Ainda não foi esta noite que o Sporting se viu livre dos fantasmas.

A formação leonina impôs as enormes distâncias que a separam do modesto Loures e venceu o jogo naturalmente, mas fê-lo sem brilho e sem talento. Sem classe.

A primeira parte, por exemplo, chegou a ser desesperante.

O Sporting dominou completamente, é verdade, muito devido à atitude gladiadora de Gudelj, que jogou como médio mais defensivo e impôs a pujança física para recuperar bolas atrás de bolas e, com isso, instalar a equipa no meio campo adversário. O Loures entrou tímido, até algo receoso, enfrentava alguma angústia para se estender no campo, mas quando o tentava fazer batia invariavelmente naquela torre de pedra e cimento sérvia.

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Ora por isso, e como se dizia, o Sporting dominou completamente a primeira parte. Mas com a bola nos pés, foi de uma pobreza atroz. Jogada pela direita, jogada pela esquerda, insistência, insistência, insistência, até sair um cruzamento repetidamente inconsequente.

Durante a primeira parte o Sporting foi isto.

As únicas exceções foram duas bolas paradas: na primeira Bruno Fernandes atirou a rasar o poste, na segunda Marcelo cabeceou uma bola de canto perto da trave.

Até que Bruno Fernandes, sempre ele, apareceu a resolver os problemas coletivos: recebeu uma bola e disparou do meio da rua, fortíssimo, para o fundo da baliza. Pareceu um golo de raiva. Até porque no final do jogo não estava contente: saiu de campo a abanar negativamente a cabeça.

No início da segunda parte a exibição leonina melhorou ligeiramente, mas só mesmo ligeiramente. .

Um penálti sofrido por Jovane Cabral aproximou o Sporting da tranquilidade: Bruno Fernandes, porém, não converteu o castigo máximo e voltou tudo à estaca zero. Até que Nani, na recarga a um remate do mesmo Jovane, fez o segundo golo leonino.

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O jogo parecido resolvido e o Sporting podia enfim tranquilizar-se, respirar fundo e jogar à bola.

Puro engano.

A equipa continuou a ser um monte de equívocos, sem jogo interior, sem futebol apoiado, sem progressão trabalhada e fluente. Como se espera de uma equipa grande.

Talvez por isso, mesmo a acabar o jogo, Juninho tenha feito o golo de honra do Loures: fugiu pela esquerda e bateu cruzado para o fundo da baliza. Um golo muito festejado, aliás.

Nada mais justo, nada mais lógico. O Loures mereceu muito mais fazer a festa.

A equipa de André David foi crescendo no jogo, foi-se soltando, foi-se tornando mais atrevida e mostrou bons pormenores. Mesmo que a preparação física seja muito inferior, mesmo que a qualidade dos jogadores seja muito distante, o Loures defendeu bem e foi saindo para o ataque com fluidez. Mostrou bons princípios de jogo e uma excelente atitude.

O Sporting, esse, continua a ter mais sombras do que luzes.