2004, Figuras de Mérito Duvidoso: invasões com mais ou menos roupa

Ainda os jogadores portugueses devem estar a pensar que «cometa» de calções curtos vermelhos e meias vermelhas, de topless, foi aquele que atravessou o campo durante o jogo entre Portugal e Letónia, a 4 de Setembro. O jogo estava empatado aos 54 minutos, quando entra no relvado Liene Baldure, ou «Morango» para os amigos, como gosta de ser tratada, semi-nua, bem disposta e sorridente, principalmente para os jogadores portugueses aos quais se chegou muito perto. Foi um longo instante até ser interceptada pelos polícias que, delicadamente, a levaram para fora do relvado para que continuasse o outro espectáculo.
A ver pelo minuto do golo português (56m) poderia dizer-se que foi um bom tónico para o exército luso, especialmente para Cristiano Ronaldo, que marcou o primeiro golo da partida. Scolari riu muito. «Morango» foi indiciada por comportamento indevido e arriscou uma pena até dois anos de prisão. Acabou por sair com uma pena suspensa de seis meses. Só teve de tentar não fazer o mesmo durante 180 dias. Para o ano espera-se mais.
O Europeu de futebol trouxe também momentos divertidos de invasão. Sempre com a Selecção Nacional em jogo. O mais mediático aconteceu na final da competição, com a Grécia. Jimmy Jump entrou pelo relvado para onde estavam viradas todas as atenções, simulou por entre os jogadores fugindo aos vários stewards que atarefadamente correram atrás dele. Passando por Figo, atirou-lhe uma bandeira do Barcelona e da Catalunha, a vingança, e depois correu para a baliza da Grécia e de braços abertos atirou-se contra as redes, fazendo ele próprio um golo.
Antes, no Rússia-Portugal, Ovchinnikov foi expulso e quase ao mesmo tempo um jovem adepto saltou o muro, passou por Ricardo e correu todo o campo na direcção do guardião. Ninguém se mexeu. Por fim, e já perto de Ovchinnikov, o adepto foi agarrado pelos stewards e levado. Ficou o susto no estádio que pouco tempo antes tinha visto um incidente ainda mais grave no campeonato português.
Porque 2004 não foi só um ano de invasões pacíficas. Quem não se lembra do Sporting-Benfica, da penúltima jornada da Superliga 2003/04 quando vários elementos de uma claque leonina entraram em campo com paus em direcção aos jogadores encarnados? Uma invasão controlada pela polícia com o auxilio do administrador do Sporting, José Eduardo Bettencourt. Às portas do Europeu.
Lá por fora, houve uma invasão que misturou o pacifismo com o terror. O jogo entre a Lazio e a Roma no derby daquela cidade foi interrompido logo após o intervalo pelos próprios adeptos, que pediram aos futebolistas para não jogarem depois de correr o boato de que uma criança tinha sido mortalmente colhida por um veículo da polícia nas imediações do estádio.