A II Liga é hoje um espaço privilegiado para o lançamento de jovens, por força da participação na prova das equipas B de cinco emblemas do escalão principal, mas os talentos de futuro não se esgotam aí.

Felizmente, outros emblemas do segundo escalão apresentam também valores que prometem. É o caso do Penafiel, nesta altura muito bem posicionado (segundo lugar) na luta pelo regresso ao principal escalão, de onde está afastado desde 2005/06.

Uma das principais figuras da equipa orientada por Miguel Leal é Aldair, extremo de 21 anos. Mais um luso-guineense a conquistar o seu espaço no futebol português.

Jogador formado no Penafiel, clube que representa desde os oito anos (há treze, portanto), joga com regularidade desde o primeiro ano de sénior. Foi em 2011/12, temporada em que disputou 30 jogos, metade como titular, e um golo marcado, ao Estoril. Na época passada fez 28 jogos, 17 dos quais como titular, e marcou dois golos (um «bis» ao Freamunde).

Na presente temporada acaba de bater o recorde de jogos (31), ao ser titular na vitória sobre o Benfica B, em jogo disputado nesta quarta-feira, no Seixal. E leva cinco golos marcados, incluindo um que ajudou a afastar o Marítimo da Taça de Portugal, num jogo em que foi o melhor em campo.



«Não tem grande estampa física nem tão pouco estatura. No entanto, mesmo estando muito sozinho na frente de ataque, conseguiu sempre colocar em sentido a defensiva verde-rubra, utilizando a sua velocidade para causar muitos problemas ao lado contrário, conseguindo ainda um golo de belo efeito ao fazer um chapéu perfeito a José Sá», escreveu então o jornalista Humberto Dias no Maisfutebol.

Os números da presente época atestam que Aldair está mais sólido, mais estável a nível exibicional. Miguel Leal pode contar com ele todas as semanas, sem temer grandes oscilações no rendimento.

Está a cumprir melhor taticamente, também, como mostrou frente ao Benfica B, jogo que exigiu elevado contributo defensivo para segurar o importante triunfo (0-2).

Rende melhor sobre o flanco, tirando partido da rapidez e também da qualidade técnica com que vai para cima do defesa. Pode, contudo, ser também utilizado na zona central, como segundo avançado ou mesmo como unidade mais adiantada, sobretudo numa estratégia clara de contra-ataque, embora nestas situações se note que a sua ação fica condicionada.

Mas é, sem dúvida, um jogador talhado para transições rápidas, um extremo fiel à escola portuguesa.

Pena que não tenha alguns centímetros a mais, ainda que isto não seja, de forma alguma, uma limitação para outros voos.

Precisa trabalhar um pouco mais a capacidade de decisão no último terço do campo, quer no passe decisivo, quer na finalização, ainda que esta época já tenha marcado os tais cinco golos. É sobretudo uma questão de frieza na cara do guarda-redes, uma vez que já provou ser capaz de marcar golos de belo efeito.

Internacional sub-21 português, é um jovem que começa a justificar a presença na Liga, até por ser um campeonato menos físico, com mais espaço para jogar.


P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos.