O Maisfutebol desafiou os treinadores portugueses que trabalham no estrangeiro, em vários pontos do planeta, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

Leia a apresentação de Bruno Marinho

BRUNO MARINHO, Al HAMRIYA (EAU)



«Meus amigos,

Depois da apresentação que fiz na minha primeira crónica, vou falar-vos agora do choque cultural que senti na altura da minha chegada aos Emirados Árabes Unidos.

Bom, mas antes disso, vou contar-vos o primeiro grande impacto que senti: as elevadas temperaturas. Nos meus primeiros minutos em solo do Dubai fui recebido por uma temperatura de 50 graus! É certo que era também Verão em Portugal, mas a diferença é, ainda assim, incomparável.

Pois bem, num país onde a chuva é visita pouco vista, fui-me adaptando às altas temperaturas e à elevada humidade. A hidratação tem de ser muita e as saídas para a rua são pouco aconselháveis. Passava os dias nas instalações do clube, que de facto tem muito boas condições (nomeadamente ginásio bem equipado, piscina e cinco bons relvados), ora conversando com o staff, ora trabalhando esquemas de treino no meu computador.

Mas ao mesmo tempo que estava a integrar-me num país onde os termómetros sobem bem alto, fui confrontado 'in loco' com o Ramadão. Já era conhecedor de algumas das práticas a que os árabes estão sujeitos nesta altura do ano, mas vivê-las em pleno é diferente.

Beber e comer em público está fora de questão. Durante o dia, os restaurantes estão encerrados e nos centros comerciais as zona de restauração não funcionam entre o nascer e o pôr-do-sol.

Como gosto de respeitar as culturas de cada país e região, lidei com isso com a maior naturalidade, até para não ter problemas judiciais... Passado este choque cultural fui conhecendo melhor o povo árabe. Posso dizer que os árabes não são muito rigorosos no que diz respeito a cumprir horários, são algo desconfiados e também lentos a nível de burocracia ¿ sim, ainda mais do que em Portugal.

Também a nível gastronómico senti várias diferenças. Embora continue a comer frango e outros sabores bem ocidentais, há comportamentos bem distintos dos nossos. Comer sentado no chão é prática comum por estas bandas. Mas até nisso já vou parecendo um árabe.

O Emirado do Dubai é vanguardista e exala riqueza. É um país muito proactivo, embora muita (a maior parte) da grande força motriz seja personalizada por estrangeiros. Muitos dizem que é um país de chegar, trabalhar e partir.

Bom, na próxima crónica vou abordar a chegada ao Al-Hamriya e como me adaptei a este futebol. Agradeço, mais uma vez, ao Maisfutebol por poder explanar a minha vivência no Médio Oriente e também o trabalho que vou desenvolvendo.

Saudações desportivas desde os Emirados Árabes Unidos!

Um abraço,

Bruno Marinho»

A vida em Al-Hamriyah: