Da euforia do início da época à depressão em janeiro. Quando a quatro meses do final de uma temporada já se podem fazer balanços que constatam o adeus definitivo a três objetivos (quatro, no fundo) e um atraso de oito pontos para o líder naquela que é a competição base, a Liga, é de crise que falamos. Mas o Sporting chegou aqui, e chegou aqui depois de ter começado a temporada com quatro vitórias seguidas, doze pontos ganhos duma assentada para a Liga. Depois foi a Madrid e esse, ainda que ninguém o adivinhasse depois daquele jogo e do sentimento de entusiasmo em torno da equipa, acabou por ser um ponto de viragem. Nunca mais os leões voltaram a ter uma série igual ao início da época.

Eliminado primeiro da Liga dos Campeões, depois também da passagem para a Liga Europa, da Taça da Liga e agora da Taça de Portugal, um terço de derrotas nos 30 jogos da época, o Sporting entrou numa espiral que não tem apenas uma causa, uma explicação. É a segunda época de Jorge Jesus depois do segundo lugar em 2015/16, a segunda de uma aposta forte e com grandes ambições assumidas pela direção de Bruno de Carvalho. Marcada por muito ruído também para lá da equipa, e a meio de um processo longe do fim, para mais com eleições no clube em março. Ainda não acabou. Depois de Chaves e da contestação que os adeptos voltaram a fazer ouvir, o presidente veio assumir através de uma rede social responsabilidades, as suas e, «logo de seguida», as do treinador. De caminho prometeu começar já a preparar a próxima época e emagrecer o plantel ainda neste mercado de inverno.

Mas olhar para o que foi até agora a época em campo e os momentos mais marcantes ajuda a perceber como se chegou aqui. É o que faz o Maisfutebol, selecionando 10 pontos da temporada, o seu envolvimento e a abordagem, ideias e argumentos em cada momento de Jorge Jesus, o líder e principal voz da equipa. Da euforia pós-Madrid à ideia de que os reforços precisavam de tempo, das declarações de confiança ao assumir da incapacidade para encontrar explicações em alguns momentos.

14 setembro

Real Madrid-Sporting, 2-1

Liga dos Campeões, 1ª jornada

Apesar de uma pré-época com resultados pouco animadores, o arranque oficial da temporada foi perfeito. O Sporting venceu em casa o Marítimo a abrir, depois foi ganhar a Paços Ferreira. Seguia-se o primeiro grande teste, ainda em agosto, e os leões também passaram por cima: vitória por 2-1 no clássico com o FC Porto. Entretanto fechou um mercado com final muito agitado em Alvalade: sairam Slimani e João Mário, Adrien esteve quase mas ficou. Ao longo do defeso chegou muita gente, 12 reforços ao todo: Bas Dost, Campbell, Markovic, Alan Ruiz, Castaignos, André, Elias, Douglas, Petrovic, Meli, Spalvis e Beto.

Nessa altura, Jesus fazia este balanço do mercado:

«Esta não é a minha equipa de sonho. Ainda tinha de andar muito, nem sei se lá chego. Temos um plantel mais equilibrado do que no ano passado como é óbvio, não vou dizer que é melhor. Contratámos jogadores com qualidade mas perdemos outros, como João Mário e Slimani. No caso do Teo ninguém veio buscá-lo mas também saiu. Eram três titulares indiscutíveis do Sporting. Os nossos rivais já perceberam o que Sporting cada vez está mais forte, porque está a formar uma estrutura de equipa muito forte. O que faz a diferença é a linha de produção, treinadores e jogadores, são esse que ganham jogos. Nós estamos a consolidar-nos com o Sporting forte do passado e isso está a incomodar os nossos rivais.»

A Liga parou e quando voltou o Sporting voltou a ganhar, uma vitória tranquila sobre o Moreirense já com vários reforços em campo, incluindo Bas Dost, que tinha chegado três dias antes e se estreou a marcar.

Seguia-se a visita ao Real Madrid, um desafio de fogo para o Sporting, num grupo de Liga dos Campeões onde estava ainda o Borussia Dortmund, mais o Legia Varsóvia. E o leão chegou ao Bernabéu e surpreendeu. Uma exibição muito sólida, uma equipa equilibrada e solidária marcou aos 47m, num golo de Bruno César, e até perto do fim acreditou na proeza. Mas tudo se esfumou no final, primeiro num livre de Cristiano Ronaldo aos 89 minutos e depois num cabeceamento de Morata já nos descontos.

Mas o resultado não esmoreceu o entusiasmo dos leões. Pelo contrário. Jorge Jesus, que foi expulso do banco a meia hora do fim por protestos, puxou dos galões no final.

«O Real Madrid não conseguiu entrar por nenhum lado, só de bola parada, do Ronaldo. O Sporting defensivamente foi muito forte até aos 88 minutos. Nenhuma equipa vai jogar aqui em Madrid como o Sporting fez. (...) Teria sido mais difícil para o Real se eu estivesse no banco»

18 setembro

Rio Ave-Sporting, 3-1

Liga, 5ª jornada

O jogo que se seguia era uma visita a Vila do Conde. Na antevisão, Jorge Jesus insistia no discurso de confiança que vinha de Madrid. A resposta quando lhe perguntaram se tinha melhor plantel que os rivais ficou célebre.

«Melhor plantel? Não. Tenho é uma equipa trabalhada por mim. E se está trabalhada por mim, tem de ser a melhor. A diferença está no treinador. Os jogadores que trabalham comigo estão mais preparados do que aqueles que chegam. Não tenho dúvida disso. Do ponto de vista físico, do conhecimento da equipa...nota-se uma grande diferença. Até eles sentem a diferença»

Em Vila do Conde foi o leão a ser surpreendido. O Rio Ave marcou três golos em 15 minutos na primeira parte, uma rajada que condicionou em definitivo a resposta do Sporting e levou mesmo àquela que não só foi a segunda derrota seguida, depois de Madrid, como interrompeu uma série de 13 vitórias seguidas dos leões para a Liga que já vinha da época passada.

No final, Jesus admitiu falhas na abordagem ao jogo, disse que mudar o chip da Liga dos Campeões «é muito complicado...» e admitiu que os leões foram surpreendidos.

«A Champions não é desculpa. Achamos que não era preciso ser tão rigorosos defensivamente e fomos surpreendidos. (...)  Fiz quatro alterações em relação aos que jogaram em Madrid. Foi a pensar que não poderia ter os mesmos jogadores de Madrid, porque foi um jogo que teve uma intensidade emocional e física muito alta. Mudámos o chip. E por muito que passes a mensagem, tens dificuldades em entrar no jogo. Os meus jogadores ficaram surpreendidos com a velocidade do Rio Ave. Há que reunir, falar. Tudo o que se passou antes fez diferença aqui. Madrid também.»

Depois de Vila do Conde e antes do jogo seguinte, com o Estoril, Jesus recusou a ideia de que tenha revelado falta de humildade na abordagem ao seu papel.

«Não vou descobrir pólvora nenhuma se disse que todas as equipas são à imagem do treinador. Pela negativa e pela positiva. Não há nada que inventar. Qual o treinador que não acredita que a sua equipa é a melhor, que os seus jogadores são os melhores? Eu acredito que a minha equipa é a melhor e que os meus jogadores são os melhores.»

1 outubro

V. Guimarães-Sporting, 3-3

Liga, 7ª jornada

Depois de Vila do Conde o Sporting venceu o Estoril (4-2) para a Liga e no final o ponto de situação de Jorge Jesus sobre a qualidade da equipa era este.

«Não está no ponto, como penso que não está nenhuma equipa. Pelo menos a minha equipa não está. O Sporting vai melhorar. Há jogadores, principalmente os novos, que não estão a render aquilo que são capazes de fazer.»

Mas o discurso do treinador era de otimismo e desafio.

«A onda cresce cada vez mais, a confiança na equipa, por mais estratégias de comunicação que existam. Os adeptos do Sporting estão atentos.»

Seguiu-se nova vitória, com o Legia para a Liga dos Campeões (2-0). Foram dois jogos em Alvalade e na deslocação que se seguiu, a Guimarães, voltou a instabilidade. Num jogo incrível, daqueles que, como dizia no final Pedro Martins, «só acontecem de 50 em 50 anos». Markovic e Coates deram vantagem de dois golos ao Sporting ao intervalo. Mesmo tendo perdido Adrien por lesão aos 36 minutos, os leões estavam na frente e ainda marcaram o terceiro, aos 71 minutos, por Elias. Mas o Vitória acreditava e tudo começou a mudar num penálti convertido por Marega três minutos mais tarde. Marega bisou logo a seguir e, sobre o pano, Soares empata, 3-3!

No final, Jesus não encontrava explicações.

«A ganhar 3-0, a jogar espetacularmente, tu levas três golos e não sabes bem como, o que é que tu podes fazer? (...) Temos de estar preparados para conseguir perceber que estas coisas do futebol não têm muita lógica. Aconteceu, parabéns aos jogadores do Vitória que acreditaram. É uma lição para nós. O futebol é bonito por isto e temos de continuar a nossa caminhada. É uma caminhada sorridente, com muita qualidade, mas hoje não conseguimos segurar o resultado.»

28 outubro

Sporting-Tondela, 1-1  

Liga, 8ª jornada

Três semanas terríveis para o Sporting, quatro jogos sem ganhar entre 18 de outubro e 2 de novembro, dois empates para a Liga, em casa com o Tondela e fora com o Nacional, entre as duas derrotas com o Dortmund para a Liga dos Campeões.

Depois do 1-2 com os alemães em casa, seguia-se o Tondela e na antevisão ao jogo Jesus falava sobre a época dos «leões», focando-se na integração dos reforços (termo que aliás criticou) e no facto de a equipa ter perdido jogadores como Slimani e João Mário, mas também Téo Gutierrez, além de ter Adrien lesionado.

«Os jogadores que saíram têm características diferentes de cada um dos nove jogadores que chegaram, que ainda não conhecem muito bem o processo defensivo da equipa. Quando se defende, defendem todos os sectores. Estamos com algumas dificuldade na primeira linha em termos de intensidade defensiva. (...) Nunca concordei com o termo reforços. Para mim não são reforços. São jogadores contratados para fazer parte de um plantel. Por serem reforços quer dizer que têm de jogar? Não penso assim. São jogadores que vêm melhorar ou não a qualidade do plantel. Ninguém tem o direito de jogar só porque chegou.»

O Tondela empatou em Alvalade, esteve a vencer e foi um golo de Campbell nos descontos que evitou a derrota do Sporting. Mais pontos perdidos depois de um jogo europeu, mas Jesus evitou elaborar sobre o tema no final, mas falou sobre a sua gestão da equipa.

«Sempre que saímos da Champions não conseguimos ganhar. Isto tem alguma justificação, mas não me quero agarrar muito a ela. (...) «Normalmente a mudança de jogadores, para dar alguma frescura, faz-se. Hoje achei que não era muito importante fazer, em Vila do Conde mudei quatro e também não resultou. A metodologia é tirar jogadores. Voltou a acontecer. Tenho de saber trabalhar em cima disto e melhorar a dinâmica de jogo.»

Na ronda seguinte o Sporting visitou o Nacional e saiu de lá com novo empate, um nulo. Três jogos seguidos sem ganhar para a Liga e a liderança a sete pontos. No fim Jesus falava em alguma «falta de equilíbrio emocional».

22 novembro

Sporting-Real Madrid, 1-2

Liga dos Campeões, 5ª jornada

Depois do Nacional a visita ao Dortmund, derrota por 1-0, o quarto jogo sem ganhar. Por esta altura, Jesus dizia que anteviu a quebra dos leões, mas não explicou bem porquê.

