Aí estamos nós, felizes e orgulhosos, no top 4 europeu. Ambiciosa e conscientemente podemos aspirar a mais e pensar que estamos perante uma situação invejável e privilegiada para... tudo.

Escrevi conscientemente no pré-europeu que França e Holanda eram as selecções que me pareciam mais aptas. Assim, até porque a minha opinião sobre a França tem ficado mais sólida a cada jogo, que venha a Espanha! Mas sobre a meia-final falaremos depois. Agora é tempo de disfrutar e devorar com atenção o França-Espanha. E, já agora, Camacho e Lemerre que tenham pesadelos.

Não sou bruxo, mas...

«Quem melhor controlar as suas emoções, mais possibilidades terá de ganhar», assim terminei a minha última reflexão neste jornal. Assim começou a Turquia por perder. Expulsão de um jogador turco, 11 contra 10, marcar e depois ganhar jogando melhor e explorando bem a superioridade numérica.

Sou um bravo defensor do talento no futebol, mas também um feroz crítico da improvisação e desorganização. Os talentos são a essência, a estética, a magia. A falta de cultura táctica e estudo detalhado revelam incompetência e reduzem assustadoramente os índices de competitividade que fazem do futebol um mundo emocional.

Futebol é, para mim, uma relação íntima e apaixonada entre criatividade e disciplina, entre o talento individual e o colectivo. Não divago. Simplesmente discordo daqueles que lírica e surrealisticamente esquecem neste Europeu a limitadíssima condição física e táctica de algumas selecções e que produzem os seguintes resultados: enorme distância entre as linhas; perda de solidez e homogeneidade; falta de poder para as recuperações posicionais pós-perda da posse de bola; incapacidade físico-táctica para exercer «pressing» na primeira fase de construção do adversário.

Assim, convém lembrar que a uma debilidade está sempre associada uma facilidade.

Andamos distraídos

Com o Europeu a concentrar, por razões óbvias, as atenções dos portugueses futeboleiros, andamos todos distraídos. E distraídos até ao ponto de não nos questionarmos sobre o que se vai passando no reino do leão. Não convém esquecer o nosso campeão e representante na milionária Liga dos Campeões.

Os senhores Manolo Vidal e José Manuel Torcato demitiram-se; o professor Fidalgo Antunes fugiu para Faro; o meu querido amigo dr. Fernando Ferreira é chutado para canto; começa a falar-se das saídas do adjunto Pedro Venâncio e do preparador de guarda-redes De Lucia. Simultaneamente, responsáveis importantes do clube «voam» para os Estados Unidos e para o Brasil, em trabalho, em férias ou porque...

Pergunto, um pouco sinistramente: que se passa no Sporting? Porquê?