Há uma coisa que os adeptos dos três grandes partilham, pelo menos esta terça-feira: um enorme suspiro de alívio. O mercado terminou e a boa notícia para todos eles é que, no essencial, não houve mercado.

O risco era enorme, em todas as casas. O Benfica temia perder Enzo Pérez, o melhor jogador da Liga portuguesa 2013/14. O Sporting desejava manter dois jogadores que estiveram no último Mundial, William e Slimani. No FC Porto a ideia era não deixar escapar o goleador da Liga, o melhor ponta-de-lança a atuar em Portugal, Jackson Martinez.

Uma vez que todos eles ficaram, o balanço do último dia de mercado só pode ser positivo.

O facto não tem discussão: os grandes clubes portugueses conseguiram resistir a todas as propostas. O futuro dir-nos-á se resistir foi a melhor opção e os relatórios e contas exibirão o impacto financeiro da decisão.

O último dia foi ocupado a retocar plantéis e a tentar resolver problemas. Como sempre, nem tudo ficou perfeito, mas a olho desarmado não se detetam graves lacunas.

O Benfica perdeu apenas um jogador nuclear: Garay. Depois de muitas horas de conversa, esse é o dano mais grave. Isso e as lesões de Fejsa e Rúben Amorim. O facto de terem chegado Samaris e Cristante e o passado de Jorge Jesus servirão para tranquilizar os benfiquistas. É verdade que saíram Rodrigo e Cardozo e parece que «só» ficou Lima na frente. Mas há muita gente para aquele lugar, com diferentes características (Bebé, Derley, Jara e Nélson Oliveira, além de Rui Fonte e talvez até Talisca), caberá ao treinador trabalhar

O Sporting talvez precisasse de um grande defesa central, mas Marco Silva terá de viver assim. Sarr tem sido testado e não se pode dizer que os sinais sejam maus. E depois tem Nani, a grande notícia do mercado.

No FC Porto chegaram mais dois médios, um brasileiro e um espanhol. Ambos jovens. O maior problema foi a lesão de Oliver Torres. De resto, as derradeiras contratações acentuam a ideia que já existia: a equipa parte de uma folha em branco. Para já, Lopetegui já desenhou um esboço competente.

Tudo somado, fico com a sensação que todos os clubes grandes voltaram a comprar de mais. O leitor sabe como é: o almoço estava bom, não precisávamos nada daquele pudim à sobremesa. Mas não conseguimos resistir-lhe. Tem sido assim todos os anos. Chegam jogadores sem história, saem uns milhares e uns milhões de euros, e no ano seguinte muitos dos que chegaram vão embora. Para que outros entrem.

NOTA: duas operações sem sentido. O Benfica foi buscar Candeias, de 26 anos, para o emprestar ao Nuremberga (II Liga alemã). O FC Porto contratou Sami (25 anos), para o ceder ao Sp. Braga. Alguém explica?