F.C. Porto-Once Caldas, 0-0 (8-7 nas g.p.) (crónica)

Nervos, muitos nervos, mas uma enorme emoção. O F.C. Porto é campeão mundial de clubes pela segunda vez no seu historial. 17 anos depois de Gomes e Madjer terem superado o gelo de Tóquio, Pedro Emanuel foi o conquistador de Yokohama ao marcar o decisivo penalty que quebrou o espírito anti-futebol do Once Caldas. Os dragões sobem, por isso, ao topo do mundo e merecem o lugar, porque foram avassaladoramente mais fortes do que os colombianos.

Sem qualquer identificação com as duas equipas, os japoneses não se manifestaram ao longo do jogo, exceptuando num ou noutro lance, quase sempre nas melhores oportunidades de golo, mas também quando surgia um pormenor interessante, como um toque de calcanhar. É estranho assistir a um jogo num estádio gigantesco e ouvir apenas sussurros, misturados com uma ou outra palavra de incentivo vindo de pequenos grupos de adeptos.

Foi assim, em toada fria, quase gelada, que se desenrolou grande parte da última final da Taça Intercontinental. Frio nas bancadas e reacção igualmente ausente dos colombianos do Once Caldas, que nada fizeram para vencer o jogo, apenas defenderam. Perante um F.C. Porto claramente superior, o adversário limitou-se a guardar distância e esperar pela sorte, que o bafejou intensamente, fazendo com que quatro remates dos dragões acertassem nos ferros da baliza (um no poste e três na barra). E se não era assim que o golo era evitado, surgia a elasticidade de Henao, que parou bolas decisivas no segundo tempo.

Quanto ao Once Caldas, pobreza geral. À imagem do que sucedeu durante toda a Copa América, os colombianos satisfizeram-se por não sofrer golos e raramente lançar contra-ataques. Enquanto Vítor Baía esteve em campo (saiu quase no final devido uma estranha queda no relvado), não teve de fazer qualquer defesa e o mesmo aconteceria com Nuno. Os festejos no final do prolongamento servem para comprovar precisamente que a estratégia combinada tinha resultado. A lotaria dos penalties seria a decisão.

Azar e o árbitro

O Porto foi sempre melhor, mesmo que Diego e Derlei estivessem muito tempo «ausentes» do jogo. Sem profundidade nas alas, nem sempre a bola chegava à área nas melhores condições, mas as ocasiões de perigo chegariam. Primeiro aos 17 minutos, com Fabiano a rematar à barra; depois, aos 37m, com Diego a acertar no poste e Derlei na barra. Em duas penadas, os dragões punham os colombianos em sentido, mas o golo ainda não tinha surgido. E nem viria a aparecer.

Na segunda parte a história não mudou e o mesmo se aplicou ao prolongamento. Aos 60 minutos Benni McCarthy marca um golo que é anulado por fora-de-jogo (má decisão da equipa de arbitragem) e seis minutos depois o sul-africano atiraria uma «bomba» à barra. Este foi, aliás, o último grande momento da partida, se exceptuarmos o nervosismo inerente à marcação das grandes penalidades.

Entre ataques e mais ataques, bolas a percorrer todos os jogadores do F.C. Porto e os do Once Caldas a verem-nas passar, a decisão seria sempre adiada. Henao ainda fez duas grandes defesas, mas estragou a sua imagem ao encenar figuras de palhaço, que nada dignificam um guarda-redes. Parou a bola de peito, deu cabeçadas e ainda tentou desestabilizar os portistas com gestos pouco engraçados.

A vingança seria tardia mas era servida gelada. Os colombianos ainda festejaram quando o prolongamento terminou, convencidos que Henao defenderia pelo menos três ou quatro penalties, mas a supremacia do F.C. Porto até aqui viria a revelar-se. Diego, Carlos Alberto e Quaresma não falharam, Maniche enviou à barra e Costinha, Jorge Costa, Ricardo Costa e Pedro Emanuel fizeram o resto. A Invicta pode descer às ruas, aproveitando o domingo para celebrar mais um título de um grande, não apenas português, mas europeu. O Porto é campeão mundial.