O golpe de Estado do 25 de Abril de 1974 não afectou imediatamente o mundo do futebol. Nesse mesmo dia as equipas trabalharam como habitualmente, preparando os jogos da Taça de Portugal desse fim-de-semana. No F.C. Porto, por exemplo, Bella Guttman orientou um treino de conjunto, marcado pelas ausências dos atletas que estavam na tropa, e em que António Oliveira foi repreendido por não ter passado a bola aos companheiros.
No fim-de-semana, havia oitavos-de-final da Taça e tudo decorreu conforme o previsto. Os primeiros jogos tiveram lugar no sábado, dia 27. Atlético e Farense empataram a uma bola (levando depois a um jogo de desempate). No Estádio do Bessa, o Boavista recebeu o Famalicão.
Nesse sábado, vivia-se ainda a ressaca da revolução, a liberdade dava os primeiros passos e o clima era, obviamente, de alguma tensão. Antes de o encontro começar, João Mexia Alves, então presidente dos axadrezados, leu um comunicado em que agradecia às Forças Armadas o facto de terem permitido que o jogo se realizasse e em que apelava a que os 5 mil espectadores presentes se comportassem com rectidão; a Junta de Salvação Nacional enviara para o Bessa uma força da GNR, de modo a manter a calma. Mas a polícia teve uma tarde perfeitamente descansada.
A partida decorreu sem incidentes e a equipa da casa venceu por 5-1, com golos de Acácio, Vasco, Taí, Moura, Vítor Palma (na própria baliza) e Rufino.
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