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José Mourinho  |  

Mourinho, 60 anos: viagem aos dias que revelaram o treinador muito «à frente»

No verão de 2000, Mourinho virou costas ao trabalho como adjunto e agarrou a oportunidade que surgiu na Luz. Naqueles três meses no Benfica, já lá estava tudo o que o que distinguiu aquele que se tornou referência do planeta futebol nas últimas duas décadas

Em junho de 2000 José Mourinho virou costas a Barcelona e conduziu o seu automóvel até Setúbal, de volta a Portugal. Tinha decidido que estava na altura de iniciar a carreira de treinador a solo, como número 1. Quando três meses depois surgiu a oportunidade no Benfica, ele mostrou desde os primeiros dias como estava preparado. E como era diferente. Especial, como diria anos mais tarde o homem que nesta quinta-feira celebra 60 anos, a maioria deles passados junto à relva. Esta é uma viagem aos dias que viram nascer José Mourinho como treinador principal e às histórias que contam como já lá estava tudo o que distinguiu aquele que se tornou referência do planeta futebol nas últimas duas décadas. Para as contar, o Maisfutebol recorda as memórias do próprio Mourinho e também do primeiro jogador que ele lançou, Diogo Luís.

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Mourinho tinha 37 anos e para trás já estavam muitos anos de futebol. Desde sempre, desde que em criança começou a acompanhar o pai para todo o lado e aos 15 anos decidiu que também seria treinador. Esses primeiros tempos estão contados aqui, pela voz dos pais de Mourinho. Em campo não se distinguiu, foi um médio irrelevante enquanto «despachava» a licenciatura em Educação Física, para chegar rapidamente onde queria, ao banco. Começou na formação do «seu» V. Setúbal, depois foi adjunto de Manuel Fernandes no E. Amadora. A seguir iniciou uma longa caminhada ao lado de Bobby Robson, do Sporting ao FC Porto e depois ao Barcelona. Onde ficou, ao lado de Van Gaal, depois da saída de Robson. Em 2000 decidiu: estava na hora de mudar.

«Durante o dia, no Nou Camp, trabalhava normalmente como adjunto sério e fiel que sempre fui. À noite, em casa, era muito mais crítico, dando por mim muitas vezes a pensar que Van Gaal tirou este, meteu aquele, se fosse eu faria assim, faria assado, portanto já era um adjunto angustiado, de alguma forma azedo, diria até demasiado crítico. Esta situação fez com que compreendesse que a minha hora tinha chegado.» Esta é uma citação retirada do livro «José Mourinho», escrito por Luís Lourenço e publicado depois da conquista da Taça UEFA com o FC Porto em 2003, com uma atualização em 2004 que acrescentou a campanha da vitória na Liga dos Campeões e o subtítulo «Um ciclo de vitórias».

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Mourinho estava desempregado, mas não lhe faltava confiança. No livro, resumiu assim a forma como encarava o que aí vinha: «Não tenho medo nenhum do futuro. Tenho uma grande confiança em mim e nos meus conhecimentos. Sei que posso fazer a diferença e que posso vencer.»

Tirou férias e aproveitou para passar para papel os seus conceitos de treino, um documento que, dizia no livro, «não é e nunca será publicável». «Trata-se do meu dossier de treino, onde guardo todas as diretrizes do meu trabalho. Ele traduz os objetivos e metodologias do meu trabalho», explicava.

Também passou tempo naquele verão a escrever para o Maisfutebol. A 10 de junho de 2000 José Mourinho publicava aqui a primeira das suas crónicas, textos que a cada semana traziam reflexões, histórias e desafios, cada um deles um exemplo da profundidade dos seus conhecimentos e das suas ideias. A primeira era uma reflexão sobre a seleção nacional. A lançar o Euro 2000, Mourinho punha-se na pele de selecionador. Sim, é verdade. Projetava já o fim de ciclo daquela geração e questionava se não deveria começar a pensar-se a médio prazo, no Euro 2004.

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A hora de Mourinho chegou em meados de setembro. É ele que conta no livro como se meteu no carro e se dirigiu a Lisboa depois de um telefonema de Eládio Paramés, então assessor de imprensa do Benfica, a marcar uma reunião com Vale e Azevedo. E como parou a meio, quando ouviu na rádio uma notícia a dizer que Toni era o novo treinador do Benfica. Ligou a Paramés: «Vou dar meia volta e nem sequer vou aí. Já sabes que não aceito mais ser treinador-adjunto.» Do outro lado, ouviu a resposta que esperava. O convite seria para treinador principal.

