Além de ter pouco combustível, o avião da companhia LaMia, que levava a delegação da Chapecoense para a final da Sul-Americana contra o Atlético Nacional, também tinha excesso de peso, revela um relatório preliminar divulgado esta segunda-feira pela Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil).

O voo que levava os jogadores da Chape deixou 71 mortos (incluindo também jornalistas, dirigentes e tripulação) e seis feridos na madrugada do dia 29 de novembro, quando colidiu com uma montanha perto do aeroporto.

De acordo com o Secretário de Segurança Aérea da entidade, coronel Fredy Bonilla, o voo levava cerca de 500 kg a mais do que a aeronave conseguia suportar. Apesar disso, aponta o militar, o que realmente colaborou para a queda do avião foi o pouco combustível.

Os primeiros dados apontam que o avião tinha capacidade para voar 4:22, o mesmo tempo estimado para o voo. O recomendável, porém, é que o avião leve combustível para uma hora e meia a mais, por precaução.

As gravações da cabina do avião indicam que piloto e copiloto conversaram sobre a possibilidade de efetuar uma escala em Leticia (Colômbia) ou Bogotá «porque [o avião] se encontrava no limite de combustível», mas acabaram por não concretizar essa paragem.

«Estavam conscientes de que o combustível que tinham não era adequado nem suficiente», afirmou o coronel Fredy Bonilla, acrescentando que no decurso do voo o piloto, Miguel Quiroga, «decidiu regressar a Bogotá mas mais adiante alterou a sua decisão seguiu diretamente até Rionegro», onde se encontra o aeroporto José María Córdova, de Medellín.

Outra irregularidade detetada relaciona-se com a altitude em que voava o aparelho. O avião não podia ultrapassar a altura dos 29 mil pés, no entanto, o plano de voo indicava que o avião chegaria aos 30 mil.

Além disso, ao pedir autorização para aterrar, o piloto não indicou os reais problemas que o voo enfrentava. «Nessa altura tinham dois motores desligados e a tripulação não fez nenhum relato de a situação era crítica e continuou a relatar de forma normal», disse ainda Bonilla.

Segundo o diretor-geral da Aviação civil, Alfredo Bocanegra, o relatório apresentado não tem como objetivo «determinar a culpa ou responsabilidade mas antes prevenir novos acidentes», com a investigação definitiva a ser apresentada dentro de alguns meses.