As mais recentes deslocações do Sporting a Leiria não têm sido, propriamente, um mar de rosas. A prová-lo está o número reduzido de triunfos leoninos nos últimos dez anos, apenas dois, a contrastar com o dobro das vitórias da turma do Lis. Uma das mais traumáticas, por sinal a última, aconteceu quase no final da época de 2003/04, custou a perda do segundo lugar para o Benfica e, consequentemente, o passaporte para a Liga dos Campeões. E bastou um golo apenas, longe de ter sido espectacular, mas suficiente para abater o leão, marcado, para cúmulo, por um ex-sportinguista. Já adivinharam de quem se trata? Alhandra, pois claro!
«Marcar golos é sempre importante, mais ainda quando dão os três pontos. Mas conseguí-lo frente a um grande é ainda melhor. Lembro-me bem, porque foi o primeiro que marquei a um candidato ao título. Estávamos num período muito bom, pois terminámos a época com 12 jogos consecutivos sem perder», recorda o esquerdino dos leirienses, que voltou a descrever aquele momento de felicidade para o MaisFutebol, volvidos quase três anos: «A jogada começa na esquerda, com o Douala a fazer o cruzamento à segunda tentativa e depois foi só encostar. Não foi um lance espectacular, mas deu um golo decisivo na altura.»
Além do adeus à Liga milionária, porque os de Alvalade voltaram a desiludir no jogo em que era proibido perder, uma semana depois, em casa, frente aos «encarnados», o atrevimento leiriense contribuiu ainda para a saída de Fernando Santos, num dos últimos encontros de Paulo Bento como jogador. «É uma situação cada vez mais frequente, com esta nova geração de treinadores que está a surgir. Num ano somos adversários no campo e, no seguinte, já nos podemos reencontrar em funções diferentes», observa Alhandra.
Por ter sido formado em Alvalade, o camisola 14 do U. Leiria irá aproveitar o jogo do próximo domingo para matar saudades de algumas pessoas com as quais partilhou boa parte da sua vida. «A única coisa que será especial é o facto de poder rever amigos com quem passei muito da minha infância, com quem cresci e aprendi muitas coisas. Em suma, pelos quais tenho muito carinho. Fora isso, será mais um jogo, tão importante como os outros, que queremos vencer para podermos cimentar a ambição, de certa forma já assumida, com prazer, de lutarmos por objectivos talvez impensáveis no início da época», sustenta.
Insatisfeito por jogar pouco
O passado é passado e Alhandra confessa ter pouca esperança de voltar a fazer o gosto ao pé (ou à cabeça¿) diante do Sporting. A pouca utilização - 10 jogos até ao momento, apenas cinco como titular - que Domingos Paciência lhe tem dado obriga-o a ser realista, embora discorde, frontalmente, das ideais do treinador:
«Não pondo, obviamente, em causa as opções, é estranho que esta época, quando já ultrapassei a barreira dos 100 jogos pelo Leiria, seja, ironicamente, aquela em que estou a jogar menos. É claro que não estou de acordo e já o manifestei às pessoas, com modos e respeito. Não vou baixar os braços, mas confesso que é algo para o qual não estava minimamente preparado no princípio da temporada Se existe alguma coisa por trás, sinceramente não sei, só sei que não me agrada nada.»