«A pressão é sempre para ganhar e temos de saber conviver com as situações positivas e negativas. Não previa estes resultados, mas no final do mês de agosto, início de setembro já previa a quebra da equipa. Não é muito comum, mas também não é algo que seja novo para mim e que já não tenha conseguido dar a volta. (...) «Tu podes correr muito e correr mal, por isso nem sempre o problema é a atitude. Os jogadores correram muito, mas correram mal.»

Depois de Dortmund o Sporting voltou a ganhar, 3-0 ao Arouca para a Liga, num jogo que ficou marcado pela polémica no túnel envolvendo dirigentes dos dois clubes. «Voltámos ao normal», dizia Jesus no fim, ao mesmo tempo que insistia na ideia da dificuldade de integração dos reforços e defendia o que de bom estava a ser feito no clube.

«Estamos a criar uma cultura de equipa que não se faz em dois meses, tivemos jogadores que saíram e 10 jogadores que entraram após agosto e que não estavam habituados à cultura Sporting. Não tem nada a ver com técnica ou tática. É nesse sentido que estamos a crescer. Felizmente na época passada, o Sporting fez mais do que o que eu pensava, só não foi espetacular porque nos faltaram dois pontos para ser campeões. O presidente, honra lhe seja feita, tem estado a criar uma dinâmica neste clube. As pessoas pensam que é só contratar um bom treinador e bons jogadores, mas isso não chega para chegar ao nível das exigências a que os nossos adversários estão habituados nos últimos anos.»

Agora era tempo de decisões na Liga dos Campeões, o Sporting jogava em casa, frente ao Real Madrid, a última hipótese de apuramento. O Sporting voltou a fazer uma exibição sólida, mas não isenta de erros, e o resultado foi igual ao de Madrid, 2-1 para Cristiano Ronaldo e companhia. E o adeus formal do Sporting ao apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões, primeiro objetivo falhado.

Mas Jesus destacava as exibições do Sporting frente ao campeão europeu. E apostava que na Liga Europa o Sporting podia brilhar, ainda que faltasse garantir o apuramento para a segunda competição europeia.

«Os jogos do Real Madrid dão para o mundo inteiro. O Sporting não é conhecido como o Real, nem pouco mais ou menos. Está à procura da sua afirmação, tanto em Portugal como na Europa. As pessoas devem ficar admiradas com a qualidade que apresentámos frente ao Real, a jogar taco a taco. O Sporting está a criar uma boa imagem e temos de dar andamento a esta boa imagem. Se o Sporting for apurado para a Liga Europa, tem condições para fazer uma Liga Europa muito bonita, ou seja chegar longe. Para andares à procura do êxito tens de passar por várias etapas, pelas quais o Sporting está a passar, e bem, pelo que o futuro vai ser risonho.»

7 dezembro

Legia-Sporting, 1-0

Liga Campeões, 6ª e última jornada

O que se seguiu ao Real Madrid foi o melhor período de resultados do Sporting depois daquele arranque. Três vitórias, duas para a Liga sobre Boavista e V. Setúbal, uma sobre o Arouca para a Taça da Liga.

No arranque dessa série, depois do Real Madrid e antes do Boavista, o discurso de Jesus era de novo positivo e a admitir já melhor adaptação dos reforços.

«No ponto o Sporting não está, só consegues valorizar a equipa num processo diário. Nesta altura há mais dias de treino, sobretudo para os jogadores que chegaram esta época, os quais estão muito mais adaptados à equipa e aos colegas. Há uma rentabilidade mais próxima do ponto que eu considero bom para a evolução da equipa. Mas não digo que este seja o momento ideal, o momento ideal ainda está para aparecer. Normalmente as equipas que trabalham comigo estão muito mais fortes na segunda volta.»

Para a decisão sobre o futuro europeu do Sporting, em Varsóvia, três dias antes do dérbi com o Benfica, bastava um empate aos leões e na véspera do jogo Jesus admitia que, de alguma forma, a sua cabeça estava também no dérbi.

