Não há melhor remédio para o ânimo do que um rival feliz. Um vizinho em boa fase, um adversário de sempre a mostrar credenciais. Um inimigo melhor, no fundo. O Sp. Braga é a prova de que o sucesso dos rivais motiva como nunca. A vitória em Guimarães (2-1), que permite chegar aos oitavos-de-final da Taça de Portugal, não foi importante, apenas, por ser a primeira longe de casa, esta época. Pode ser um ponto de viragem para todo o ano bracarense. Mas isso irá perceber-se, depois. Para já, o jogo.
 
E apetece começar assim: bendita a rivalidade que nos dá jogos destes. No Minho moram duas das melhores equipas portuguesas da atualidade. Dois candidatos ao Jamor, no início, um apenas, o sobrevivente, no final. Porque assim tinha de ser, embora seja de sublinhar que a competição fica a perder sem este Vitória.

CONFIRA A FICHA DE JOGO
 
No papel, portanto, o prato já seria apetecível, mas em poucos minutos, V. Guimarães e Sp. Braga trataram de provar que o jogo iria ser bom. Foi, claro. Com a intensidade dos dérbis de sempre, aqueles que enchem corações e ficam na memória.
 
Aos dois minutos, por exemplo, já as duas equipas tinham ficado perto de marcar. E se o remate de Alex até nem assustou muito Kritciuk, o cabeceamento de Éder dava golo, não fosse Bruno Gaspar a tirar em cima da linha. O preâmbulo de um duelo de dentes cerrados.
 
Vitória carrega, Sp. Braga marca
 
Com a entrega nos limites do aceitável e o jogo duro a amarelar uma e outra equipa, o jogo não baixou de intensidade com os lances de perigo que se foram criando. Pelo contrário. Cresciam as equipas, mas só havia uma bola, como sempre, muita fosse a vontade de a jogar.
 
E essa foi, quase sempre, do V. Guimarães. Os da casa eram a ação, os homens de Braga a reação. O jogo estava atado nesse ponto, os zeros pareciam a mais no placard.
 
Éder voltou a ficar perto, num remate cruzado, pouco depois da meia hora. Bouba Saré gelou Sérgio Conceição com uma bomba de ressaca, que também errou o alvo. Os sinais aumentavam, faltava o golo. Mas veio. E que golo.
 
Obra e graça de Rafa Silva, até então apagado, mas a desbloquear a batalha com um lance de génio. Pormenor delicioso a picar a bola, remate fulgurante. 1-0. Dois minutos depois, Pardo, num lance em que os homens do Vitória reclamaram sem razão fora-de-jogo (ou mão?) fez o segundo.
 
Castigo duro. Demasiado duro. Dois golos de rajada embalavam o Sp. Braga para uma vitória no terreno mais saboroso, o do rival.
 
O penálti da esperança
 
Rui Vitória não mexeu no descanso, certamente,  porque percebeu o filme da primeira parte. O Vitória não fora tão inferior ao rival como o resultado mostrava. Ciente dessa falácia, apostou no mesmo e teve fé.
 
Precisava de um golo para voltar a discutir o jogo e poderia até vir cedo, tivesse Hernâni, o melhor da casa, acertado melhor na bola, na cara de Kritciuk. Poderia, também, ter visto o jogo fugir de vez, não fosse Assis agigantar-se numa mancha do tamanho do castelo a Rafa Silva.
 
Acabou por ser de penálti. Um lance que deixa dúvidas, não pela falta mas pelo local onde aconteceu. Dentro ou fora? Só a televisão poderá esclarecer. André André, imune, reduziu.
 
Com apenas dez, Conceição assumiu que a hora era de segurar o resultado. Trocou Éder por Sasso, lançou os sprinters Agra e Pedro Santos. Receita simples: defender e contra-atacar.
 
O Vitória, com muita garra e coração, não teve cabeça para descobrir, novamente, o caminho do jogo, mas manteve-se em cima do rival até ao fim. Alvez, de cabeça, atirou por cima e o apuramento só ficou selado quando Santos, nas alturas, tirou da área a última tentativa do Vitória. 

Já ganha fora o Sp. Braga. Na Taça, é certo, mas com sabor de Champions, ou não fosse o campo de um querido inimigo.