Não contam como eles fizeram suar os dois gigantes. Como foram traídos nos momentos finais das duas partidas, como em ambas sofreram grandes penalidades decisivas. Não contam a forma épica como chegaram pela primeira vez na sua história à fase de grupos.
Cosmin Moti, lembra-se? Na decisão do play-off frente ao Steaua Bucareste, o defesa central romeno foi para a baliza no desempate por penáltis, após a expulsão do guarda-redes Stoyanov. Defendeu duas grandes penalidades e colocou o Ludogorets na Champions.
Para trás tinham ficado duas pré-eliminatórias e uma mudança de treinador a meio caminho. Na terceira ronda de qualificação, o Ludogorets começou por empatar a zero com o Partizan. O dono do clube, um homem de negócios búlgaro que adquiriu o Ludogorets em 2010 com o sonho de o levar à Liga dos Campeões, despediu o treinador Stoycho Stoev e colocou no seu lugar o então adjunto Georgi Dermendzhiev.
O empate a dois golos na segunda mão garantiu o play-off, depois veio o Steaua. Quando chegou o sorteio da fase de grupos, o Ludogorets calhou no grupo do Real Madrid, Liverpool e ainda Basileia. Ninguém esperaria deles mais do que a presença. Mas eles quiseram contrariar as previsões.
Recuemos há 15 dias, em Anfield. O Liverpool de volta à Liga dos Campeões, do outro lado o desconhecido Ludogorets. Que resistiu, e resistiu. Quando Balotelli fez o 1-0, aos 82m, parecia resolvido. Mas o Ludogorets não se deu por vencido e em cima dos 90m Dani Abalo empatou. Choque em Anfield, até o árbitro assinalar uma grande penalidade que Gerrard converteu, já nos descontos.
Esta noite, a equipa do Ludogorets fez mais uma vez a viagem de 300 quilómetros que separa Razgrad, cidade-sede do clube, de Sófia, onde joga as competições europeias, para receber o todo-poderoso Real Madrid. No jogo que podia tornar Cristiano Ronaldo o melhor marcador de sempre da Liga dos Campeões, a única questão na mente da maioria seria por quanto venceriam os campeões europeus em título. E no entanto.
Seis minutos de jogo, golo do Ludogorets. Canto batido pelo português Fábio Espinho, a bola atravessa a área e encontra Marcelinho, que cabeceia sobre a linha de golo.
De surpresa em surpresa, quatro minutos mais tarde o árbitro assinala penálti por uma falta sobre Chicharito. Bate Cristiano Ronaldo, mas o guarda-redes Stoyalov defende. Passaram 15 minutos, até que o árbitro assinalou grande penalidade, esta sobre o próprio Ronaldo e a deixar dúvidas. Desta vez o português não falhou, 1-1.
O jogo seguia, o Ludogorets resistia. Até ao minuto 77m, quando Benzema, que tinha entrado 10 minutos antes, acabou com a ilusão, encostando para o 2-1 depois de um belo cruzamento de Marcelo.
Contas feitas, o Ludogorets perdeu os dois jogos e no conjunto dos 180 minutos não esteve nem meia hora em desvantagem. Pode não servir de grande consolo, mas pelo que fez, nomeadamente esta noite frente ao Real Madrid, já conquistou o coração de muitos adeptos.
Ludogorets didn't deserve to lose pic.twitter.com/5w7BDDoZOv
— Football Trolls (@Footballltrolls)
October 1, 2014
O Ludogorets é, antes de mais, uma incrível história de ascensão meteórica, já contada no Maisfutebol pela mão dos dois portugueses do plantel, Fábio Espinho e Vitinha. Há quatro anos estava na II Divisão, agora é tricampeão búlgaro.
Na época passada, apenas no segundo ano nas competições europeias, passou a fase de grupos da Liga Europa sem derrotas, num grupo que tinha o PSV Eindhoven e o Dínamo Zagreb, eliminou a Lazio nos 16 avos de final e acabou por cair perante o Valência nos oitavos.
Esta época chegou à Liga dos Campeões e já foi protagonista, mesmo que esta história acabe já em dezembro.