A Premier League é, de entre os cinco principais campeonatos europeus, aquele onde se regista maior investimento nos plantéis, segundo um estudo do Football Observatory (http://www.football-observatory.com/) divulgado nesta terça-feira. Nos dados recolhidos, incluindo já as transferências de janeiro, os 20 clubes do escalão principal em Inglaterra gastaram 2.706 milhões de euros na formação das suas equipas para a atual temporada. Mais do dobro do segundo campeonato mais caro, o italiano, com 1.207 milhões de investimento global.

Das cinco Ligas principais, a que tem investimento mais baixo é a Bundesliga (849 milhões) - que curiosamente teve três dos últimos quatro finalistas da Liga dos Campeões. Os clubes alemães gastam ligeiramente menos do que os franceses (955 milhões). No entanto, como o campeonato alemão é o único dos 5 maiores com apenas 18 equipas, e não 20, para efeitos de comparação é mais correto recorrer à média, que é de 47 milhões para os alemães e de 47,75 para os franceses.

Estes dois campeonatos registam um investimento que é de cerca de um terço do verificado em Inglaterra, enquanto a série A e a Liga espanhola ficam um pouco abaixo da metade do valor. 

As Ligas que mais gastam na Europa

Custo global dos plantéis (valor pago em transferências):

1- Premier League, 2.706 milhões (média de 135,3 milhões por equipa)
2- Serie A, 1.207 (60,2)
3- La Liga, 1.134 (56,7)
4- Ligue, 955 (47,75)
5- Bundesliga, 849 (47)



Real Madrid no topo da lista

O estudo do Football Observatory também não deixa dúvidas acerca de qual o clube que mais pagou em transferências para construir o plantel: o Real Madrid está bem à frente da concorrência, com 536 milhões de euros, mais 101 milhões do que o segundo na lista, o Manchester City. Sem surpresa, a Premier League domina esta lista, com três clubes entre os quatro primeiros e seis nos onze primeiros lugares da tabela.

O Real Madrid tem um investimento que é mais de duas vezes superior ao do registado pelo Barcelona, a outra equipa da Liga espanhola que figura nesta lista – e que tem uma política mais vocacionada para o aproveitamento da formação. De Espanha vem também outro caso curioso, o do At. Madrid, que surge apenas num modesto 26º lugar da tabela, com um investimento 6,5 vezes inferior ao dos merengues (80 milhões), apesar de nesta altura estar em igualdade com o Barcelona e um ponto à frente do Real Madrid.

O atual campeão europeu, o Bayern de Munique, surge no oitavo lugar, ligeiramente atrás do Barcelona, e muito à frente das outras equipas da Bundesliga: o segundo investidor da Alemanha é o Wolfsburgo, à frente do Borussia Dortmund e principalmente do Leverkusen que, com um orçamento de 50 milhões, está apenas na 33ª posição e apesar disso consegue um segundo lugar no campeonato e a presença nos oitavos de final da Champions.

Em França, há claramente duas potências emergentes, casos do PSG (5º nesta lista) e do Mónaco (12º, apesar de ter vindo diretamente da II divisão) que, em conjunto, valem 60 por cento do investimento global. O Lyon, grande dominador da década passada, está claramente em fase de emagrecimento, gastando nesta altura 56 milhões, 6,5 vezes menos do que a equipa da capital.

Os plantéis mais caros:

1- Real Madrid (3), 536 milhões de euros
2- Man. City (2), 435
3- Man. United (7), 395
4- Chelsea (3), 376
5- PSG (1), 366
6- Tottenham (5), 250
7- Barcelona (1), 237
8- Bayern (1), 233
9- Arsenal (1), 216
10- Juventus (1), 214
11- Liverpool (4), 213
12- Mónaco (2), 205
13- Inter (5), 184
14- Nápoles (3), 174
15- Wolfsburgo (6), 117
16- Roma (2), 108
17- Dortmund (3), 99
18- Fiorentina(4), 93
19- Milan (9), 91
20- Lazio (10), 90

(entre parêntesis, a posição ocupada pelo clube na sua Liga, a 27 de janeiro)



O estudo também permite ver que a Liga espanhola é, a larga distância, a mais desequilibrada das cinco analisadas: somados, os investimentos de Real Madrid e Barcelona representam quase 70 por cento do total, com as restantes 18 equipas, At. Madrid incluído, a valerem menos de um terço. A título de comparação, os orçamentos mais baixos da Liga espanhola estão avaliados em menos de três milhões de euros (casos de Rayo Vallecano, Elche, Almería e Levante) o que é quase 200 vezes menos do que o investido pelo Real Madrid.

No polo oposto está a Inglaterra: os maiores gastadores, Manchester City e Manchester United, representam apenas 31 por cento do total investido. A equipa com orçamento mais baixo da Premier League, o Crystal Palace (24 milhões), gasta 18,5 vezes menos do que o City, enquanto nas Ligas de Alemanha e de Itália essa desproporção é de um para 80, e em França é superior a um para cem.

Caso curioso neste estudo é o do relativo equilíbrio competitivo na Liga italiana, onde as equipas historicamente de topo (Juventus, Inter e Milan, este em claro processo de desinvestimento nos últimos três anos) deixaram fugir o pelotão de topo na Europa, mas onde há uma «classe média» com mais força do que acontece nos campeonatos de Espanha e França.

Desequilíbrio nas Ligas

Percentagem do valor dos dois plantéis mais caros sobre o valor global:

1- Espanha- Real Madrid e Barcelona (68%)
2- França- PSG e Mónaco (60%)
3- Alemanha- Bayern e Wolfsburgo (41%)
4- Itália- Juventus e Inter (33%)
5- Inglaterra- Man. City e Man. United (31%)

Por fim, a conclusão mais transversal deste estudo é a de que o músculo financeiro da elite está cada vez mais distante da concorrência. Os dez clubes mais poderosos desta lista representam quase metade dos 6.851 milhões investidos no conjunto das cinco Ligas, e os 20 primeiros da tabela valem quase 4.632 milhões, quase 70 por cento do total (à média de 231 mihões por clube). O que deixa os restantes 78 clubes deste estudo com uma fatia de apenas 2.219 milhões de investimento (média de 28 milhões por equipa, oito vezes inferior).

Esta conclusão vai no sentido da apresentada num outro estudo, divulgado na semana passada, e da autoria da Deloitte, que se centrava no aumento das receitas geradas pelos 20 principais emblemas, a um ritmo superior ao do crescimento da economia global.

Distribuição do investimento

Total das 5 ligas (98 clubes):
6.851 milhões

Valor dos 10 primeiros:
3258 milhões (48% do total)

Valor dos 20 primeiros
4.632 (68% do total)