Inglório. A Seleção Nacional de sub-19 fez uma boa exibição frente à Itália, mesmo depois de ter ficado reduzida a dez antes dos primeiros dez minutos do jogo, mas acabou por perder. Apesar do resultado negativo, continua tudo em aberto na luta por uma vaga nas meias-finais do Campeonato da Europa ou, no pior dos casos, na luta por um lugar no play-off de qualificação para o Mundial de Sub-20. Na retina deste jogo, além da exibição positiva em termos coletivos, fica mais um golo feliz de Miguel Luís e um golaço, pleno de intenção, de Domingos Quina. Nas contas do grupo, fica tudo adiado para domingo, dia em que Portugal defronta a seleção anfitriã desta fase final, a Finlândia.

Confira a FICHA DO JOGO

Hélio Sousa manteve exatamente o mesmo onze que tinha vencido a Noruega, ao contrário do homólogo italiano que promoveu seis alterações, ficando a ideia que poupou alguns jogadores frente à Finlândia para apresentar-se na máxima força esta quinta-feira. Mas a verdade é que Portugal entrou bem no jogo, a troca bem a bola e a progredir no terreno, diante de uma Itália que pressionava pouco e preferia deixar jogar e defender mais perto da sua baliza. Os primeiros minutos transpareciam um Portugal autoritário que estava claramente por cima do jogo.

Mas essa ilusão desfez-se num ápice, numa transição rápida da Itália. O possante Kean destacou-se na zona frontal e foi derrubado por Diogo Queirós mesmo à entrada da área. O árbitro não teve dúvidas e mostrou de imediato o vermelho ao central do FC Porto. Brignola, na marcação do livre, atirou colocado, mas por cima, mas a partir daqui o jogo seria diferente. Hélio Sousa foi rápido a reagir, reconstruindo a defesa com a entrada de David Carmo, prescindindo de João Filipe na frente de ataque. No entanto, a equipa demorou a assimilar a mudança e teve de recuar para travar os italianos.

Foi uma questão de minutos para Portugal voltar a reequilibrar-se em duas linhas bem definidas de quatro jogadores, voltando a assumir, a espaços, a condução do jogo. Foi neste período que Francisco Trincão, a grande figura na vitória sobre a Noruega (3-1), apareceu, com rápidas combinações, primeiro com José Gomes, depois com Domingos Quina. Mas a Itália continuava a ameaçar com transições rápidas e voltou a estar muito perto do golo, na marcação de um livre, com Kean a voltar a destacar-se para desviar a bola de Diogo Costa. A bola encaminhava-se para as redes vazias, mas Romain Correia cortou sobre a linha de golo.

Logo a seguir a primeira pausa para os jogadores refrescarem-se, face às elevadas temperaturas, a rondar os trinta graus, que se fazem sentir na Finlândia. Nesta altura, Portugal já estava equilibrado, com Florentino na contenção e Quina na construção, e voltava a impor respeito à Itália que arriscava pouco no ataque, apesar de também defender bem.

A segunda parte seria bem diferente, até porque a Itália chegou ao golo cedo. Grande passe de Frattesi a colocar a bola nas costas de Thierry Correia, para a entrada rápida de Capone que bateu Diogo Costa com um remate cruzado. Ficava tudo mais difícil para Portugal que, agora, além da desvantagem em campo, tinha também uma desvantagem no marcador para anular. Mais difícil porque a Itália também mudou, desde logo, o seu estilo de jogo, procurando agora controlar com mais posse de bola, desgastando ainda mais os rapazes de Hélio de Sousa.

Miguel Luís voltou a ser feliz

Apesar de tudo, Portugal nunca baixou os braços e acabou por chegar ao empate, quinze minutos volvidos, com mais um golo feliz de Miguel Luís que já tinha marcado à Noruega num cruzamento direto. Thierry Correia cruzou da direita para o segundo poste onde surgiu Miguel Luís a cabecear de cima para baixo. A bola ainda bateu em Bellanova e enganou Plizzari. O empate voltava a colocar Portugal em posição privilegiada e os jogadores até chegaram a acreditar na reviravolta, com dois cantos consecutivos.

Mas a Itália voltou a mostrar-se fria e determinada nas transições rápidas e acabou por recuperar a vantagem. Bellanova, com muito espaço sobre a direita, cruzou largo para o coração da área onde surgiu Scamacca a antecipar-se a Romain Correia para bater Diogo Costa com uma boa cabeçada. Desta vez não houve tempo para a reação portuguesa até porque foi a Itália que voltou a marcar, aos 84 minutos. Remate forte de Frattesi [boa exibição do médio que joga no Sassuolo], na zona frontal, com a bola a sofrer um desvio nas costas de Romain Correia e a fugir do alcance de Diogo Costa.

Golaço de Domingos Quina

Com pouco mais de cinco minutos para o final, parecia estar tudo decidido, até porque Portugal começava a acusar o desgaste de ter jogado praticamente todo o jogo com dez, mas Domingos Quina ainda elevou o moral com o melhor golo do jogo a um minuto do final do tempo regulamentar. Espetacular remate a levar a bola ao ângulo. Portugal ainda acreditou no empate, mas a Itália fechou-se muito bem nos escassos minutos que faltavam para o final.

Recapitulando as contas do Grupo A, a Itália, com seis pontos, está já com um pé nas meias-finais [já assegurou pelo menos o play-off para o Mundial], enquanto Portugal divide o segundo lugar com a Noruega, ambos com três pontos, à frente da Finlândia, ainda sem pontos. A equipa de Hélio Sousa precisa, assim, de fazer melhor do que a Noruega, no próximo domingo, para chegar às meias-finais deste Europeu.