Foi há mais de 40 anos e a distância temporal já lhe prega algumas partidas, mas Manuel António, autor do primeiro e do último golo da Académica nas provas da UEFA, ainda se recorda bem desse período entre 1968 e 1971 em que os estudantes se passearam pela Europa. O Maisfutebol foi ouvi-lo, mais uma vez.

Se Coimbra tem mais encanto na hora da despedida, comecemos então pelo fim. No adeus às provas internacionais, em Setembro de 1971, frente a um Wolverhampton que foi, simplesmente, forte de mais. «Marquei de chapéu, no início do jogo, e deu-nos alguma esperança, mas depois rebentaram-nos com quatro golos. Foi justo», relembra.

A derrota, por 3-0, em Inglaterra, já havia sido suficientemente pesada. Pouco havia a fazer. «Era, na realidade, uma boa equipa naquela altura. Foram, indiscutivelmente, melhores. No primeiro jogo, eu que era avançado, parecia que estava lá a fazer atletismo. A bola só me chegava quando o nosso guarda-redes batia os pontapés-de-baliza», completa, entre risos.

Moeda ao ar eliminou-os frente ao Lyon

Tudo fora tão diferente em 68, na primeira experiência do género da Briosa, frente ao Lyon. No final, os de Coimbra acabaram também eliminados da extinta Taça das Cidades com Feira, mas desta feita foi o sistema de moeda ao ar que os afastou. «Essa sim, esteve ao nosso alcance», admite, evocando o golo de calcanhar que levou a eliminatória para o malfadado desempate.

Pelo meio, em 69/70, a Académica conseguiu um brilharete: chegou aos quartos-de-final da também já finda Taça das Taças. Eliminou o KuPS, da Finlândia, o Magdburg, da antiga RDA, e só caiu aos pés Manchester City, no segundo jogo, com um golo aos 120', depois de um nulo na cidade do Mondego.

Manuel António, do acampamento da tropa para o Jamor



Passado 41 anos, os nomes nas camisolas são outros, bem diferentes, mas a esperança de reeditar essa época em particular permanece idêntica. «Vamos ver se nos trazem uma prenda e fazem um bom resultado com os checos», ambiciona Manuel António.

«Eu acredito. A equipa está bem e, no ano passado, cometeu aquelas proezas todas quando parecia a caminha da II Liga. Foram festas atrás de festas. O Atlético de Madrid é claramente favorito, mas entre nós, os checos e os israelitas, se acreditarmos no nosso valor, acredito que podemos ficar em segundos», vaticina.

A Académica joga esta quinta-feira (18h00), em Plzen, diante do líder da Liga Checa, que conta com Pavel Horvath, que foi campeão pelo Sporting em 2001, e onde debutaram Pavel Nedved e Petr Cech, entre outros.

A comitiva parte esta terça-feira para o Porto, de onde sairá manhã cedo na véspera do encontro. Á tarde, Pedro Emanuel e um jogador falarão aos jornalistas, antes do treino de adaptação ao relvado do Doosan Arena.