A Revolução de 25 de Abril de 1974 é conhecida pela contenção no número de baixas resultantes, mas também por episódios (mais ou menos) violentos que se seguiram, sobretudo, no ano seguinte, quando os primeiros passos pós-Antigo Regime foram dados aos tropeções e com vários zigue-zagues, em momentos de tensão do ano de 1975 como o que ficou conhecido por «Verão Quente» ou o dia 25 de Novembro.
Uma das situações mais recorrentes foi a ocupação, quer de casas, propriedades, empresas, fábricas, um pouco de tudo, e até a da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Um episódio que se acabou por se mostrar inofensivo em relação ao carácter do acto, mas, ao mesmo tempo, extremamente significativo dos tempos que se viviam, como contou ao Maisfutebol o presidente da FPF que sofreu a invasão, Jorge Fagundes.
«Foram tempos com alguma perturbação. Vou contar-lhe uma. Houve um clube desportivo, que não interessa dizer quem (mas nem era de primeiro plano, era modesto), que um dia foi fazer uma ocupação da federação.» «Estavam na moda as ocupações das casas. Eles sentiram-se prejudicados e foram fazer a ocupação da federação», frisou de novo Jorge Fagundes situando a história no período do «próprio Verão Quente, pois é nessas alturas que os clubes ou descem ou não sobem e há mais reivindicações». «Ainda hoje. E houve um clube que foi ali fazer uma ocupação», manteve o antigo dirigente.
«Esta ocupação da federação foi perfeitamente pacífica e resolveu-se pacificamente. Não tenho nada a dizer de ninguém», assegurou Jorge Fagundes sem, no entanto, deixar de situar este manifesto pacífico na perturbada conjuntura da época: «Representou um pouco a moda que havia na altura: a ocupação das casas, a ocupação das empresas... Também vamos ocupar a federação! e lá apareceu um grupo a invadir a federação.»
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