«Este é um jogo que é de grande responsabilidade para as duas equipas, uma final para a Liga Europa, estamos a focar muito neste jogo. O que vamos fazer é com o decorrer do jogo tomar decisões em função do presente e do futuro. Neste momento o que interessa é o jogo com o Legia. Não digo 100%, mas 90% a gente foca-se no jogo de amanhã.»

Não chegou. O Legia venceu, valeu um golo de Guilherme à meia-hora que o Sporting não conseguiu anular até ao final e os leões ficaram fora da Europa, segundo objetivo falhado.

«Hoje não faltou a pontinha de sorte. O Sporting foi melhor que o Legia mas não tem nada a ver o valor deles com o do Dortmund ou Real Madrid. Eles tiveram alguma experiência para resolver esta decisão. Demonstrámos que eramos mais fortes mas não fizemos golos. Eles jogaram com uma estratégia bem pensada, tiveram a felicidade de marcar primeiro. O Sporting demonstrou que é uma equipa com poder e qualidade. Não nos apurámos na Liga dos Campeões nem na Liga Europa mas há outros objetivos em Portugal para conquistar»

11 dezembro

Benfica-Sporting, 2-1

Liga, 13ª jornada

Sem tempo para lamber feridas, o dérbi. Na antevisão, Jesus recusava a ideia de maior pressão para o Sporting, depois da eliminação europeia. 

«A equipa que souber trabalhar melhor os momentos emocionais do jogo é aquela que estará mais perto da vitória.»

Na Luz, o Benfica marcou na primeira parte e a abrir a segunda, o Sporting reduziu por Bas Dost mas o resultado acabou assim, 2-1 para o líder.

No fim, Jorge Jesus centrava a análise ao jogo na arbitragem

«Respondendo ao que faltou, faltou que a terceira equipa visse o que aconteceu no jogo. O 1-0 vem de uma jogada que dá penálti. Agora, o Benfica fez um grande jogo, é verdade. Tal como o Sporting, que foi penalizado pela terceira equipa. Jorge Sousa teve dois lances capitais. (...) Curiosamente no último jogo em que ganhámos 2-0 (Setúbal), fizemos quatro golos e só dois é que valeram. Hoje tivemos duas grandes penalidades não assinaladas. Por isso temos a noção que estamos a ser constantemente penalizados e isso custa pontos.»

18 dezembro

Sporting-Sp. Braga, 0-1

Liga, 14ª jornada

Num mês de dezembro a um ritmo alucinante, ao dérbi seguiu-se a eliminatória de Taça de Portugal frente ao V. Setúbal. Os leões venceram por 1-0 no Bonfim, objetivo cumprido. Jesus tinha recebido um voto de confiança de Bruno de Carvalho e comentou-o assim:

«Claro que fico satisfeito pela confiança que depositou em mim. Mas isso não é novidade nenhuma. Tivemos um primeiro ano melhor do que pensávamos. Para os adeptos o importante é ganhar, mas eu vim de uma realidade e cheguei a outra. Sei o que é preciso estruturar e organizar para se estar a outro nível. E o Sporting conseguiu isso: deve-se ao trabalho do presidente, que está a alavancar o clube. O Sporting não ganha um campeonato há 15 anos e isso tem algumas consequências. Foram muitos anos a perder caminho mas estamos no caminho certo. No ano passado jogámos ao nível do nosso rival que foi campeão e este ano queremos fazer a mesma coisa para quando chegar a altura passarmos para a frente.»

Logo de seguida voltava a Liga e o adversário era o Sp. Braga, que acabara de despedir José Peseiro. Abel, ex-jogador e treinador de juniores dos leões, estava no banco, na transição para o novo técnico, Jorge Simão.