José Mourinho foi apresentado como treinador do Benfica a 20 de setembro, no mesmo dia em que o clube formalizava a saída de Jupp Heynckes. Na sala de imprensa da Luz, agradeceu o convite, falou do orgulho de estar no Benfica e disse que confiava nos jogadores que tinha.

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Apesar do discurso público de confiança na equipa, a ideia que formou logo nos primeiros dias foi bem diferente. No livro fala, sim, de «um plantel fraco, sem futuro e sem ambição»: «Era uma equipa habituada a perder e que não se preocupava muito com isso. Os jogadores trabalhavam pouco e não se incomodavam. Por estas razões eu não considerava que o Benfica tivesse um plantel. Tinha, isso sim, um amontoado de jogadores contratados sem qualquer coerência.»

Começou a trabalhar a uma quinta-feira e no sábado sentou-se pela primeira vez no banco. Um golo de Duda logo no primeiro minuto decidiu o encontro com o Boavista. Ao primeiro jogo, uma derrota. Na sala de imprensa do Bessa, Mourinho falava em níveis de confiança baixos e deixava uma primeira ideia forte: «Não acredito em chicotadas psicológicas, mas em chicotadas metodológicas.»

Método, cá está.

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Entre os problemas que Mourinho identificou na Luz estava a falta de intensidade nos treinos. Para o resolver, decidiu promover três jovens da equipa B. «Requisitei o Diogo Luís, o Geraldo e o Nuno Abreu, ‘jogadores pobres’, que ganhavam 150 contos por mês. Jovens desejosos de treinar com as ‘estrelas’, com níveis de competitividade e motivação elevadíssimos, de tal forma que passados alguns dias foram logo apelidados de ‘irmãos Metralha’», recorda no livro, acrescentando que os três jovens «modificaram as situações competitivas e, de certa forma, a mentalidade» dos outros.

A partir daqui é Diogo Luís quem fala sobre o que se seguiu na Luz. «Os treinos eram um bocadinho moles e o Geraldo e o Nuno Abreu trouxeram essa agressividade que ele gostava e incentivava», conta: «Tem a ver com a mentalidade de concentração, de foco, de compromisso e da perceção dele de que para vencer temos de estar sempre no limite. E o Geraldo e o Nuno Abreu, sobretudo eles, traziam isso. Eu depois também fui um bocadinho por arrasto. Eu comecei a jogar a titular, eles treinavam mais do que jogavam, mas os três em conjunto trouxemos ali uma nova dimensão e ele utilizou-nos um bocadinho para espicaçar os outros», conta Diogo Luís, sorrindo com a história dos Irmãos Metralha. «Acho que foi ele que começou com isso, nas brincadeiras dele. Porque ele criava ali uma relação, mexia com a cabeça de todos, tentava conhecê-los… Na altura estava claramente muitos passos à frente dos outros.»

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Estava à frente no método, ele que usava um caderno onde apontava tudo sobre cada treino, cada conversa, cada reunião. Mas também no tempo que dedicava ao trabalho. «Foi dos primeiros treinadores a entrar às oito da manhã e a sair às oito da noite. A maior parte não fazia isso naquela altura. Entrava às oito, saia à uma e ia para a sua vidinha. Ele não», recorda Diogo Luís. O que transmitia aos jogadores era esse exemplo e o resultado dessa preparação. «Ele dizia que se nós dominarmos mais 0,1 por cento do jogo do que o adversário temos mais probabilidades de vencer o jogo. Não se controla tudo, mas quanto mais conseguirmos controlar melhor.» Mourinho descreveu em pormenor o seu dia a dia na Luz numa crónica no Maisfutebol.

Ao terceiro jogo de José Mourinho, em Braga, Diogo Luís foi titular. Foi o primeiro jogador que Mourinho estreou na equipa principal. Isto depois de um mal-entendido que também ilustra as falhas de organização daquele Benfica. Mourinho queria contar com o lateral-esquerdo logo para o segundo jogo, com o Halmstads, mas ele não foi avisado. Diogo Luís estudava e quando o treinador lhe ligou estava na faculdade e tinha o telemóvel sem bateria.

