Histórico! Duas finais na mesma época para um Rio Ave coeso, intenso, de coração enorme.

Depois do apuramento para a final da Taça da Liga, o clube de Vila do Conde está de regresso a uma final da Taça de Portugal, 30 anos depois da equipa treinada por Mourinho Félix, pai do «Special One», ter perdido com o FC Porto.

Desta vez, 10.974 dias depois do jogo de 1984, a final do Jamor será com o Benfica e, independentemente do resultado, é já certo que os vilacondenses serão recompensados com a estreia numa competição europeia, como representante da Taça de Portugal na Liga Europa.

O êxito do Rio Ave diante do Sp. Braga, nesta meia-final, é perfeitamente justo. Foi um misto de razão e emoção. Querer e cabeça. Depois do nulo no Minho, um triunfo claro, por 2-0, num jogo intenso, combativo, à pele.

O Sp. Braga quis, mas não pôde. Discutiu o jogo, teve oportunidades até para marcar primeiro, mas o seu futebol foi curto para o coração gigante dos homens de Vila do Conde.

Tudo certo, portanto.

Muito forte, muito forte

Foi uma bela primeira parte: intensa, superdisputada, com duas equipas a quererem procurar cedo um cedo que lhes desse vantagem na eliminatória.

O Rio Ave estava sedento de aproveitar o fator casa e, na verdade, soube fazê-lo: foi encostando o Braga às cordas, acelerou o processo ofensivo, foi somando bons lances.

Pedro Santos, a surpresa nas escolhas de Nuno Espírito Santo para o onze, baralhou as contas à defesa bracarense e protagonizou alguns dos melhores momentos ofensivos dos primeiros 45 minutos. Dinamizou o flanco direito (onde atuou preferencialmente), serviu Hassan, tentou o remate, por duas vezes, com perigo.

O Sp. Braga tentou conter o ímpeto inicial do Rio Ave e até parecia estar a conseguir. A espaços, o conjunto de Jorge Paixão também criou perigo, em algumas ações de Rusescu, Pardo e colegas, mas Ederson mostrava-se seguro.

O jogo mantinha-se aceso, equilibrado. Tudo estava em aberto.

Até que Ukra surpreendeu tudo e todos, com um golo tirado não se sabe bem de onde. Quase sem ângulo, o extremo vila-condense assina o 1-0, com livre direto do lado esquerdo. Eduardo, diga-se, deu uma ajuda: não imaginou o golpe, chegou tarde ao lance.

O Rio Ave acreditou ainda mais depois do 1-0. Esteve perto do segundo logo a seguir, forçou o Sp. Braga a demorar a reagir.

A tendência da eliminatória era cada vez mais do Rio Ave. A equipa da casa estava forte, muito forte.

Nuno melhor que Paixão


Esta foi uma vitória tática de Nuno Espírito Santo. Surpreendeu no onze, acertou na dose entre a posse de bola e os cuidados defensivos, mexeu corretamente (e até lançou Ruben Ribeiro que, seis minutos depois de entrar, fez o 2-0!).

Com qualidade individual, mas pouca chama coletiva, o Sp. Braga de Paixão saiu derrotado sem grande apelo, perdendo oportunidade de minimizar época negativa com uma presença na final do Jamor e na Liga Europa da próxima época.

O Rio Ave soube sofrer, soube mandar e, no final, soube gerir. Até afastou, na Taça, o fantasma dos jogos em casa que insiste em manter para a Liga. Mereceu, por inteiro, a festa total.