Os factos são simples de analisar: goleada do FC Porto, melhor resultado de sempre na Liga dos Campeões e primeiro hat-trick da carreira de Brahimi. Estreia de sonho na fase de grupos para Lopetegui, o treinador. Foi uma noite que se aproximou da perfeição.

Sempre que acontecem jogos assim desequilibrados, a dificuldade é descobrir exatamente onde está a realidade.

Partir deste 6-0 para tentar antecipar o que poderá o FC Porto fazer na Liga dos Campeões parece-me um erro. O BATE não deixa de ser uma equipa sem história na Champions, proveniente de um país sem dimensão, o que aconselha prudente entusiasmo. Isto não é uma tentativa de retirar mérito ao que Lopetegui conseguiu na quarta-feira à noite. É apenas colocar as coisas em perspectiva. O que o clube português conseguirá na Champions dependerá do que for capaz de fazer em outras noites, com outro tipo de adversário. Não com o BATE

Na prática, o FC Porto fez o que lhe competia (ganhar ao BATE) e acrescentou brilho e golos. Mas só isso, por enquanto. A passagem aos oitavos de final ficou apenas ligeiramente menos complexa, até porque os outros adversários empataram, mantendo-se por isso bem vivos na conversa.

Já sobre Brahimi não existem dúvidas, pelo menos para mim: o argelino e Nani são as duas melhores contratações do futebol português, esta época. Os golos que o portista tem conseguido só ajudam a sublinhar a qualidade que possui. Ainda não assinou um jogo mau. Com o BATE rematou quatro vezes: todas foram à baliza, três entraram.

Rápido, imprevisível, alia enorme qualidade técnica a um sentido coletivo que por vezes escapa a quem tem muito talento. Quando tem a bola, o defesa nunca sabe para que lado vai sair. Se o leitor fosse treinador em Portugal, acredito que o argelino estaria no topo da sua lista de compras, certo? Isso diz quase tudo sobre a excelência do jogador portista.