Em Julho de 2007 o desafio era este: fazer uma edição do Maisfutebol em papel, para Angola, a partir de Lisboa. Pensei: «Estes gajos são doidos, pá!» Os recibos verdes e a vontade de, por fim, trabalhar com pessoas de quem já ouvia falar desde sempre, desde que era um professor estagiário em Silgueiros, Viseu, levaram-me a dizer sim. Claro que ia dizer sim. Até porque planeava ficar mais tempo.

Portanto, durante Julho e Agosto de 2007 não tive folgas. Dividia-me entre dois empregos. Às segundas e terças estava sempre no Maisfutebol. A ligar para Angola. Setembro chegou e o convite para ficar também. Disse que sim. Adeus recibos verdes. Olá ao melhor jornal online do país, há tantos anos referência, há dez anos discutido lá por casa, onde somos todos jornalistas.

Um dia, em Novembro de 2007, enviaram-me para Paris. Se estes gajos eram malucos o suficiente para fazer um jornal impresso para Angola, maluco tinha eu de ficar. E foi quase à loucura que o Luís Sobral e companhia me levaram, quando me enviaram para Grigny, arredores de Paris, para fazer cobertura da selecção angolana. (Se alguma vez pensar ir àquela localidade francesa, não vá! Eu não recomendo!) Por isso mesmo, é que me vingo agora do Sobral. Por isso vou dizer a toda a gente qual é o clube dele.

Antes, porém, fique a saber que nessa semana de Novembro havia greve de transportes em Paris. E isso, em França, significa que ninguém vai a lado nenhum. «Chefe, vou pagar 85 euros por um táxi!!!». Fui sozinho, como quase sempre vamos aqui no Maisfutebol, quando vamos ao estrangeiro. Vim de lá como um veterano. Se sobrevivi a uma semana de Grigny, com greve de transportes públicos, se consegui chegar ao hotel depois de andar desesperado à procura de um táxi depois do Angola-Costa do Marfim, não há nada que receie.

Essa aventura teve espírito Maisfutebol. É sobreviver onde poucos conseguem: sobretudo, na isenção e no rigor. É gostar do trabalho de jornalista, seja ele no bar de um hotel de cinco estrelas, ou numa rua pouco aconselhável, como as de Grigny; seja no Santiago Bernabéu ou no estádio do Estrela da Amadora.

Por cá, somos todos muito diferentes. O Nuno Madureira, por exemplo, perdeu o cabelo todo a tentar meter na cabeça a história do futebol mundial. «A tua camisola do Dino Zoff tem um erro histórico, a Itália em 82 não era Adidas, em 82 equipava Le Coq Sportif»,disse-me um dia, sobre uma réplica do guarda-redes.

A Magda, um «coração mole» pode não ter esses números todos, mas se é preciso alguma coisa, ela arranja. O Vítor é do Porto, ou de Rio Tinto, não sei bem, e é hiperactivo: o rapaz só está bem ao telefone, em contactos. E por aqui fico, só para terem uma ideia.

Como disse, somos muito diferentes, mas defendemos todos a mesma camisola. E essa diz em bold Maisfutebol. O capitão do clube é o Luís Sobral...e eu, para embirrar com ele, como ele faz com os leitores, digo que sou o Messi. E agora, coragem para despedir o melhor do Mundo?

P.S.- ao melhor estilo do Luís Sobral, um post scriptum. Caro leitor, se o desiludi, se estava à espera que dissesse Benfica, F.C. Porto, Sporting, Braga ou Vitória de Guimarães, saiba que por cá somos deles todos e ao mesmo tempo de nenhum. Somos pelo jornalismo, que adoramos, para que você possa entender melhor o seu clube, para gostar ainda mais dele, para que as estórias de David Luiz, Falcao, Liedson, Meyong ou Nuno Assis, e de atletas de outras modalidades, sejam contadas e que o ruído dos dirigentes não passe disso mesmo: ruído, num desporto lindo. Esse é o nosso clube, a nossa paixão.