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Mas a oportunidade não se perdeu. Diogo Luís recorda o primeiro contacto com Mourinho. «Chamou-me ao gabinete dele para dizer que ia treinar e para treinar tranquilo, descontraído. Disse-me que já me queria ter visto antes do jogo da Taça UEFA, mas eu tinha o telemóvel desligado. No treino do dia a seguir ele chamou-me e disse: ‘Prepara-te que vais jogar. Concentra-te, que vais jogar a titular.' Foi logo assim. Também não tinha muitos jogadores para aquela posição e portanto fiz um ou dois treinos e joguei logo a titular.»

Mourinho causou impressão imediata no então jovem lateral. «Percebia-se que ele era diferente», diz o atual comentador da CNN.

Os treinos: «Não repetiu um exercício»

Desde logo nos treinos. «Eram completamente diferentes», conta Diogo Luís: «Nós saíamos do balneário e ele dizia uma coisa muito engraçada: ‘60 minutos e nada mais.’ E nós dizíamos: ‘60 minutos e nada mais?’ Tínhamos o aquecimento, tínhamos o treino e os alongamentos e era 60 minutos e nada mais? Achávamos aquilo estranho. A verdade é que saíamos às 10h do balneário e entrávamos às 11h. Chegávamos ao campo e parecia um aeroporto. Já estava tudo montado, aquilo parecia quase estações. Fazíamos um exercício, era sempre com base em intensidade, depois parávamos e havia um minuto para beber água. Quem não bebesse naquele minuto já não bebia mais. E continuava logo.»

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Era outra forma de trabalhar. «Há 20 anos era completamente diferente, não era aquilo a que estávamos habituados. Na altura não era normal. Normalmente parava-se o treino, ficavam uns a chutar à baliza, outros a olhar para o lado… Com ele, mesmo os treinos sendo tão curtos, tinham muita intensidade e disciplina, porque só tínhamos um minuto para fazer aquilo. Tínhamos de estar concentrados.»

Menor carga física, mas não menor capacidade em campo, constataram rapidamente os jogadores: «Nós chegávamos ao campo e apesar de termos pouca carga de treinos conseguíamos ter um bom desempenho em termos físicos. Porquê? Porque estávamos habituados a intensidades rápidas e depois porque em termos mentais estávamos sempre preparados e focados para estar concentrados.»

A diversidade dos treinos, continua Diogo Luís, reforçava a motivação dos jogadores. «Nos primeiros três meses eu acho que ele não repetiu nenhum exercício. O que é bom. Ele tinha a perceção que tinha de mexer com a mente dos jogadores. Preparava treinos em função dos adversários, como é que queria jogar, mas ao mesmo tempo irmos para o treino e não sabermos o que vamos fazer é mentalmente muito mais motivador. Não dizes, epá, vamos fazer outra vez aquele treino... Ele conseguia gerir isso e acabar por entrar na cabeça dos jogadores de forma a motivar. Criar sempre novos objetivos, novas condicionantes, que fazia com que nós tivéssemos sempre que estar no máximo. E isto no início dele. Ele depois foi evoluindo e com certeza também melhorou muito nisso. Os outros também melhoraram, mas muito por causa dele também.»

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A preparação dos jogos

«Ele analisava o adversário ao pormenor, isso na altura raramente se fazia. Nós íamos para dentro de campo e já sabíamos tudo sobre os adversários. Se a pessoa que eu ia encontrar pela frente fintava mais para a direita ou para a esquerda. Dava-nos dicas com que nós mais facilmente conseguíamos neutralizar os adversários», recorda Diogo Luís: «Foi a primeira vez que eu vi fazer isso. Juntava o setor defensivo e mostrava os melhores momentos do ataque adversário, juntava o setor intermediário e avançado e mostrava os melhores momentos da defesa e depois explicava como é que nós podíamos entrar ou como é que podíamos condicionar. No caso dos defesas condicionar o ataque, no caso dos médios e avançados como é que podiam entrar.»

