Festa de sonho para dois clubes que queriam tirar bilhete para a próxima eliminatória e continuar na prova. Em causa, o acesso às meias-finais da Taça de Portugal. O V. Guimarães segue em frente, mais forte, decidido e com mais rendimento no ataque. Na prática, confirmou o domínio e o total favoritismo.
Os primeiros minutos foram reveladores do duelo entre «David e Golias». Frente a um adversário superior e disposto a assumir o jogo, a curiosidade estava concentrada no que o Merelinense poderia fazer, pois então. Qual era a proposta da formação orientada por Ricardo Martins? Um colectivo bem montado, relativamente coeso, a exibir um futebol directo e a alimentar franzinas ilusões. Podia ter espantado quando Paulinho Lopes surgiu embalado na área, mas o forte remate saiu imperfeito. A formação de São Pedro de Merelim merecia ser vista com desconfiança, mesmo tendo em conta o pouco que o V. Guimarães lhe permitia fazer. As duas equipas tinham ritmos diferentes.
Corria assim o jogo e em certos momentos houve mesmo uma pequena aproximação, atendendo aos patamares diferentes que separam os dois clubes. Estas foram, pelo menos, as ilações retiradas, até porque formação bracarense vincou uma saudável rebeldia e deixou a pele em campo. Não era para menos. E até parecia resistir a uma contrariedade: o avançado Rui Miguel saiu lesionado e fora substituído por Zé Manel. Se o Merelinense perdia centímetros na área, ganhava irreverência nas saídas para o ataque. O camisola 11 pretendia sair do anonimato e começou por deixar alguns bons apontamentos.
A resistência, essa, duraria apenas mais alguns minutos. Finalmente, a bola estourou na rede: o gigante Edgar finalizou de cabeça, após bom cruzamento de Alex. O V. Guimarães aumentava o calor súbito da partida e Cléber aumentou a vantagem mesmo antes do intervalo.
Gerir com tranquilidade absoluta
Se quisermos ser rigorosos para além do óbvio, o V. Guimarães foi muito superior e nem precisou de muita lucidez e desenvoltura para se impor. O sucesso estava garantido, não adiando uma obrigação que devia evitar algum nervosismo visível nos primeiros minutos.
Uma coisa é certa: o V. Guimarães fora acentuando o sentido de conquista, servindo, no fundo, para continuar a incomodar mais a baliza de Talaia. A abundância atacante potenciou a dinâmica e a confiança crescente da equipa mais segura e dona do seu destino, que apenas via o triunfo como resultado.
O Merelinense, consciente do perigo, tentava correr riscos, mas a expectativa baixava face à pressão e estilo dominador do adversário. Os brancos continuavam a carregar as despesas do encontro. No reverso da «medalha», o Merelinense descia alguns andares no relvado e o melhor que conseguia era correr um par de metros para lá do meio-campo e conquistar alguns livres.
A equipa de Ricardo Martins, com a simplicidade própria do mais pequeno, despediu-se da Taça com a cabeça levantada. Foi bonito, chegou longe, mas não dava para mais. A caravana vitoriana segue para as meias-finais. O Jamor nunca esteve tão perto nos últimos anos e a equipa de Manuel Machado parece disposta a ser protagonista.
FICHA DO JOGO
Estádio 1.º de Maio, em Braga
Árbitro: Rui Costa (Porto)
Auxiliares: João Santos e Serafim Nogueira
Quarto árbitro: José Rodrigues
Espectadores: cerca de 5.000
MERELINENSE: Talaia, Petit, João Paulo, Rocha, Miguel; Beck, João Cunha (Ericson, 77m), Nani (Tanela, 61m), Paulinho Lopes, Mokas e Rui Miguel (Zé Manuel, 23m).
Treinador: Ricardo Martins
V. GUIMARÃES: Nilson, Alex, João Paulo, Ricardo, Bruno Teles; Cléber, João Alves, Jorge Ribeiro (Maranhão, 60m), João Ribeiro, Toscano (Targino, 87m) e Edgar (Rui Miguel, 69m)
Treinador: Manuel Machado
Resultado ao intervalo: 0-2
Marcadores: Edgar (30m) e Cléber (45m);
Disciplina: cartão amarelo a Paulinho Lopes (65m) e Cléber (90m).
Resultado final: 0-2.