O jogo começou com a máquina de calcular apontada para vários campos. Mas ao intervalo, Portugal já sabia que apenas dependia de si próprio para se apurar para o play-off de qualificação do Europeu de Sub-21.

O empate a uma bola no final dos 45 minutos não interessava às cores nacionais, e pelo que se tinha assistido no primeiro tempo, a turma de Rui Jorge tinha argumentos suficientes para dar a volta a e vencer, como lhe competia.

Foi o que veio a acontecer, e por 4-2, graças a uma segunda parte emocionante, para gáudio dos mais de 8 mil adeptos que quase lotaram os Barreiros. A calculadora, terá pedido o selecionador, tinha de ficar nas cabines!

Mas vamos ao jogo. Entrada de rompante de ambas as equipas, com a Bósnia a criar perigo primeiro, por Demirovic, num lance em que Joel Pereira facilitou, e pouco depois por Diogo Jota, numa resposta coletiva em que o avançado do Wolverhampton cabeceou por cima.

FICHA DE JOGO DOS SUB21: 4-1

Estava dado o mote para um bom jogo vivo e com emoção para todos os gostos. Nesta fase inicial da partida, o jogo apresentou-se algo partido, com bósnios e lusos a conseguir chegar aos redutos contrários com alguma facilidade.

Durou apenas 15 minutos, uma vez que os pupilos de Rui Jorge foram assentando o seu jogo de circulação de bola rente à relva. Era o melhor remédio contra o futebol direto que os comandados de Vinko Marinovic pretendiam colocar em campo para surpreender o combinado luso.

Portugal começou a ameaçar a sério e João Félix, aos 11’, cabeceou sozinho em plena zona frontal da grande área de Trkulja

Mas o controlo das operações que começava a intensificar-se acabou ganhar expressão no marcador desde o meio da rua. Aos 20’, André Horta recebeu o esférico, sem marcação e ainda distante da baliza bósnia, sem grandes demoras ajeitou para rematar forte, colocado e rasteiro para esticar as redes à guarda de Trkulja.

Mais confortável no jogo, a equipa das Quinas continuou a dominar as operações sem permitir reações de relevo ao combinado dos Balcãs. André Horta, sempre muito interventivo, esteve perto de ‘bisar’ pouco depois da meia hora, mas coube a João Filipe desperdiçar as melhores ocasiões para dilatar a vantagem, aos 38’ e 40’.

A ineficácia portuguesa acabou por ser castigada aos 44’. Tudo parecia estar sob controlo, mas um erro defensivo originou um desequilíbrio que Demirovic não perdoou ao ficar no ‘cara a cara’ de Joel Pereira. Balde de água fria, mesmo em cima do regresso às cabines...

O reatamento trouxe as mesmas equipas, mas por pouco tempo. Diogo Dalot, que assinou uma excelente primeira parte, foi obrigado a abandonar o jogo os 49’, devido a queixas físicas, tendo Rui Jorge lançado Diogo Gonçalves.

Os primeiros minutos do segundo tempo revelaram-se algo semelhantes à etapa inicial da partida, com ambas as equipas a aproximarem-se das balizas adversárias com relativa facilidade, mas sem mostrar capacidade para definir.

Mas foi mais uma vez Portugal a assumir as despesas do jogo, e o esforço acabou por ser compensado aos 53’ com o 2-1. Num lance algo caricato, o remate de Diogo Jota bate num adversário, a bola sobe muito, em arco, e vai embater no poste da baliza bósnia, sendo devolvida para o terreno de jogo com o guarda-redes fora do lance (caiu para dentro da baliza). Na recarga, aparece João Félix, que de pé direito não perdoou.

A Bósnia procurou reagir à desvantagem, desta feita com maior empenho de todas as suas linhas comparativamente ao que fez no 1-0, mas a formação das Quinas revelou sempre muita atenção e espírito de coletivo.

Mas o futebol também é feito de individualismos. E o momento protagonizado por Diogo Gonçalves, aos 64’, é digno de figurar entre os melhores da campanha: o extremo controlou a bola ainda perto da lateral, ultrapassou pelo menos cinco adversários, ainda se «desviou» de João Filipe e, já em plena área, rematou rasteiro, de pé esquerdo, deixando Trkulja sem reação.

A Bósnia não atirou a toalha ao chão, mas ao subir as linhas ainda mais na tentativa de reentrar na discussão do resultado, abriu espaços para as transições rápidas portuguesas. Foram algumas, mas só aos 90+1’, Heriberto conseguiu chegar ao quarto, embora tenham ficado dúvidas se o golo não devia ter sido atribuído a João Filipe. A UEFA entendeu que não.

Ao cair do pano, a Bósnia ainda reduziu, por Turkes, aos 90+4’, num lance em Joel Pereira sai mal e choca com um companheiro. Mas já era tarde para ameaçar a festa do apuramento luso para o play-off.