Depois, no dia do jogo, Mourinho não fazia longas palestras. «Ele já preparava tudo durante a semana. Depois no estágio mostrava os vídeos. No dia do jogo era só mais uma questão de motivação, de afinar alguns pormenores. Porque nós já íamos preparados em função do trabalho a semana, não só do campo mas também de vídeo e da parte mental. Ele ia chamando, se fosse preciso fazer alguma conversa individual também fazia, mas ele chamava muito por setores durante a semana para explicar o que queria daquele jogo. Ao longo da semana ia-nos focando logo para o objetivo de sábado ou domingo.»

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Maniche e Sabry, mensagens para dentro e para fora

Daqueles primeiros tempos na Luz ficaram vários exemplos da forma como também assumiu o confronto quando julgou necessário. Com Maniche, quando mandou sair mais cedo de um jogo-treino o então jovem médio que mais tarde chegaria ao topo do mundo com ele, no FC Porto, e acabou por o deixar de fora da convocatória seguinte. Diogo Luís recorda esse episódio: «Ele exige a concentração máxima. O Maniche portou-se mal, teve uma entrada salvo erro sobre o Bruno Lucas. O Mourinho estava no camarote a ver o jogo, mandou logo o Maniche sair e mandou-o dar voltas ao campo. O jogo continuou e nós, dentro do relvado nem percebemos nada. No dia a seguir ele chega e diz: ‘Olha, Maniche, tu não vais jogar. Porquê? Porque não estás bem fisicamente. Estiveste ali meia hora e deste duas voltas ao campo.’

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«Isto mais uma vez demonstra a atenção ao detalhe, de tudo o que se passa em torno do relvado. E depois também liderar pelo exemplo. Ao dar esse exemplo, o que é que os outros pensam? Se este vai para o banco porque não esteve a trabalhar, quem não trabalhar não é convocado, independentemente do nome que tenha.»

«Era diferente também na forma como trabalhava a parte mental dos jogadores, na forma como percebia como é que podia mexer com eles. Era muito inteligente e sempre foi muito inteligente nesse aspeto», remata Diogo Luís.

O conflito como estratégia

E depois houve o episódio de Sabry. Talvez o primeiro grande momento de Mourinho na sala de imprensa, que ele começou desde cedo a usar como uma extensão do campo. Aquele arraso na resposta a uma entrevista do egípcio, que se queixava de ter pouco tempo de jogo e de falta de diálogo com o treinador, é Mourinho puro.

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Mas é também um exemplo da forma como geria o grupo. Mourinho assumiu sempre que seria frontal com os jogadores. Essa também foi uma das suas marcas, e estava lá desde o início. O que disse na sala de imprensa sobre Sabry, Mourinho já tinha dito à frente da equipa, conta Diogo Luís. «Ele disse tudo dentro do balneário. O Sabry efetivamente demorou oito minutos a atar as botas. Ele contabilizou imediatamente o tempo. E chegou ao balneário e disse-lhe na cara. Ele já tinha resolvido a questão dentro do balneário, porque já tinha sido falado com o Sabry à frente de todos.»

A forma como Mourinho geria a comunicação pública também ficou definida logo ali. Os «Mind Games», antes de lhes chamarem assim, para dentro e para fora. «Ele era astuto e inteligente a gerir a comunicação, criava conteúdos para os jornalistas… Ele aparentemente era arrogante, mas a arrogância dele era sempre para centrar a pressão nele e libertar os jogadores. Ele conseguiu muito sucesso com isso, não só no Benfica mas também no Leiria e no Porto, acho que isso foi notório. É a forma dele trabalhar e de encontrar também um inimigo comum, de forma a que todos pudessem caminhar em conjunto. Ele fez isso de uma forma muito inteligente ao longo de alguns anos, depois acho que se perdeu um bocadinho, mas agora está outra vez a voltar a ser o que era.»

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Também foi na Luz que José Mourinho começou uma prática que repetiria ao longo dos anos, afixando no balneário frases ou citações para espicaçar os jogadores. A primeira vez foi com uma frase de Diamantino, então treinador do Campomaiorense, a dizer que não sabia se algum jogador do Benfica teria lugar na sua equipa. «O Mourinho imprimiu aquilo, aumentou, meteu no balneário e disse: ‘Olhem, isto é o que dizem de vocês.’ E não disse mais nada, foi-se embora. Depois chegámos lá e o jogo foi uma guerra. Mas ele espicaçou-nos ali só com uma imagem», recorda Diogo Luís. Era um jogo de Taça de Portugal e o Benfica venceu em Campo Maior por 1-0, com golo de… Sabry.

