Faltam sensivelmente duas semanas para a reabertura do mercado, época em que os clubes tentam comprar aquilo que falhou no verão, ou preencher lacunas entretanto deixadas a descoberto. Por cá não se esperam grandes movimentações entre os principais emblemas, até pelas limitações financeiras, mas haverá sempre espaço para alguns acertos.

Os treinadores podem até nem revelar em conferência de imprensa os presentes pedidos, mas no interior das estruturas já terão confessado os seus desejos. Mesmo que a prioridade seja não deixar sair ninguém, como deve ser o caso de Leonardo Jardim.

Para este
Sporting que lidera a Liga com toda a justiça, o ideal (pelo menos no plano desportivo) seria conservar as suas principais figuras. Rui Patrício, William Carvalho, Adrien, André Martins ou Montero, entre outros, são figuras para manter, ao que tudo indica, até pela possibilidade de alguns destes nomes marcarem presença no Mundial2014, e por isso saírem valorizados.

No que diz respeito a entradas, os objetivos do Sporting parecem bem definidos: um central, um médio e um extremo, mas só na perspetiva de um bom negócio, enquadrado no rigor orçamental dos últimos tempos.

O perigo aqui é estragar o que está bem, pelo que os reforços devem ser elementos encarados como indiscutíveis mais-valias, embora o problema passe também pela quantidade. Faz sentido que o Sporting pense num central, mas se for alguém que chegue para se assumir como um líder na retaguarda, e não apenas um quarto elemento para se juntar a Maurício, Rojo e Dier, ainda com algo a mostrar. O mesmo se aplica ao meio-campo, acreditando que Vítor ainda terá uma palavra a dizer. E quando se fala do extremo deve pensar-se em alguém para dar outro «poder de fogo» à equipa, e não apenas mais uma opção para entrar na rotatividade habitual.

No que diz respeito ao FC Porto, as dores de cabeça de Paulo Fonseca têm sido duas: o elemento que faz companhia a Fernando e Lucho, e as asas do ataque. Se no primeiro caso parece uma questão de acerto, e não de falta de opções, a necessidade de um extremo desequilibrador parece evidente. Confirmando-se a chegada de Ricardo Quaresma é preciso perceber em que condições está o «Harry Potter». Será que ainda está capaz de fazer a diferença?

A lista de Paulo Fonseca não ficará por aqui, no entanto, tendo em conta que, após o afastamento de Jorge Fucile, o técnico portista ficou só com dois laterais. Torna-se imperativo, por isso, procurar alternativas a Danilo e Alex Sandro. Nem que seja alguém que, tal como o uruguaio, faça os dois lados.

O Benfica é a equipa com mais soluções, pelo que o principal desejo de Jorge Jesus será, seguramente, a recuperação de dois elementos preponderantes: Óscar Cardozo e Eduardo Salvio.

O lado direito do ataque tem dado algumas dores de cabeça ao técnico, mas sobretudo por causa das lesões. Não só de Salvio, mas também de Sulejmani e Markovic, pelo que não se parece justificar um reforço deste posto, ainda que Ola John possa estar de saída.

Nas laterais defensivas também tem existido alguma instabilidade, mas igualmente associada a problemas físicos, nomeadamente à esquerda (Siqueira e Sílvio). Aqui, a justificar-se uma contratação, a SAD benfiquista teria de olhar sobretudo a médio/longo prazo, tendo em conta que Sílvio e Siqueira estão emprestados, e analisando também o rendimento de Maxi Pereira no último ano e meio, essencialmente.

P.S. (para seguir): Tem apenas 18 anos e é, nesta altura, a maior promessa do futebol escocês. Ryan Gauld é um talento fabricado pelo Dundee United, já com presença sólida na equipa principal. É certo que ser uma promessa do futebol escocês não representa, por si só, grande rótulo, mas Gauld tem um nível técnico bem acima do padrão habitual neste país. Um médio ofensivo de baixa estatura e finta curta bem mais tradicional em países do sul da Europa. Um talento a ser seguido pelos principais emblemas europeus.



«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.