A caminho dos Jogos Olímpicos, o Maisfutebol publica uma série de reportagens-vídeo, nas quais mostra a preparação e o estado de espírito dos atletas portugueses rumo a Pequim. Clique nos links relacionados para ter acesso às outras reportagens
A duas séries de uma final histórica no trampolim individual e após uma qualificação já de si memorável, Ana Rente sente-se nas alturas, como acontece sempre que salta. E não poderia ser de outra forma quando em causa está um projecto de vida.
«Aqui dentro vai um turbilhão de sentimentos, nem sei bem o que hei-de sentir. Ainda não estou nervosa, porque isso acho que só vou mesmo sentir quando estiver em contacto com a aldeia olímpica, com as minhas adversárias...», confessou a ginasta, em entrevista ao Maisfutebol.
Pequim tornou-se realidade à primeira tentativa, depois de em 2004 ter sido campeã da Europa de Juniores. Quatro anos depois e dois de medicina pelo meio, está determinada a conquistar adeptos. «Isto sempre será um sonho meu e aos poucos me tenho vindo a aperceber que realmente vou aos Jogos Olímpicos porque é um bocado difícil de acreditar porque nós atletas lutamos durante quatro anos para este grande acontecimento e no caso dos trampolins numa questão de segundos esse sonho pode desvanecer-se, então claro que é um sonho para mim.»
Aos 20 anos, tornou-se na primeira portuguesa a conseguir inscrever o nome no trampolim olímpico e parte de si sente-se já realizada. «Não sei o que senti, tanto me apetecia rir como chorar ao mesmo tempo. Foi óptimo, porque desde 2004 que andava a sonhar ir aos Jogos Olímpicos e cada vez estava mais próximo este sonho. (...) É uma honra ter aberto estas portas e espero que com isto a modalidade consiga evoluir e que as pessoas adiram mais e conheçam um pouco mais os trampolins e que comecem a perceber que é uma modalidade muito gira e que vale a pena ver», defendeu a atleta do Lisboa Ginásio Clube.
Rente inspira-se em Merino
Com Diogo Ganchinho partilha a inexperiência de participar numas Olimpíadas, com Nuno Merino, sexto classificado em Atenas e ausência de vulto em Pequim, a ambição de ser a melhor no que faz.
«O que ele sentiu acho que não vai ser a mesma coisa que eu e o Diogo vamos sentir. Cada pessoa é como é e eu sei que o Nuno é uma pessoa muito fria que conseguiu abstrair-se disso tudo e por isso é que teve uma prestação brilhante. É esse o caminho que vou tentar seguir. (...) Também sou muito fria em competição. Podem estar a falar comigo que eu não me rio não faço nada, nem oiço o que as pessoas me dizem quase, estou no meu canto a concentrar-me, não quero pensar em nada, não vejo a competição das outras atletas, só me preocupo comigo e com as minhas séries porque acho que é o mais acertado», contou.
Subir ao pódio não é uma meta para a futura cirurgiã [está no segundo ano do curso de medicina], até porque as adversárias andam nisto há mais tempo. Mas ser bem sucedida na qualificação e chegar à final é um desafio que gostaria de concretizar.
«Sendo eu uma novata e não tendo qualquer noção da magnitude desta competição, acho que isso vai ser uma vantagem. Não vou lá para lutar por medalhas, se conseguir claro que fico muito contente, mas é muito difícil porque tenho apenas 20 anos e há atletas, com 30 e muito mais experiência. Essas é que vão lutar pelas medalhas. Eu só quero chegar lá, estar relaxada, sem stress, fazer a minha competição com calma e depois logo se verá. Se for a uma final óptimo, se for uma medalha óptimo!», perspectivou Ana Rente.