Foram momentos marcantes, pois os dragões, num curto espaço de tempo, conquistaram os seis troféus mais importantes a nível nacional e internacional: Taça dos Campeões Europeus, Supertaça Europeia, Taça Intercontinental, Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Supertaça de Portugal.
Os adeptos gostam de saborear todos estes triunfos, mas Viena perdura como a palavra mais apetecida ou muito mais do que isso. 27 de Maio de 87, Estádio do Prater, Bayern de Munique, calcanhar de ouro, memórias soltas que fazem sorrir milhões de pessoas por todo o mundo. É bom que se diga que na altura poucos eram os que acreditavam na vitória, porque do outro lado estava um adversário fortíssimo, mas também porque Gomes não ia jogar (lesionado) e Casagrande, apesar de convocado, não estava em condições de actuar.
Com o Prater apinhado de alemães, o Bayern sentiu-se em casa. Munique dista apenas 400 quilómetros de Viena e isso sentia-se a cada grito dos germânicos. A primeira parte foi muito pobre e ainda por cima com a infeliz saída de Mlinarczyk da baliza, que proporcionou a Koegl o primeiro golo. Os alemães tinham uma equipa poderosa, recheada de internacionais, vice-campeões mundiais em 82 e 86, e ainda com o fabuloso Pfaff na baliza.
Momentos mágicos
Todo esse poderio, porém, estava pronto a desmoronar-se. Bastou que Artur Jorge agarrasse a equipa no balneário em poucas palavras: «Esta final foi difícil de alcançar, tudo isto é um sonho, mas na realidade estamos a perder. Temos de ir à luta como se a vida acabasse daqui a 45 minutos. Não nos vamos perdoar se deixarmos perder este sonho». Artur acreditava nos jogadores fortes psicologicamente, lançou o repto e fez entrar Juary para o lugar de Quim.
A primeira ameaça surgiu dos pés de Futre. Aos 63m partiu com a bola nos pés, fintou quase toda a gente, mas rematou mal. Se entrasse, seria um golo de fazer inveja a Maradona, que um ano antes tinha feito um parecido à Inglaterra. O aviso estava feito e 14 minutos depois, já com Frasco em campo, o médio coloca a bola em Juary, que foge pela direita, entra na área, faz uma finta a Pfaff e cruza para a área, evitando o central Nachtweith. Madjer preparava-se para entrar na pequena área e vê a bola fugir-lhe. Eis que decide parar, abrir as pernas e empurrar a bola para o fundo de uma baliza deserta. Incrível e de calcanhar.
Dois minutos depois, instantes depois de Madjer ser assistido fora do relvado devido a cãibras, o argelino recebeu a bola de Celso, fugiu pela esquerda, fintou Pflueger e centrou largo para a área, onde estava Juary para fazer o segundo. Até ao fim nada mais. Apenas aquela correria louca do capitão João Pinto, que nunca mais largou a Taça desde que lha entregaram para as mãos. Na altura balbuciou entre lágrimas: «Meu Deus, uma rapaz como eu com a Taça dos Campeões nas mãos...»
Os momentos de euforia transportaram-se obviamente para a cidade do Porto e para os milhares de adeptos que esperavam pelos heróis em pleno Estádio das Antas. A viagem da comitiva foi uma festa, com todos os jogadores a poderem tocar na Taça.
Futre já sabia que ia jogar no At. Madrid e Artur Jorge preparava-se para aceitar o convite do Matra Racing de Paris. Mas a equipa não se desfez e continuou a ganhar. Seguia-se a neve de Tóquio e mais títulos ainda, com um percurso semelhante a acontecer em 2004, na era Mourinho, que tinha começado na conquista da Taça UEFA, um ano antes, e só terminou em Dezembro, quando a equipa, então orientada por Victor Fernández, levantou a Taça Intercontinental.
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