Noventa minutos a olhar para Messi. Quem gosta de futebol sabe que isto não é trabalho, costuma ser prazer. Excepto para quem tem de marcar o argentino. Desta vez tocou a um português. E saiu-se bem. Muito bem, aliás.
Hiddink escolheu Bosingwa para defrontar Messi. E faz sentido. O lateral é rápido, experiente e não se amedronta com facilidade. O facto de jogar pela direita também facilitava, em teoria. Messi gosta de partir da linha para dentro, em direcção ao pé normalmente mais fraco do adversário. Esta noite não foi.
De resto, o duelo entre Messi e Bosingwa só o foi verdadeiramente duas ou três vezes. Aos oito minutos ensaiou o primeiro um para um. Perdeu a bola. Aos treze passou e o português teve de o travar antes da grande área. Depois disso, o «10» do Barcelona passou a preferir o interior do campo, o que permitiu ao lateral do Chelsea respirar um pouco melhor.
E que fez Messi? Muita coisa, embora nenhuma digna de figurar no seu livro de maravilhas. Dos avançados catalães, foi o único que ficou até ao fim. Combinou bem com Daniel Alves e foi quase sempre a única esperança de chegar ao golo.
Não que Messi tenha criado alguma oportunidade. Apenas porque sempre que cola a bola ao pé esquerdo o mundo sabe que tudo pode acontecer.
Vamos a factos. Na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, Messi entrou a perder uma bola. Depois um passe. O tal duelo com Bosingwa aos oito minutos. Toque. Finta que se perde. Perda de bola. A já referida falta cometida por Bosingwa. Um livre para fora. Foi assim o primeiro quarto de hora.
Aos 17 meteu a bola entre dois jogadores do Chelsea e permitiu a Daniel Alves um lance de perigo. No mesmo minuto remata para Cech defender. Mais toques. Mais uma falta sofrida. Cartão amarelo para Alex. Toques. Perdas de bola. Intervalo.
Os primeiros dez minutos da segunda parte são acidentados para o jogo. Messi desaparece. Regressa quando os catalães já lamentam uma hora perdida. Até aos 70 minutos podemos encontrá-lo por todo o campo. E pelo menos uma vez com Bosingwa atrás. Por falar nisso, o português está cada vez mais tranquilo. Sim, pelo meio puxou a camisola de Henry na grande área. Mas ninguém viu. Pelo menos ninguém da equipa de arbitragem.
Sai Eto¿o. Sai Henry. Messi foge para dentro, a direita fica para Daniel Alves. É o brasileiro que oferece, a cinco minutos do fim, a melhor oportunidade do Barça a Bojan. Bola por cima.
O tempo está a passar. Messi combina com Iniesta, coisa rara neste jogo. Ballack faz falta. Deveria ter sido expulso. Não foi.
O jogo acaba logo a seguir, com Bosingwa disparado pelo flanco direito. Para o português terminava perfeita a noite de Camp Nou. Olhou para Messi e seguiu em frente.
Esta análise foi feita a partir das imagens do Barcelona-Chelsea, transmitidas pela Sport TV