Alexandre Silva é um dos heróis portugueses que colocaram a seleção nacional sub-17 na fase final do Campeonato da Europa que vai realizar-se no próximo mês de maio. O avançado português marcou um dos golos nas três vitórias lusas na Ronda de Elite e está a confirmar o percurso de formação nas seleções e no Sporting. É uma situação normal.

Mas há mais sobre este jogador que atua numa posição que tem sido ingrata para o futebol português na quantidade. Alexandre Silva nasceu para o futebol porque já nasceu no futebol. O avançado sub-17 é filho de Quinzinho, ponta de lança internacional angolano já retirado (há dois anos) que representou vários clubes em Portugal com especial destaque para o FC Porto.

Sobre o jovem «avançado veloz e finalizador» de 17 anos que agora prossegue a dinastia da família Silva – nas palavras do próprio Alexandre, ao site da FPF – é também o próprio Quinzinho que conta à MF Total que o seu filho «tem tudo para ser um ponta-de-lança». «Ele tem futuro, tem todas as qualidades, só depende dele», garante o pai.

Família de atletas

Alexandre Silva nasceu no Porto quando o seu pai representava os dragões. Mas a carreira de futebolista obrigou Quinzinho a, muitas vezes, ter de acompanhar à distância os primeiros passos do filho no futebol. Como estava na China quando o filho ingressou no Alverca. Como acontece ainda hoje, já com as chuteiras arrumadas, mas ainda ligado ao futebol trabalhando numa agência de representação de jogadores: «Estou mais em Angola do que em Portugal. Mas quando estou aí vou aos treinos do Alexandre e acompanho os jogos todos.»

Apesar dos vários períodos que estão separados devido às carreiras que têm um mesmo denominador comum, pai e filho falam «todos os dias». Mas, sobre o futebol, Quinzinho conta que as frases são curtas. «Eu pergunto se jogou. Ele diz joguei. Eu pergunto se marcou. Ele diz marquei.» Alex «não é muito expansivo» nas palavras. Mas, de cada vez que marca um golo – como o seu pai dançava – expressa-se com o gesto. «Beijo uma tatuagem que tenho no braço com o meu pai, a minha mãe e a minha irmã», revelou Alexandre Silva.

Nas declarações à FPF, o internacional português sublinhou que a família está presente de todas formas na sua carreira, quer nos festejos, quer nas influências das escolhas: «A minha mãe jogou andebol na seleção angolana e o gosto por futebol foi-me passado pela família do meu pai, onde quase todos jogaram a modalidade. É uma família de desportistas, agora só falta a minha irmã!» A mais pequena da família Silva tem oito anos e já mostra gosto pelo basquetebol e pelo andebol.

Foi com esses mesmos 8 anos que Alexandre ingressou no Alverca. «Era gordinho», recorda Quinzinho contando que o seu filho «gostava de jogar à bola» e «só queria bola, bola, bola». Alexandre ainda tentou duas vezes as captações no Sporting, mas «no Belenenses é que começou a fazer a sua história», numa época que antecedeu então a entrada no clube de Alvalade. «Naquela idade, ainda não sabia se era ponta-de-lança, mas já jogava à frente», explica Quinzinho com modéstia sobre o papel que terá tido na escolha pelo ataque: «Acho que sim... que o pai influenciou...»

«Ele inspirou-se muito no Balotelli. Eu também gosto dele», acrescenta Quinzinho contando como influencia agora Alex: «Eu digo-lhe para trabalhar muito, para ouvir o que o treinador diz e para dar o máximo.» «Eu digo-lhe que ele tem tudo para ser um ponta de lança. Mas que, agora, cabe-lhe a ele fazer o seu trabalho.»



Alexandre Silva representou as seleções portugueses sub-15 (dois jogos e um golo), sub-16 (11 jogos e três golos) e, atualmente, os sub-17 (11 jogos e quatro golos). A continuação deste percurso levá-lo-á um dia a ter de optar em definitivo pela equipa nacional de Portugal ou de Angola. Quinzinho foi internacional 36 vezes pelo seu país e marcou sete golos – onde está o primeiro da seleção angolana numa fase final da Taça Africana das Nações.

E sobre a decisão que Alexandre tomará quando chegar a uma seleção AA, Quinzinho considera que «quem tem de decidir é ele», mesmo que não deixe de manifestar a o seu conselho: «Eu aconselho que o Alexandre escolha a seleção portuguesa.» «O Alexandre tem vivido em Portugal. Ele daqui de Angola não sabe nada», conclui.