Um duelo de estilos muito parecidos que acabou por cair para o lado da equipa que mais ousadia e coragem teve para o colocar em campo. O Rio Ave, inteligente e fiel durante mais tempo à sua ideia de jogo, acabou por vencer um Sporting de Braga que pouco fez para merecer sair de Vila do Conde com o bilhete para os oitavos de final da prova na mão.

Não houve David contra Golias. Ao invés, houve dois bons vivants, agarrados a duas das melhores propostas de jogo em Portugal. Um grande jogo em perspetiva, portanto. Contudo, essa previsão precoce acabou por sair gorada.

Quiçá, por este ser um jogo de características ímpares, em que o ínfimo erro pode ditar a eliminação, as duas equipas colocaram de parte a estética e a beleza de processos durante grande parte do tempo. Sobressaiu sim, o lado estratégico do jogo.

Aliás, a disposição das equipas em campo refletia isso mesmo. Abel Ferreira e Miguel Cardoso optaram por privilegiar o corredor central o que acabou por roubar fluidez de jogo. E, naturalmente, o espetáculo ressentiu-se, sobretudo na primeira parte.

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Antes de João Novais dar um autêntico safanão no jogo - com Matheus a impedir o golo – as oportunidades de golo foram uma raridade. Tão escassas foram que surgiram através de… Cássio. Duas abordagens completamente erradas por pouco não resultaram em golo bracarense, o que seria tremendamente injusto, sublinhe-se.

O minuto vinte funcionou como uma espécie de despertador para as duas formações. O jogo partiu-se e as oportunidades de golo começaram a surgir em ambas as balizas. Primeiro foi Fransérgio a permitir a defesa a Cássio e, na resposta, foi João Novais a falhar o pontapé acrobático dentro da área.

A partir do pontapé de Novais, Rio Ave começou a crescer a olhos vistos no encontro, resgatou as promessas de bom futebol do passado recente e remeteu os minhotos para o último terço. Curiosamente, foi nessa fase que Guedes, assistido de forma primorosa por Tarantini, materializou esse crescimento.

O Sporting de Braga, ao contrário do que seria previsto, manteve uma postura expetante, tentando espreitar o erro do adversário, que com naturalidade, aconteceu. Pelé perdeu a bola em zona proibida e deixou a bola à mercê de Dyego Sousa. O brasileiro lançou Esgaio e apareceu na área a concluir, de calcanhar. Contudo, o lance foi anulado por posição irregular. Logo de seguida, Horta desviou novo cruzamento de Esgaio, mas Cássio impediu o golo de forma «in extremis».

A reta final da primeira metade prometia uma etapa complementar completamente diferente da equipa bracarense. Porém, foi o Rio Ave a torna-se dono e senhor dos acontecimentos. Guedes, completamente sozinho, falhou clamorosamente o segundo golo. Logo de seguida, Matheus negou um golo feito a João Novais. Tento esse que ao surgir, seria um castigo inteiramente justo para o Sporting de Braga.

 Abel Ferreira observava a equipa a sofrer e decidiu lançar Hassan e Fábio Martins. O efeito das mudanças fez-se notar em cinco minutos, momento que Hassan atirou por cima na cara de Cássio. Esse fôlego que surgiu a partir do banco rapidamente se esfumou. Mérito do Rio Ave que começou a jogar a toda a largura, de forma apoiada, inteligente. Em suma, a desafiar os limites da estética.

O recém-entrado Geraldes tentou, em três ocasiões diferentes, evitar minutos finais de sofrimento. Contudo, as tentativas nunca levaram a direção certa. O Sporting de Braga ciente do desfecho que se desenhava no horizonte, tentou o último assalto à baliza vila-condense.

Paulinho, num lance em que parece sofrer um toque dentro da área, desperdiçou uma ocasião soberana para atirar o jogo para prolongamento. Injusto, diga-se, face à postura que os arsenalistas adoptaram durante grande parte do encontro e, acima de tudo, ao que produziram ao longo de todo o jogo.

Segue em frente o Rio Ave, justamente, já que foi a equipa que - tal como referido no início da crónica - mais cedo se libertou das amarras e colocou em campo, durante vários minutos, uma das melhores ideias que se vê em Portugal.