Portugal já conheceu dois dos mais promissores membros do clã NDoye, Dame, o mais novo, que trocou no final da última época a Académica pelo Panathinaikos com polémica à mistura, e Ousmane, mais velho, também jogador da Briosa. Mas a família não se fica por aqui. Há ainda uma irmã, que também é desportista, neste caso praticante de andebol.
Foi com essa irmã, a mais velha de todos, que Ousmane começou a ganhar, ainda com tenra idade, o gosto pelo desporto. «Eu assistia aos treinos e jogos, mas todos gozavam comigo e diziam que aquilo era uma modalidade para raparigas. Por isso, enveredei pelo basquete, com o meu irmão Malick, que ainda hoje joga num grande clube do Senegal, mas nunca quis vir para a Europa», conta o médio dos «estudantes».
A prática desta modalidade é mesmo um dos passatempos predilectos de NDoye. Já em África, em frente à sua casa, há um cesto que quase não tem descanso durante o dia, e, em Coimbra, como não podia deixar de ser, também gosta de praticar na rua, em equipas de três para três improvisadas, consoante o número de participantes.
Os bons desempenhos até já lhe valeram convites de treinadores locais, certamente pouco familiarizados com o futebol e desconhecedores de quem é, na realidade, aquele poste com muita qualidade nos lançamentos triplos. A todos, Ousmane, obviamente, responde apenas com um sorriso.
Mediatismo do futebol venceu o basquete
O futebol só chegou à sua vida de forma séria quando tinha 13 anos e ainda tentou conciliar as duas modalidades durante um tempo. Depois, percebeu claramente qual iria ser o seu caminho. «Apesar de o basquetebol me dar imenso prazer - ainda hoje, na televisão, prefiro-o a um jogo de futebol - era uma actividade com pouco mediatismo e, por isso, troquei os cestos pelas balizas», desvenda.
A escolha revelou-se acertada. Além de ter deixado a sua terra natal, Thiès, para ingressar no mítico Jeanne D¿Arc, em Dacar, serviu todos os escalões da selecção do Senegal e, como muitos compatriotas, foi jogar para França, para o Toulouse, aos 22 anos, depois de ter sido eleito melhor jogador numa competição no Mali para selecções africanas de esperanças.
Esteve para ir ao Mundial 2002, na Coreia/Japão, exactamente aquele em que os senegaleses humilharam os campeões do Mundo, no jogo de abertura. «É verdade, podia ter participado nesse famoso encontro. Estava seleccionado, entrei em estágio, até fui recebido pelo presidente do País com toda a comitiva, mas o meu clube requisitou-me para um último jogo e acabei por me lesionar», recorda, com nostalgia, mas sem ressentimentos.
Os primos de Ousmane também têm queda para o desporto. No ano passado, um deles (Philippe) ainda tentou impressionar Manuel Machado, mas acabou por ficar num clube dos escalões secundários da região. Já outro primo, Maleye NDoye, passou pelo basquetebol do Benfica e foi uma das razões que levou o senegalês a não perder um jogo dos encarnados quando estava no Estoril.
Em suma, a família NDoye tem o desporto nos genes, devido em grande parte à influência da matriarca da família, que foi uma vedeta do atletismo, várias vezes campeã de África.