O FC Porto chegou ao final da tarde desta terça-feira a Sevilha e à sua espera tinha um batalhão de jornalistas e… um adepto português.

Daniel Fernandes aguardava com os dois filhos, sentados num carrinho de bebé, devidamente identificado com um cachecol dos dragões.

Dadas as restrições impostas pela pandemia, que proíbem a passagem na fronteira terrestre entre Portugal e Espanha, exceto por motivos de trabalho, coube a este português o papel de singular representante dos muitos portistas que não puderam estar na capital andaluz para apoiar a equipa nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, frente ao Chelsea.

«Casei com uma espanhola, vivo aqui desde 2014 e assim que soube que o FC Porto vinha cá jogar tratei de saber onde era o hotel para ver os jogadores. Está um tempo quase de verão agradável e vim dar um passeio com os miúdos», começa por dizer ao Maisfutebol este engenheiro de formação natural da vila de Pontével, no Cartaxo, que em criança até começou em miúdo por ser do rival:

«Sou ribatejano e era benfiquista, como toda a minha família, porque em pequeno só conhecia o Benfica. Mas quando entrei para a escola, comecei a ler e percebi que havia outras equipas, apaixonei-me pelo azul e branco. Foi na altura do Futre, que era uma máquina, no ano em que fomos campeões europeus [1987].»

O pequeno Pablo, de um ano e oito meses, e a irmã Sofia, de quatro anos e meio, mostravam-se animados com a movimentação junto à porta do hotel, em La Cartuja, o mesmo em que o FC Porto ficou instalado aquando da conquista da Taça UEFA, em 2003. E até posaram para uma fotografia junto do presidente Pinto da Costa.

Portistas como o pai? Para já, béticos.

«Os miúdos são do Betis, por causa da família da minha mulher, e espero que sejam do FC Porto também», responde o Daniel, que para o jogo desta quarta-feira no Sánchez Pizjuán, estádio do Sevilha – que receberá as duas mãos da eliminatória – já tem prognóstico: «1-0. Queremos ganhar sem sofrer golos. Aquelas bancadas em vermelho é que não me convencem…»

À chegada da comitiva portista ao hotel Pepe foi o único dos 25 jogadores a furar o protocolo para receber das mãos de um conhecido de Sevilha, desde os tempos do Real Madrid, um quadro com a pintura do próprio central vestido à FC Porto.

«Ofereci-lhe o quadro e pedi-lhe uma camisola sua», contou ao Maisfutebol Aurélio García, cujo filho, Jesús, também veio à caça de camisolas e com um cartaz dedicado a Sérgio Oliveira.

O médio portista, por castigo, tal como Taremi, vai falhar a primeira mão e não fez parte dos convocados.

«Estava com muita vontade de o ver», desabafava Jesús. Há que aguardar pela segunda mão.