Há braços no ar no relvado. Explode-se de alegria nas bancadas. Dão-se saltinhos nervosos, canta-se afinado. É a festa da Taça. Uma festa que começa logo após o último apito de cada meia-final. 

Há uma alegria imensa em Guimarães, no regresso de Chaves, com gritos de Vitória! Uma euforia incontrolável, que se espalha por todo o lado.

Há festa também na Luz, depois da emoção de um jogo de loucos, com palavras de amor eterno ao clube da casa. Canta-se Somos Benfica! É uma energia que se espalha por todos os cantos do país. O Jamor está mais que à vista. A festa da Taça já está a ser fantástica.

O vamos lá estar repete-se vezes sem conta, mistura-se com o claro que sim e com o tem de ser. Fazem-se contas à viagem. Troca turnos quem trabalha ao fim de semana, porque é um dia especial, imperdível. Os que já folgam não admitem programa alternativo. Este é para toda a família!

A festa é dos jogadores, para quem não há melhor. São eles que o dizem. Os treinadores, como Quinito, de quem todos têm saudades, às vezes até vestem smoking. É uma gala, a verdadeira gala do futebol português. Para os adeptos, os que viajam de todo o lado, é também muito mais do que um jogo. O seu jogo, aquele em que a tradição ainda é o que era. O seu bilhete para o regresso ao passado. Ao futebol que os fez sonhar de meninos.

Combinam-se os grupos, telefona-se aos amigos da mesma tribo. Contam-se as febras, as entremeadas, as bifanas, os coiratos. Os refrigerantes. As cervejas, que não há festa sem boa cerveja! É melhor levar a mais, pelo sim pelo não. No sábado, tiram-se as cadeirinhas e as mesas extensíveis da arrecadação, começam a encher-se as bagageiras. A geleira. O grelhador. É preciso não esquecer o grelhador.

Domingo, muitos ou poucos quilómetros depois, as matas à volta madrugam. Será que o galo já cantou? É preciso escolher o melhor lugar e começar a montar tudo, porque não há sítios marcados. Os espaços vão-se preenchendo, um a um. Branco, encarnado, branco, encarnado. Às vezes mais branco, outras mais encarnado. Petisca-se. Conversa-se. De tudo e de bola. As cores confundem-se, diluem-se. Com desportivismo, sempre com desportivismo.

Arruma-se tudo. Entra-se no palco. Canta-se, gritam-se os golos, festeja-se novamente no fim. As duas equipas no meio do relvado, a prepararem-se para subir a escadaria para a glória. Dois históricos. O que perdeu deu tudo, honrou a camisola como nunca. O melhor ganhou, sobe por último, levanta o caneco. Os outros aplaudem cá em baixo. Bonito!

A volta olímpica. O festejo com os adeptos. A festa sai para as ruas, desde o Jamor, e parece não ter fim. Avança de madrugada, não tem como parar.

Mais tarde, brinda-se pela última vez a mais uma grande dia. Em grande. Com uma Sagres, a cerveja da festa e da boa disposição. Aqui, todos vencem, porque não há táctica melhor.