*por David Marques

A seleção nacional de sub-19 entrou esta segunda-feira em estágio para o Europeu que decorre na Hungria entre 19 e 31 de julho. Depois de um terceiro lugar alcançado em 2013, onde a equipa então orientada por Emílio Peixe caiu no desempate por penáltis diante da futura campeão Sérvia, os jogadores sonham agora com algo mais numa prova em que, por tradição, Portugal atinge bons resultados. Hélio Sousa começou a trabalhar com 20 jogadores , uma lista que irá reduzir para 18 no final do estágio e que integra alguns jogadores que já começam a gerar expectativas. A começar por Rony Lopes, o jovem criativo que cresceu no Manchester City, numa seleção que integra ainda cinco dos juniores do Benfica que chegaram à final da Youth League esta época.

A equipa das quinas é a quinta seleção com mais vitórias na categoria, atrás da União Soviética (6), França (7), Espanha e Inglaterra, ambas com nove. Venceu em 1961, 1994 e em 1999, tendo sido finalista vencida em seis ocasiões, números que a transportam para o terceiro lugar da lista em número de finais jogadas (nove a par de França).

Para o guarda-redes Tiago Sá, o histórico português nesta competição não pesa na mente dos jogadores. «É um fator de motivação. Se já tivemos tantas vitórias, penso que somos mais respeitados pelas outras equipas, que olham para nós de outra maneira?, explica o jogador do SC Braga, clube onde se sagrou campeão nacional de juniores na última temporada.

Adversários com pouca história. Hungria preocupa

O sorteio realizado a 19 de junho ditou que Portugal terá pela frente as seleções de Israel, Áustria e Hungria na fase de grupos. Se Israel é uma estreia na prova, a Áustria apura-se pela primeira vez desde 2010. Já a anfitriã Hungria chega ao Europeu depois de um hiato iniciado em 2008. Tomás Podstawski, capitão da seleção e jogador mais experiente do grupo, com 65 internacionalizações desde os sub-16, considera que os três conjuntos podem criar problemas a Portugal. «É verdade que no nosso grupo estão seleções que as pessoas não estão muito habituadas a ver, mas são equipas que apresentaram uma boa qualidade de jogo, caso contrário não tinham chegado até aqui», explica o médio do FC Porto, que marca presença no segundo Europeu de sub-19. 

Da esquerda para a direita: Tiago Podstawski, Marcos (Rony) Lopes e Tiago Sá

A jogar em casa, a Hungria é a formação que mais preocupa. Tiago Sá concorda que esse fator poderá constituir uma motivação extra, mas destaca outros pontos fortes da seleção magiar. «Penso que é a equipa mais forte. Defrontámo-la no Torneio da Hungria [em outubro do ano passado] e tem jogadores que são fortes fisicamente e que se batem até ao fim. Quando jogaram connosco, acreditaram até ao fim que podiam empatar e conseguiram-no já perto do fim. Estávamos a ganhar 3-1, mas agora tem de ser diferente», diz guardião, que foi o único totalista português na fase de apuramento. Para Tomás Podstawski, o grupo de jogadores está mais maduro e, por isso, acredita que a situação não voltará a repetir-se. «Estamos mais capazes do que há dez meses. Crescemos, estamos mais confiantes e agora conseguimos aguentar até ao fim», diz, lembrando que, também no ano passado, Portugal esteve em vantagem até aos 85 minutos diante da Sérvia, na meia-final do Europeu.

Bom resultado com Israel é fundamental

Portugal entra pela primeira vez em campo a 19 de julho, diante de Israel que, a par de Portugal e Alemanha, teve um percurso 100 por cento vitorioso na ronda de elite. «O primeiro jogo é muito importante a nível motivacional e de pontuação. E também para que as outras equipas tenham mais respeito por nós», diz Tomás Podstawski. O jogador do FC Porto, a par de Benfica o clube mais representado na convocatória de Hélio Sousa, com cinco atletas, mostra-se prudente quanto às probabilidades de repetir um feito que escapa a Portugal há 15 anos. «Claro que queremos ser campeões da Europa, mas é muito ambicioso dizer que vamos à Hungria para sermos campeões. Temos de pensar jogo a jogo. O primeiro objetivo é apurarmo-nos para o Mundial de 2015 na Nova Zelândia.»

A figura

Fez parte da formação no Benfica e em 2011, com 15 anos, rumou ao Manchester City. Rony Lopes faz um balanço positivo da aventura em terras de Sua Majestade. «O primeiro ano foi difícil. Não falava a língua, o estilo do futebol era diferente, bem como os costumes e a comida. Mas o meu objetivo era jogar futebol e tudo foi melhorando. Não me arrependo da decisão que tomei e já consegui fazer alguns jogos pela equipa principal. Até agora, tem dado tudo certo», recorda o médio criativo, que diz ter desfrutado de jogadores como David Silva, Yaya Touré e Kun Aguero. «São jogadores de topo e jogar e treinar com eles é óptimo. É uma oportunidade para evoluir e aprender cada vez mais. Se me dão conselhos? Eles não precisam de falar. Dão conselhos a jogar.»

No próximo ano, Rony Lopes vai rumar ao Lille por empréstimo do campeão inglês. Uma mudança que o jogador vê com bons olhos, até porque, reconhece, teria um espaço limitado no Manchester City naquele que será o seu primeiro ano como profissional.

Sobre o Europeu da Hungria, o melhor marcador dos sub-19, com 12 golos, confessa-se optimista em melhorar o desempenho de 2013. «Vamos pensar jogo a jogo e depois vamos ver onde chegamos. Seria um sonho ganhar o Europeu.»

Portugal parte para a Hungria a 16 de julho. Todos os jogos da seleção orientada por Hélio Sousa vão ser disputados em Felcsut, vila situada a 45 quilómetros de Budapeste onde, a 31 de julho, será jogada a final. 


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Data e hora dos jogos de Portugal

Portugal – Israel: 19 de julho, às 19h15
Hungria – Portugal: 22 de julho, às 19h30
Áustria – Portugal: 25 de julho, às 17h00 

Recorde a lista de convocados

BENFICA: João Nunes, Nuno Santos, Raphael Guzzo, Rebocho e Romário Baldé.
FC PORTO: André Silva, Francisco Ramos, Ivo Rodrigues, Rafa e Tomás Podstawski.
RIBEIRÃO: André Moreira.
MANCHESTER CITY: Jorge Intima
LILLE: «Rony» Marcos Lopes.
MONTPELLIER: Jordan Machado.
RIO AVE: Nélson Monte.
SP. BRAGA:Tiago Sá.
SPORTING: Domingos Duarte; Gelson Martins, João Palhinha e Mauro Riquicho.  

Números

Rony Lopes é o melhor marcador dos sub-19 que vão marcar presença no Europeu: tem 12 golos em 20 internacionalizações, mais um do que André Silva;
Com 65 internacionalizações, Tomás Podstawski é o jogador mais experiente dos 20 de Hélio Sousa. É também o jogador com mais jogos pelos sub-19 (32);
Rafa, Rebocho, Rony Lopes e Tomás Podstawski são os únicos repetentes do último Europeu da categoria, disputado em 2013 Lituânia;
FC Porto e Benfica (com cinco jogadores) são os clubes mais representados. O Sporting tem quatro jogadores;
18: número de jogadores que Hélio Sousa leva para a Hungria.