Benfica e de certeza muitos outros, porque neste momento no futebol não há segredos. O Benfica tem pelo menos um observador de grande capacidade, que eu conheço bem – e terá mais. E depois tem uma direção que conseguiu contratar um excelente jogador. Ótimo para o Benfica, para o futebol português e para o rapaz, que foi para um clube gigante e uma cidade fantástica. Para mim, nenhum tipo de problema, simplesmente não gostei que um colega de profissão duvidasse das minhas palavras. Mas tudo bem: que seja feliz e que tenha muita sorte.