Robert Pires tem ligações familiares e afectivas a Portugal. E o internacional francês, agora no Villarreal, parece continuar a alimentar a expectativa de rumar um dia ao futebol nacional, para alimentar o Benfica. É pelo menos isso que diz, citado numa entrevista ao jornal francês «Aujourdhui Sport».
Pires no Benfica, para quando? É a primeira questão da entrevista, à qual o jogador responde sem hesitar, bem disposto: «Quando eles quiserem!»
«Acabo de prolongar por um ano com o Villarreal, mas se em 2010 o Benfica me quiser¿ por que não? O Rui Costa sabe onde fica Villarreal», prossegue depois o veterano jogador, actualmente com 35 anos.
É precisamente de idade e de capacidade física que Pires fala a seguir: «Sinto-me bem fisicamente. Esta época joguei praticamente 20 jogos e chegámos longe na Liga dos Campeões. Aqui, como em Portugal, não se olha à idade, mas às performances. Aos 35 anos, mudamos a nossa maneira de jogar e apoias-te em características que não tinhas quando eras mais jovem.»
Voltando ao Benfica, Pires fala de uma ligação familiar ao clube: «O Benfica é uma lenda do futebol português. Apesar de a equipa atravessar um período difícil no plano desportivo e financeiro, continua a ser um grande nome, uma bela referência. E depois, é o clube do meu pai! Por isso, é o único clube português onde eu podia jogar. E é verdade que ainda penso no Benfica...»
Toda a conversa mostra um Robert Pires com humor. «Vou sempre a Portugal de férias, a casa do meu pai, ao pé de Ponte de Lima, se não vou o meu pai deserda-me!», diz, a propósito dos seus laços a Portugal. Mais a sério, fala da sua opção pela selecção francesa e como ela foi difícil em alguns momentos para o seu pai. Sobretudo no Euro 2000.
«Foi um pouco complicado para a minha família. Sobretudo no Euro 2000, quando a França eliminou Portugal nas meias-finais. O coração estava dividido. O meu pai torcia por Portugal, o que é normal. Mas a minha vitória na final compensou a decepção», conta, antes de mais uma ironia, agora a propósito de Raymond Domenech, o actual seleccionador francês, com quem tem um diferendo que o afastou dos «Bleus». «Quando o meu amigo Raymond me chamou às selecções jovens, aceitei porque cresci e fui formado em França.»
A concluir, Pires dá a sua opinião sobre o propalado interesse do Benfica em continuar a explorar o mercado francês, depois de esta época já ter contratado Yebda: «Fazem bem. Hoje, a França apoia-se num sistema de formação sem par e reconhecido a nível europeu.»