Kostas Katsouranis falou com o Maisfutebol sobre o treinador que assume agora a seleção portuguesa. Falou do Fernando Santos atual, mais experiente do que aquele que o treinou no Benfica. «Está mais experiente, o que é normal. Um treinador como ele todos os anos procura ser melhor, procura coisas novas para trabalhar», diz.
«É um bom treinador, de quem os jogadores gostam. É um bom treinador, uma boa escolha», atira, contando que a notícia da escolha de Fernando Santos teve impacto na Grécia, onde o treinador português é lembrado pelo trabalho que fez à frente da equipa durante quatro anos, ele que teve a difícil tarefa de suceder ao campeão europeu Otto Rehhagel.
Um ciclo que acabou em Recife, na eliminação nos oitavos de final no Mundial 2014 perante a Costa Rica, quando o treinador já tinha decidido deixar a seleção. «Todos os jogadores estavam muito felizes com ele», diz, recordando os principais marcos desses quatro anos: «Tivemos um excelente período na seleção com o Fernando Santos. Passámos a fase de grupos tanto no Euro 2012 como no Mundial 2014.»
«É uma pessoa sensata, conhece a mentalidade dos jogadores portugueses. Acho que vai ter sucesso com a seleção nacional, que tem bons jogadores», prossegue, para depois evitar entrar no campo mais concreto do perfil de Fernando Santos para uma equipa que se diz precisar de ser renovada: «Isso é com ele e com os portugueses. Portugal tem bons jogadores.»
Quando se pede para dizer aquela que vê como a principal qualidade de Fernando Santos, Katsouranis escolhe esta: «A coisa que mais destaco é o timing de análise ao jogo. Lê sempre muito bem o jogo. Sabe mexer na equipa no banco, de acordo com o que o jogo está a pedir.»
Ora, precisamente, isto entra na principal questão em torno da escolha de Fernando Santos. O treinador foi castigado por oito jogos pela FIFA, pela expulsão no final do jogo dos oitavos do Mundial 2014 com a Costa Rica. À espera de perceber se haverá redução da suspensão, parece seguro que Santos não poderá estar nos jogos pelo menos em parte da campanha de qualificação para o Euro 2016 e que terá de ser adotada uma solução provisória. Nesta altura, as indicações apontam para que essa solução seja a presença no banco de Ilídio Vale, até agora coordenador técnico da formação e que trabalhou com Fernando Santos no FC Porto
«Pois. É um problema para o treinador e para a Federação portuguesa», diz Katsouranis, para não esperar por uma pergunta antes do comentário seguinte.
«O castigo que lhe aplicaram não é normal. Ele não fez nada. Só perguntou ao árbitro: porquê?», indigna-se: «Eu estava lá.»
Katsouranis tinha entrado aos 78 minutos e estava em campo no momento que deu origem ao castigo do treinador. Foi no final do prolongamento, depois de Fernando Santos questionar o árbitro por estar a mandar sair a equipa da Grécia. Passados quase três meses, Katsouranis ainda tem esta reação de perplexidade perante a dimensão do castigo.
Apesar da longa ligação desportiva a Fernando Santos, Katsouranis não tem uma relação pessoal próxima com o técnico português. Não quer dizer que Santos seja particularmente distante dos jogadores, defende o médio, mas treinador é treinador. «Não é suposto um treinador falar muito com os jogadores. Não é possível o treinador ser amigo dos jogadores. Acho que a atitude dele em relação aos jogadores é na medida correta.»
Katsouranis não está a planear, por isso, falar pessoalmente com Fernando Santos sobre o novo desafio do treinador. Mas deixa-lhe uma mensagem: «É uma honra para ele. Desejo-lhe o melhor, para ele e para a seleção portuguesa.Gosto de Portugal, desejo-lhes o melhor.»