Cinco séculos depois, novos colonos europeus invadem território virgem na América. Futebolistas portugueses empunham a alma lusa e contagiam o «soccer». Val Teixeira e Kimberly Brandão são dois exemplos de sucesso nesta diáspora da bola. Exemplos que chamaram a atenção do Maisfutebol por alturas da reportagem sobre o 11 de Setembro. Palavra puxa palavra, o argumento ganha força e as histórias nascem.

A de Val Teixeira começa por um toque de Jesus. Não, não há nada de sacro ou religioso nisto. O extremo de 34 anos foi treinador por Jorge Jesus no Amora Futebol Clube, chegou a passar pelas camadas jovens do Benfica e só um acaso da vida o roubou ao futebol profissional no nosso país.

«Os meus pais mudaram-se para os Estados Unidos da América e tive de ir com eles.» A vida corre-lhe bem no Real Maryland e Val até teve a oportunidade de experimentar o futebol em Inglaterra. Em Terras de Sua Majestade chegou para vestir a camisola do Crystal Palace e acabou no Chesterfield.

Val Teixeira, tocado por Jorge Jesus

Kimberly Brandão, rainha do «soccer» e capitã da selecção

Ainda jovem imberbe testemunhou a «ousadia» do agora treinador do Benfica. O Estádio da Medideira, terreno do Amora, assistiu uma época a fio à aposta numa equipa solidificada apenas em três defesas. «Já na altura era um treinador irreverente», revela.

Kimberly Brandão partilha com Val apenas a nacionalidade e a qualidade com a bola nos pés. Esta filha de emigrantes portugueses nasceu nos EUA, vive nos EUA e é campeã da Women's Professional Soccer (WPS). Desde 2007 é também internacional portuguesa e capitã da nossa selecção feminina.

«Lembro-me da primeira vez que ouvi o hino nacional. Não consegui controlar as lágrimas. Chorei muito», recorda agora, num testemunho crivado de orgulho e paixão por Portugal. E para a reportagem ser totalmente feliz, Kimberly reclama somente «mais atenção» pelo futebol feminino. «Uma presença no Mundial fará toda a diferença.»

Val Teixeira e Kimberly Brandão não são os únicos, serão talvez os mais relevantes. Numa rápida pesquisa descobrem-se outros nomes. André Faria, Artur Jorge e Sérgio Freitas jogam nos universitários do Sacred Heart Pioneers; Donya Oliveira é uma das figuras dos Fullerton Titans na liga feminina; Ariana Ruela veste a camisola dos North Jersey Valkyries.

Portugueses no soccer, garimpeiros no Novo Mundo, embaixadores da verdadeira alma lusa. Venha daí conhecê-los.