Era proibido perder sob risco de ficar fora da Liga dos Campeões já nesta 5ª jornada. Zenit e Benfica sabiam que ambos entravam em campo para defrontar-se nessa situação. Por isso, tanto a equipa de André Vilas-Boas como a de Jorge Jesus presidiram a respetiva atuação por, primeiro do que tudo, não perder para depois ver o que havia a ganhar.

Este mote estratégico traduziu-se num jogo sem muitos riscos assumidos, sem grande qualidade a compensar essa ausência, com poucas oportunidades de golo; de parte a parte. A posse de bola dividida em partes iguais de 50% para cada lado é um dos melhores exemplos de quão dividido foi este jogo assim jogado.

Benfica e Zenit assemelharam-se bastante nos números do jogo, mas com uma ligeira superioridade para a equipa russa (no que acabou por ser mais importante); que acabou por ser a vencedora, mesmo que o golo não seja uma consequência exclusiva desta ligeira supremacia estatística. O golo foi, antes de mais, uma boa jogada cuja execução de Hulk e Danny deixou a defesa benfiquista batida.

A equipa de Vilas-Boas acabou por ficar acima no número de remates (7-6); o Benfica teve mais cantos (6-5), por exemplo. Na percentagem de passes acertados, as duas equipas voltaram a equivaler-se: 71% para o Benfica; 70% para o Zenit (em universos de 371-335 nos tentados e de 265-235 nos completados).

O aspecto do jogo em que o Benfica acabou por ficar realmente a perder para o Zenit acabaram por ser as perdas/recuperações de bola na zona defensiva. A equipa de Jorge Jesus perdeu muitas bolas ainda em zona de primeira construção do ataque depois de ganhar a posse. O Zenit, pelo contrário, não perdeu qualquer posse bola nesta zona do campo. Este fator determinante no andamento do jogo é um dos fatores em análise pelo Centro de Estudos do Futebol da Universidade Lusófona, aqui apresentado.





O Benfica tinha começado melhor o segundo tempo, criou ocasiões para marcar, não conseguiu, acabou por permitir a reação do Zenit. Essa aconteceu a par deste aspecto que já analisámos como determinante para que o jogo terminasse com um vencedor. A equipa russa começou a ganhar (a tal ligeira) superioridade nessa fase em que conseguiu ganhar muitas bolas na zona defensiva do Benfica e o clube da águia ia somando perdas. Foi a partir dessa reação do Zenit que a equipa de Vilas-Boas encontrou a arte para fazer o golo vitorioso.

Jorge Jesus acabou por ficar com o Benfica mais uma vez na fase de grupos da Liga dos Campeões. Em cinco presenças, o técnico português só conseguiu apurar os encarnados para os oitavos de final numa ocasião. Essa vez foi na época 2011/12. E, curiosamente, o adversário desses «oitavos» também foi o Zenit – então, o Benfica eliminou a equipa russa e chegaria aos quartos de final (eliminado pelo Chelsea).Neste saldo negativo em relação à participação na fase de grupos, Jorge Jesus está com um registo de 12 vitórias, sete empates e 14 derrotas. Nos golos, o Benfica de Jesus está com um saldo negativo de 35-41.

Contas feitas, se nas outras quatro vezes na Europa via Liga dos Campeões (a primeira época de Jesus no Benfica foi logo passada na Liga Europa chegando aos quartos de final), o treinador português tinha levado a equipa encarnada à Liga Europa também três vezes (com umas meias-finais e duas finais) e uma vez aos «quartos» da Champions, nesta época ficou sem nada em novembro - desde 2000 que o Benfica não ficava fora da Europa no período de dezembro. A pior prestação europeia do Benfica de Jesus acabou por ter a marca do Zenit, desforrado do anterior encontro. Este Zenit que tanto diz a este Benfica de Jesus.