«Reforço do ano». A manchete do «Record» sobre o regresso de Nani a Alvalade será mais a tradução do sentimento dos adeptos do Sporting do que um facto (só saberemos que foi o melhor reforço lá para o final da Liga, em Maio). Mas percebo a ideia e partilho o entusiasmo: apesar de este ano terem chegado jogadores de Real Madrid, Barcelona e Atlético Madrid, o retorno do filho pródigo é a história deste defeso. Mesmo se um pouco antes tinha acabado de aterrar em Lisboa o guarda-redes da seleção do Brasil.

Ter Nani em Alvalade é uma fantástica notícia, seja qual for o ponto de vista.

No plano imediato, Nani seguramente levará mais gente a Alvalade e ajudará a vender camisolas. Apaga o efeito depressivo do empate na jornada inicial e, provavelmente mais importante do que isto,
acrescenta evidente valor desportivo.

Como tinha escrito há dias ( ler o texto aqui), o Sporting, como qualquer equipa, só poderia crescer de duas formas. A contratação de Nani acrescenta valor no ataque. Antes de tudo o resto, o internacional português é um desequilibrador. E é precisamente isso que os leões não têm. Com Nani, Marco Silva pode deixar de olhar com tanta inveja para as soluções de ataque dos rivais. Sálvio e Gaitán no Benfica. Quaresma, Brahimi e Tello no FC Porto. Agora também ele tem uma referência nas alas, embora lhe desse jeito um pouco mais de Carrillo e Carlos Mané (de Capel não acredito que seja legítimo esperar algo diferente do que ofereceu nas últimas épocas).

No entanto, a euforia em redor da chegada de Nani não permite que se esqueçam dois aspetos.

1. Tal como no caso de regresso de Quaresma, é legítimo ter dúvidas. Nas últimas três épocas, Nani fez apenas 41 jogos na Premier League e nas duas últimas épocas marcou um único golo. Aliás, desde 2012 só conseguiu convencer um treinador: Paulo Bento. Claro que o nível do futebol português é inferior ao inglês e a concorrência em Alvalade evidentemente mais simples de lidar do que a de Old Trafford. Nenhum dúvida sobre a qualidade de Nani. Apenas alguma reserva, que terá de ser considerada natural face aos números, quanto à regularidade de que será capaz.

2. A chegada de Nani coincide com a partida de Rojo. Também para Inglaterra, onde já está Dier. Ou seja, o Sporting precisa de reconstruir o centro da defesa e terá de o fazer com base em jogadores jovens, que acabaram de chegar ao clube. Ou de mais um reforço. É necessário ter consciência de que a equipa melhora à frente, mas nesta altura está menos forte atrás.

O empréstimo de Nani e a venda de Rojo foram também um momento de afirmação do Sporting no mercado de transferências. O argentino sai por um valor elevado para um central e o extremo regressa «sem encargos», de acordo com o comunicado à CMVM. Para outros dias ficará a solução do diferendo com o fundo Doyen, um litígio que vai valer a pena seguir com atenção.