Victor Andrade é o último craque da «fábrica» do Santos, o clube que lançou Pelé e, nos últimos anos, Diego, Robinho, Ganso e Neymar. Uma jovem promessa, com apenas dezasseis anos, que estava referenciado pelo Benfica desde os onze e que esteve a um curto passo de assinar pelo clube da Luz. Agora assinou o seu primeiro contrato profissional, com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros, que o colocam no grupo dos «galácticos». Mas o Benfica continua no horizonte do jovem craque, garante o pai do jogador ao Maisfutebol.

«Ele esteve aí em 2007 e nunca esqueceu. Foi muito bem tratado e sempre disse que, depois do Santos, quer jogar no Benfica», contou Jorge Nelson, pai do jovem avançado. Mas comecemos pelo princípio.

Victor Andrade nasceu a 20 de Setembro de 1995, em Aracaju, no Sergipe, no nordeste brasileiro, e foi no Grémio local que ensaiou os primeiros pontapés na bola. Depois passou pelas escolinhas do Vitória, na Baía, mas foi dispensado ao fim de três meses. É nessa altura, em 2007, que se cruza com Lula, antigo central do Belenenses e do F.C. Porto, que o convida para participar no Mundialito de sub-12 que ia decorrer no Algarve. A altura não era a melhor, a mãe de Victor estava grávida, mas o jovem Victor, com apenas onze anos, decide dar o passo e atravessar o Atlântico. «Ele foi sozinho. Decidiu, arrumou a mochila e foi. Deu-se bem, foi vice-artilheiro com catorze golos», contou o pai.

É em Vila Real de Santo António que se dá o primeiro contacto com o Benfica, mas não com o clube. Victor joga o Mundialito em representação de uma Casa do Benfica. Numa equipa com dez portugueses, Victor Andrade deu nas vistas e chamou a atenção de um olheiro do clube da Luz. «Na altura já revelava um conjunto de competências significativas para a idade», conta Bruno Maruta, actual coordenador do departamento de prospecção do Benfica.

Seguem-se os contactos com os pais e, desde logo, fica acordada uma nova visita a Portugal, no mesmo ano, para participar num torneio em Aveiro. Desta vez o jovem Victor viaja com a mãe, visita o Estádio da Luz e volta a encantar, ajudando o Benfica a vencer o torneio, destacando-se como melhor marcador. O interesse do Benfica manifesta-se ao mais alto nível. «Recebi uma chamada do Luís Filipe [Vieira] com uma proposta», contou Jorge Nelson. O processo chegou a estar bem encaminhado, mas a idade de Victor e a distância entre os dois países atrapalha o processo. Para trazer Victor para Lisboa, o Benfica estava obrigado a avançar com contratos de trabalho para os pais.

O Benfica não desiste e marca nova viagem para o jovem jogador. Mas as notícias do sucesso de Victor em Portugal já tinham chegado ao Brasil. Empresários e clubes apertam o cerco e, a poucos dias de regressar a Lisboa, uma proposta do Santos desvia Victor da Luz. Era um sonho poder seguir as pisadas de Robinho, o seu ídolo de sempre. O Benfica podia esperar. «Nós só queremos o melhor para o Victor, quem decide é ele. O Santos era um sonho, mas ele deixou sempre a porta do Benfica aberta», conta o pai. Mas foi a mãe que conseguiu anular o compromisso assumido com o Benfica.

Agora, aos 16 anos, Victor assinou um contrato com uma cláusula de 50 milhões, mais cinco milhões dos números que mantêm Neymar preso na Vila Belmiro. Mas para o pai, Victor não está refém do clube paulista. «Aí acho que é a vontade do jogador tem de ser respeitada. Foi isso que ficou acordado com o Santos, a última palavra é do Victor». A verdade é que o Benfica manteve sempre Victor debaixo de olho. «Desde 2007 que é um jogador referenciado pelo Benfica», conta Bruno Maruta. O pai do jogador vai mais longe e revela, inclusive, uma certa intimidade com o presidente dos encarnados. «Sempre falei muito bem com o Luís Filipe, foi sempre muito simpático connosco. Se chegar uma proposta do Benfica, vamos sentar e conversar. Ele sempre disse que, depois de jogar no Santos, quer jogar no Benfica», insistiu o pai.