Antes do jogo Jesus falava da Liga e das diferenças entre o Sporting desta época e da temporada anterior, que há um ano era líder, assim:

«Está tudo em aberto, é óbvio, mas o mais importante é que o Sporting tem aumentado a competitividade e a sua afirmação como um dos candidatos ao título, neste momento tem menos pontos que o ano passado, mas são momentos que não podemos misturar, equilibrar ou comparar em relação ao que era o ano passado. Era um facto que íamos em primeiro. Este ano vamos em terceiro, mas isso não retira o mesmo sentido, a mesma confiança»

Mas o Sp. Braga voltou a complicar a teoria a Jesus. Um golo de outro ex-leão, Wilson Eduardo, ditou nova derrota do Sporting, a terceira da época.

No fim Jesus admitia o peso emocional da derrota.

«Não se pode fazer comparações de jogos. Madrid já lá vai. É mais difícil lembrarem-se dos jogos que o Sporting não fez tão bons. Fez muitos jogos bons e poucos não tão bons. Hoje foi daqueles dias em que a equipa não esteve tão bem, também como consequência do nosso jogo de quarta-feira, onde tivemos de correr muito. Há vários objetivos: estamos em três competições. A mais importante é o campeonato nacional. A diferença pontual para o primeiro ficou maior e as coisas estão mais difíceis, mas só podes fazer contas jogo a jogo. Há que recuperar a equipa emocionalmente, porque sentiu muito esta derrota. Foi a primeira em casa este ano. (...)Temos de assumir a responsabilidade e eu assumo-a.»

4 janeiro

V. Setúbal-Sporting, 2-1

Taça da Liga, última jornada da fase de grupos

O Sporting estava apurado para as meias-finais da Taça da Liga até aos 90 mais quatro minutos de descontos, quando um penálti assinalado num lance entre Douglas e Edinho mudou tudo. O avançado converteu, 2-1 e o V. Setúbal passou, fazendo valer o critério de menor diferença de idades. O Sporting protestou muito, mas o facto é que morreu ali no Bonfim mais um objetivo da época, a hipótese de lutar por mais uma competição.

No final não houve declarações do Sporting, mas sobrou ruído e até uma retaliação que foi a chamada de volta a Alvalade dos dois jogadores dos leões cedidos ao V. Setúbal, Geraldes e Gauld.

Jesus falou dias depois, na antevisão ao jogo com o Feirense, que os leões venceriam por 1-0. E desvalorizou mais uma vez a ideia de crise.

«Já falei dos maus resultados que a equipa teve desde o jogo da Luz e disse que a crise se chama Jorge Sousa. Depois disso só tivemos dois jogos e um deles ganhámos. Mas não posso deixar de dizer que há algumas componentes que nos influenciaram. Não querendo fugir das responsabilidades, até porque, particularmente em Setúbal, podíamos ter conseguido uma tranquilidade diferente durante o jogo», destacou o treinador, assumindo ainda que essa mesma tranqulidade também poderia ter sido conquistada com «mais golos marcados ao Varzim».

17 janeiro

D. Chaves-Sporting, 1-0

Taça de Portugal, quartos de final

Chaves a dobrar e a precipitar de vez a crise dos leões, que antes da viagem para Trás os Montes entraram em «black-out». No sábado, para a Liga, Bas Dost fez o que tem feito, bisou, pela segunda vez seguida, ele que é responsável por mais de 40 por cento dos golos do Sporting, mas não chegou. O Chaves adiantou-se num golo de Rafael Lopes e, a dois minutos do fim, Fábio Martins fez o 2-2 final. Ambiente quente no estádio e no balneário. Depois de várias notícias a dar conta de uma troca de palavras dura entre o presidente e os jogadores, os capitães foram ao canal do clube confirmar que Bruno de Carvalho se dirigiu mesmo à equipa no fim do jogo e falar num «diálogo normal».

A equipa ficou em Trás os Montes, porque logo na terça-feira voltava a defrontar o Desportivo, agora para a Taça. E foi o que foi. Zero a zero até aos 87 minutos, quando Carlos Ponck saltou na área, na sequência de um livre, e fez golo. 1-0, o Sporting também caía na Taça de Portugal.