Artigo originalmente publicado a 19 de Julho deste ano, agora recuperado a propósito do reencontro dos dois avançados peruanos, este sábado, em Coimbra, por ocasião do Académica-Sporting.

Carlos Olascuaga. Não lhe diz nada? Talvez se formos pelo peruano mais conhecido de Portugal: André Carrillo. Ora, o novo avançado da Académica é um grande amigo do jogador do Sporting, com quem partilhou o balneário do Alianza Lima durante quatro anos, nas camadas jovens do clube da capital do Peru.

«Foram quatro temporadas, lado a lado. Jogávamos sempre, apesar de podermos fazer as mesmas posições. Já na altura se notava que era muito veloz e inteligente a jogar. É uma pessoa muito alegre, mas humilde, e trabalhadora», conta, orgulhoso, o jovem (prestes a fazer 22 anos) extremo ao Maisfutebol, na primeira entrevista para Portugal.

«É verdade, será a minha estreia fora do país. Estou cheio de ganas para chegar aí, começar a trabalhar, adaptar-me, e, sobretudo, fazer as coisas bem para poder ajudar a minha equipa», revela.

A conversa, de quase uma hora, leva o jornalista a passar mais tempo a explicar-lhe o que irá encontrar em Coimbra do que propriamente a ouvir o interlocutor do outro lado do Atlântico. Olascuaga absorve todos os pormenores com a sofreguidão de uma criança. «Ganharam a Taça de Portugal há dois anos? Que bom! Quem marcou? Marinho? Não conheço. É o capitão? Então, deve ser um jogador muito importante no clube», sentencia.

Mais à frente, volta à carga. «Como é o treinador?», quis saber. Remetemo-lo para a cerimónia de apresentação de Paulo Sérgio e explicamos-lhe que foi forcado amador, para lhe dar uma pequena ideia do seu caráter.

A admiração não para. «Ganharam ao Atlético de Madrid para a Liga Europa? Isso é histórico, não é?», questiona, mas com o tom de quem fala de uma das tais verdades de La Palisse. Asseguramos-lhe que sim e fica a saber que o marcador dos dois golos (Wilson Eduardo) é agora colega de Carrillo, no Sporting.

Da metrópole para a «calma» de Coimbra

Que tal voltarmos ao reforço da Briosa? «Sou rápido, posso jogar de ambos os lados, ou como segundo avançado. Prefiro, no entanto, atuar pela esquerda, fazer diagonais, e, embora não seja um goleador, gosto de participar nas jogadas e finalizar quando posso», apresentou-se.

Ciente de que o estilo, na Europa, é «completamente diferente», mais físico e veloz, Olascuaga é, todavia, apreciador de vários craques do velho continente, a começar pelo nosso Cristiano Ronaldo, Ribéry ou Robben, mas também gosta de Neymar.

«Não se podem comparar estilos. Sou diferente de todos», assegura, enquanto procura saber mais pormenores sobre Portugal e de como poderá contatar o amigo André, mal chegue ao nosso país. «Estar a 200 kms de Lisboa não é nada», constata, satisfeito, mais ainda quando lhe dizemos que estará a pouco mais de 180 kms de Espanha.

Habituado a disputar o título peruano - foi, de resto, campeão em 2013 - e a viver numa cidade com mais de oito milhões de habitanes , o novo reforço dos estudantes não se atrapalha com a diferença de escala. «O importante é chegar ai, adaptar-me bem, e, quem sabe, poder chegar ainda mais longe», revela, desejoso de também jogar a Liga Europa, depois de ter participado na Libertadores entre Fevereiro e Abril deste ano.

A universidade como denominador comum

Proveniente do Club Universitario de Deportes, o clube com mais títulos do futebol peruano, fundado por estudantes da Universidade de São Marcos, em 1924, Carlos Olascuaga vai reencontrar a academia em Coimbra. Calha bem.

«Frequento o ensino superior, estou a estudar contabilidade», confessa, feliz por saber dessa ligação especial do clube com o
ex ibris da cidade. «Assim, posso continuar o curso. Também há estudantes no plantel? Isso é muito bom», regozija-se, sem esconder a ansiedade de cruzar o Atlântico.

«Devo chegar a meio da próxima semana e o empréstimo será de duas épocas», finaliza. 

Os melhores momentos de Olascuaga: