Sofrível. É o mínimo que se pode dizer da vitória da Académica na IV eliminatória da Taça de Portugal, que só foi alcançada ao fim de 120 minutos.

O Penalva do Castelo, equipa que ocupa o 5º lugar da Série C da III divisão aguentou as investidas da Académica durante 107 minutos. E só na marcação de uma grande penalidade é que Edinho conseguiu derrubar a resistência de Bruno Ferrary, o guarda-redes e principal muralha do Penalva do Castelo.

A Académica como detentora do troféu encarava este jogo com uma responsabilidade acrescida. Na antevisão à partida Pedro Emanuel pedira aos seus jogadores «seriedade, profissionalismo e competência».

Acredita-se, contudo, que no íntimo do treinador academista estaria o desejo de resolver rapidamente a contenda, para poder começar a gerir a equipa para o importantíssimo jogo frente ao Viktoria Plzen, a meio da semana. Foi precisamente o contrário que aconteceu.

Recorde como foi o jogo AO MINUTO

A equipa entrou demasiado adormecida. Foi dominando a posse de bola, é certo, mas nunca imprimiu a velocidade suficiente para incomodar muito a defesa contrária.

A equipa que viajou de Penalva do Castelo, como seria de esperar, deu a iniciativa de jogo aos estudantes e apenas tentou incomodar Peiser com recurso a pontapés de meia distância.

Era de prever que os estudantes entrassem mais decididos na 2ª parte, mas não foi isso que sucedeu. Afonso do lado direito do ataque foi tentando impor mais velocidade ao jogo, e os poucos lances de perigo academista foram nascendo daí. Porém, continuavam a faltar ideias ao ataque da Briosa, e até Pedro Emanuel pareceu demorar a mexer na equipa.

Quando o fez, já à entrada dos últimos dez minutos, apostou na velocidade de Marinho e na força de Cissé, e os estudantes começaram a ser mais acutilantes na procura do golo.

Nessa altura já os penalvenses começavam a dar mostras de ter quebrado fisicamente, limitando-se a chutar a bola para o meio campo academista, sem qualquer preocupação de sair a jogar.

Apesar de tudo, a mudança de atitude dos estudantes não foi a tempo de evitar o prolongamento. Terminados os 90 minutos a equipa de Pedro Emanuel continuou a encostar os penalvenses à sua grande área.

Edinho quase marcou na cobrança de um livre direto, que levou a bola a bater com estrondo no poste da baliza de Ferrary. Mas foi preciso esperar pelo início da segunda parte para chegar o golo que garante a presença da Académica nos oitavos de final da competição.

O defesa penalvense Tiago Borges desviou com o braço, dentro da área, um remate de Wilson Eduardo. João Ferreira não teve dúvidas em apontar para a marca de grande penalidade, e Edinho encarregou-se de acabar com o sofrimento dos adeptos da Académica.

Do mal, o menos. Mas como dizia o humorista: «Não havia necessidade.»

Ficha do jogo:

Estádio Cidade de Coimbra.

Árbitro: João Ferreira (A.F. Setúbal).

Árbitros auxiliares: António Godinho e Pais António.

4º Árbitro: Hugo Silva.

ACADÉMICA: Peiser; João Dias, João Real, Reiner Ferreira e Nivaldo (Marinho, 77); Bruno China, Cleyton e Ogu (Cissé, 77); Afonso (Magique, 90), Wilson Eduardo e Edinho

Suplentes não utilizados: Fábio Santos, Flávio Ferreira, Keita, Saleiro

Treinador: Pedro Emanuel

Penalva do Castelo: Bruno Ferrary; Tiago Borges, Diogo Cunha, Joãozito e Sérgio Fonseca; Ricardo Babo, Fábio Machado, Guilherme Silva e José Lopes (Tiago Gonçalves, 110); Flávio Cardoso (Miguel Pereira, 98) e José Santos (Ascenso Silva, 52).

Suplentes não utilizados: Pedro Cruz, Fábio Gonçalves, Alexandre Sousa e Daniel Pina.

Treinador: Rogério Sousa.

Golos: Edinho (108 g.p.).

Ao intervalo: 0-0.

Disciplina: Cartão amarelo para João Real (54), João Dias (88), Ricardo Babo (90) e Ascenso Silva (105).