A Taça de Portugal é vista como um espaço de oportunidade para jogadores menos utilizados, mas há casos e casos. Benfica e FC Porto têm nestes oitavos de final desafios de grande exigência, os «encarnados» em casa do Rio Ave e o FC Porto frente ao V. Guimarães, a aconselhar prudência na gestão das opções. Já o Sporting tem um adversário de outro nível, o Vilaverdense em Alvalade. Esta é, de qualquer forma, mais uma oportunidade para alguns jogadores terem tempo consistente de jogo, para além da entrada em campo em períodos limitados no decorrer dos jogos da Liga. Por aí, aliás, na performance de suplentes da Liga, não tem havido muitos jogadores a valerem pontos nos «grandes». Ao contrário de outros clubes da Liga.

O Sporting, por exemplo, ainda não teve mesmo qualquer suplente a marcar golo no campeonato. É uma de três equipas da Liga que ainda não faturou a partir do banco, tal como Feirense e Estoril.

O Benfica teve dois golos saídos do banco, Samaris a marcar o segundo na vitória em Guimarães para a 11ª jornada (3-1) e Zivkovic a fechar a goleada ao V. Setúbal (6-0) para a 12ª ronda. As águias têm um caso sintomático para esta análise, o de Raul Jimenez. O avançado mexicano saiu do banco em 12 dos 14 jogos de campeonato esta temporada, foi titular uma vez e ainda não marcou qualquer golo. Tem 152 minutos em campo partindo da condição de suplente, o que dá uma média pouco superior a 12 minutos por jogo. Não tem resultado. Jimenez só apontou dois golos esta época e só por uma vez aproveitou essa janela de alguns minutos de oportunidade para marcar: logo na Supertaça com o V. Guimarães. O outro jogo em que marcou foi como titular, no empate com o Sp. Braga para a Taça da Liga. 

Quanto ao FC Porto, tem três golos marcados por suplentes, sendo que um deles deixou rapidamente de o ser. Moussa Marega começou o campeonato no banco. Logo na primeira jornada entrou à meia hora para render o lesionado Tiquinho Soares e bisou na goleada ao Estoril (4-0). Ganhou aí, com essa conjugação de circunstâncias, lugar no onze. E o sucesso da dupla com Aboubakar garantiu-lhe a continuidade. O outro golo do banco foi marcado por Soares, à 5ª jornada, na vitória sobre o Desp. Chaves (3-0).

Houve três jogadores a bisar saindo do banco até agora na Liga e um deles conseguiu a proeza na última ronda: João Novais, na reviravolta do Rio Ave frente ao Moreirense (2-1). O outro jogador que marcou dois golos como suplente foi o bracarense Paulinho, a fazer render bem um jogo em que entrou ao quarto de hora para render o lesionado Fransérgio. Foi na 12ª ronda, frente ao Feirense (3-1).

O Sp. Braga é de resto, e de longe, a equipa que melhor rendimento tem tirado do banco nesta edição da Liga. São já sete golos de suplentes, sendo que Dyego Souza também já marcou por duas vezes saindo do banco.

Mateus, do Boavista, também já marcou duas vezes depois de entrar com o jogo a decorrer, a última das quais na ronda passada frente ao Sporting, tal como Luiz Phellype, do Paços Ferreira.

E as oportunidades nos «grandes»?

Outra forma de olhar para as opções alternativas é através das oportunidades que têm noutras competições. E quanto à rotatividade de opções tem havido espaço a vários jogadores menos utilizados dos «grandes» na Taça, ainda que de modo geral sem grande continuidade daí para a frente. O Sporting foi quem fez essa rotatividade com maior amplitude. Na terceira eliminatória, frente ao Oleiros (4-2), Jesus promoveu nada menos que três estreias absolutas no Sporting: Rafael Leão, Jovane Cabral e Demiral. Isto num jogo em que apresentou um onze bem alternativo: Salin; Ristovski, André Pinto, Petrovic e Jonathan; Iuri, Palhinha, Mattheus Oliveira e Bruno César; Podence e Gelson Dala. Na ronda seguinte, frente ao Famalicão, um adversário de maior exigência, Jesus já recorreu a um onze mais conservador, ainda que com alguns jogadores menos utilizados, como Tobias Figueiredo, Petrovic ou Jonathan Silva. Coates e Bas Dost marcaram os golos da vitória.

No FC Porto, Sérgio Conceição promoveu a estreia de Diogo Dalot a titular na terceira eliminatória, frente ao Lusitano Évora, e fez depois entrar Galeno, que marcou um do seis golos da vitória dos dragões, mais Jorge Fernandes e Luizão, mas o «onze» tinha várias das referências da equipa. Na ronda seguinte, frente ao Portimonense, já foi um «onze» mais assente em jogadores de primeira linha, com destaque para o regresso de Casillas, entretanto remetido a suplente de José Sá na Liga. No decorrer do jogo, que o FC Porto venceu por 3-2 ao cair do pano, oportunidade a mais um jovem, André Pereira.

No Benfica o primeiro jogo de Taça de Portugal da época foi oportunidade para as estreias absolutas de Svilar e Douglas, num onze também com muitas alterações. Gabriel Barbosa, outra das opções de segunda linha para Rui Vitória, marcou o único golo do jogo frente ao Olhanense. Na ronda seguinte, com o V. Setúbal, o onze não fugiu muito às opções habituais, ainda que tenha assinalado a estreia de Keaton Parks, numa vitória selada com golos de Krovinovic e Cervi, e promovido nova titularidade de Rafa, que jogou de início em ambos os jogos de Taça, mas não tirou daí dividendos para o que se seguiu. Sinal oposto o de Krovinovic, que começou por ganhar tempo consistente de jogos nas Taças: estreou-se com 90 minutos para a Taça da Liga, frente ao Sp. Braga, fez também os dois jogos completos de Taça de Portugal, enquanto somava períodos curtos em campo na Liga, até ganhar espaço no onze na Liga nas últimas rondas.