O controlo e o autocarro antes do dérbi

José Mourinho gostava de controlar tudo. E na Luz foi por mais que uma vez confrontado com questões que lhe fugiam ao controlo. Uma delas foi antes do dérbi com o Sporting, o último jogo de Mourinho no Benfica. O treinador conta no livro como só quando o autocarro parou percebeu que tinha sido mudado o hotel do estágio. E quis mandar a equipa de volta a casa. Diogo Luís conta o que aconteceu: «De repente, parámos à frente do Altis e ele levanta-se na frente do autocarro e diz: ‘O que é isto? Vamos para onde?’ ‘Ah, vamos ficar aqui.’ E ele: ‘Mas ninguém me avisou nada.’ Depois vira-se e diz: ‘Não, tudo para trás. Para casa. Cada um vai para sua casa.'» Diogo Luís recorda o episódio e conclui: «Se as coisas lhe fugiam ao controlo, ele não se dava bem com isso, porque entendia que devia estar tudo direitinho, tudo bem organizado. E aquilo era uma falta de organização. Então queria voltar para trás. Mas depois o Shéu e não sei quê conseguiram convencê-lo e acabámos por ficar no Altis.»

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O Benfica chegava ao dérbi da 13ª jornada no sexto lugar, a cinco pontos do Sporting e a dez do líder FC Porto. E venceu por 3-0, num jogo com muito que contar mas que foi, diz Diogo Luís, um «exemplo daqueles três meses» de Mourinho no Benfica. «Nós preparámos muito bem o dérbi. Por exemplo, um dos pontos fortes do Sporting era o César Prates a subir pelo corredor direito, o Sá Pinto vinha para dentro, o César Prates entrava e cruzava bem. Eu joguei a defesa esquerdo e o Miguel a extremo esquerdo. E ele preparou-nos de forma a conseguirmos neutralizar por completo as subidas do César Prates, ou seja, o César Prates subia e eu ficava à espera dele parado, não me mexia, e ele vinha bater em mim e o Miguel fechava um bocadinho por dentro quando o Sá Pinto fosse por dentro, para fechar a linha de passe. Estávamos muito bem preparados. E depois, lá está, não sentíamos a pressão. Nós íamos lá para dentro com conhecimento do adversário e íamos tranquilíssimos. E depois o contexto todo, o ambiente também foi propício a que as coisas fossem correndo bem.»

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O dérbi marcou o fim da linha de Mourinho na Luz. Saiu logo a seguir, depois de tentar a renovação junto do novo presidente, Manuel Vilarinho, sem acordo. Mas estava lançado. Seguiu-se a U. Leiria, depois o sucesso no FC Porto, a conquista da Taça UEFA e da Liga dos Campeões, a lançar uma das carreiras mais bem sucedidas da história.

Muito do que fez o sucesso de Mourinho já lá estava naqueles primeiros meses na Luz. «Ele ganha a Liga Europa passados dois ou três anos com o Porto, um ano depois ganha  a Liga dos Campeões e no ano seguinte é campeão com o Chelsea. Tinha que lá estar tudo», observa Diogo Luís, falando de um treinador que «é uma referência claramente em tudo»: «Não só abriu portas aos treinadores como também indicou o caminho. Hoje em dia todos trabalham muito melhor.»

Mourinho continua aí. Com mais cabelos brancos e com mais rugas, mas com a mesma determinação, diz. Diogo Luís segue o trabalho do antigo treinador à distância e vê-o hoje mais perto do seu melhor. «Acho que ele criou demasiadas guerras, que entendeu que era a melhor forma de se proteger mas que acho que até o prejudicaram. Agora está outra vez a voltar ao que era. Vê-se o Mourinho a sorrir mais, motivado. Olho para ele e pelo sorriso, pela descontração, acho que está um pouco à semelhança daquele Mourinho do início. Menos rezingão, mais bem-disposto, mais ele. As características estão lá, as competências estão lá e o reconhecimento do mundo do futebol também», diz, antes de deixar um desejo em jeito de mensagem de parabéns: «Espero que ele tenha sucesso agora na Roma, seria fantástico.»

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