O topo do mundo. Após dois anos absolutamente notáveis, com conquistas praticamente inigualáveis a nível interno e externo, o F.C. Porto cumpriu mais um passo na sua gloriosa caminhada ao conquistar a segunda Taça Intercontinental do historial. O momento fica marcado, mas a exibição não foi deslumbrante, até porque o adversário não ajudou.
O Once Caldas revelou-se mais frágil do que todos poderiam pensar, remeteu-se à defesa e jogou para os penalties, acreditando que a sua principal referência, o guarda-redes Henao, pudesse tornar-se a figura do jogo, defendendo um punhado de defesas e levando o Toyota [prémio de melhor jogador] para casa. A bola bateu quatro vezes nos ferros, chegou a entrar na baliza em duas ocasiões, mas os árbitros auxiliares entenderam que McCarthy estava em fora de jogo.
0-0 após o prolongamento e, na lotaria dos penalties, quem brilhou foi um defesa: Pedro Emanuel. Afinal Henao não defendeu qualquer remate e dois dos seus colegas não acertaram na baliza, pelo que o central tornou-se no herói do jogo, marcando o remate decisivo e permitindo a Maniche (que tinha falhado) ser considerado MVP.
Na distante cidade de Yokohama, os dragões celebraram o título no mesmíssimo estádio que coroou a selecção brasileira em 2002. Victor Fernández aludiu a isso mesmo na véspera, falando nos compatriotas dos campeões mundiais existentes na equipa do F.C. Porto. Diego, Carlos Alberto, Luís Fabiano, Derlei ou Pepe acabaram por não ter uma influência decisiva, mas a sua presença ajudou a elevar a equipa a um estado de alma superior. Para além da natural vontade de vencer, muitos outros aspectos vinham atrelados, como a necessidade latente de Diego e Luís Fabiano vingarem as derrotas na Taça Libertadores, precisamente com o Once Caldas.
Esse aspecto surgiu de forma gritante durante a marcação das grandes penalidades. Se antes disso um defesa colombiano tinha arrancado o aparelho dos dentes superiores de Luís Fabiano, Diego marcou o primeiro golo a Henao e partiu para o insulto, descarregando frustrações antigas e avisando o guarda-redes que desta vez não sairia por cima. Tolhido pelas emoções, o «maestrinho» nem sequer pensou que poderia prejudicar a equipa, porque foi expulso e logo afastado da primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, com o Inter de Milão.
Longe da euforia dos protestos esteve, pela primeira vez, o presidente Pinto da Costa. As ligações ao caso «Apito Dourado» acabariam por tornar incómoda a viagem ao Japão, pelo que o líder assistiu a mais um feito do clube de muito longe, do outro lado do mundo, em Portugal. Alheio a tudo isto esteve Carlos Alberto, que «beijou geral» as figuras presentes no palanque de atribuição das Taças (inclusive Platini) e na viagem de regresso não se cansou de marcar o ritmo com a pandeireta, pelo menos enquanto os colegas não a esconderam.