Já é costume ver a Naval ir a Coimbra estragar quaisquer planos de vitória da equipa da casa, seja com que objectivo for. Nesse sentido, o derby deste sábado nada estava a trazer de novo até ao minuto 65. Em apenas seis minutos, a Académica deu a volta ao texto e desmoronou por completo uma Naval que estava a ser quase perfeita mas terá sentido um colapso físico, depois de uma primeira parte de qualidade.
Esta partida teve, ainda assim, o condão de permitir aos figueirenses largar a máquina de calcular mas, mais uma vez, não pelo que fizeram mas sim pela ajuda de terceiros. Como o Trofense perdeu com o F.C. Porto, a equipa de Ulisses Morais garantiu a permanência matematicamente.
Mais alegres são as contas da Briosa. Para já, conseguiu subir ao sétimo lugar, igualando, ainda que temporariamente, a melhor classificação dos últimos 24 anos e parte para a última jornada ainda com possibilidades de chegar ao sexto lugar. Bela despedida de Domingos da Lusa Atenas!
Naval vinha bem preparada
A Naval mostrou ter a lição bem estudada. Organizada em termos defensivos, para não se deixar apanhar nos desequilíbrios que a Académica costuma aproveitar para se desdobrar para o ataque em transições rápidas, a equipa da Figueira explorou o contra-ataque a contendo e foi eficaz nas bolas paradas.
O golo de Paulão, ainda por cima, surgiu numa altura em que a Académica parecia ter tomado conta do jogo em definitivo e pressionava a baliza de Peiser. Um canto da direita trouxe à memória velhos pecados da equipa de Domingos Paciência e Paulão até teve duas oportunidades na mesma jogada para atirar. Pedro Roma não agarrou a primeira tentativa, é certo, mas tamanha desconcentração só poderia terminar com semelhante castigo.
A partir do momento em que passou para a frente, a Naval serenou e passou a colocar em prática ainda com mais qualidade o plano gizado para esta partida. A defesa, liderada pelo capitão Paulão mostrava solidez - nem se notou que Diego Ângelo estava de fora tal a exibição do estreante a titular João Real - , as saídas para o ataque aconteciam com naturalidade e propósito, e nos livres e cantos o perigo espreitava a baliza de Pedro Roma.
Éder entrou e tudo mudou
Domingos já tinha gasto uma substituição, trocando Tiero por Saleiro ao intervalo, o que permitiu à equipa regressar ao 4x3x3, afinal o esquema que melhor permite explanar o potencial ofensivo do plantel, mas as coisas continuavam a não sair bem à equipa. A segunda cartada revelou-se bem mais acertada: Éder entrou e, ele que há tanto tempo perseguia um golo, conseguiu obter o empate.
Quase na jogada seguinte, o mesmo jogador assistiu Sougou e a Briosa passo para a frente. Era o melhor período dos da casa, galvanizados e decididamente ao ataque perante a quebra física dos navalistas. Carlos Saleiro, apenas seis minutos depois do golo de Éder, deu espectáculo com um golo à meia-volta e arrumou a contenda. Quem diria?