Artigo original: 23:50 de 28/9

PONTO FORTE: ATITUDE COMPETITIVA
O grande trunfo deste Atlético é a atitude competitiva imposta pelo «Cholismo», a filosofia batizada a partir do nome do treinador. É uma verdadeira EQUIPA, talvez a que melhor define essa palavra no futebol mundial. Enorme espírito de entreajuda e solidariedade, compromisso com a estratégia definida e com o emblema que carregam ao peito, seja qual for o encontro. Simeone só conta com aqueles que dão tudo. Quem facilita é riscado das contas. E sempre que o adversário facilita o Atlético aproveita. É o mérito de estar sempre com concentração máxima. A atitude é inegociável.

PONTO FRACO: ASSUMIR O DOMÍNIO DO JOGO
O Atlético é uma equipa sustentada num bloco defensivo muito coeso e estável. A equipa de Simeone joga muito no erro do adversário, a explorar as transições rápidas e os lances de bola parada com cinismo. Em jogos nos quais se vê obrigada a assumir mais as despesas do jogo, a atuar mais em ataque organizado, a equipa «colchonera» sente-se mais desconfortável. Ainda que Diego Simeone esteja a tentar melhorar estes aspeto, com a contratação de alguns jogadores com um perfil diferente para a frente de ataque, e testando aqui e ali uma variante de jogo que transforma o 4x4x2 tradicional em 4x3x3.

A FIGURA: ANTOINE GRIEZMANN

O francês de ascendência portuguesa tem sido a grande figura do Atlético neste início da época. É o jogador com maior liberdade de movimentos da equipa, que tanto aparece nas costas do ponta de lança como na ala. É o elo de ligação entre o denso bloco defensivo e a verticalidade ofensiva, sobretudo em situações de transição rápida. Tem participação direta em sete dos onze golos da equipa! Marcou cinco tentos, um dos quais de livre direto e dois de canto (mas não de cabeça). Para além disso tem ainda duas assistências.

ONZE BASE:



OUTRAS OPÇÕES:

Moyá foi o guarda-redes titular do Atlético em mais de metade da época passada, mas agora tem de conformar-se com o estatuto de suplente de Oblak. No início da presente temporada chegou a falar-se de uma possível transferência (até foi associado ao FC Porto), mas manteve-se no plantel «colchonero» e é um elemento com qualidade suficiente para responder positivamente quando for solicitado. Contratado no início da época à Fiorentina,

Stefan Savic é a alternativa à dupla Giménez-Godín. Para já o central montenegrino de 24 anos ainda só foi utilizado uma vez, mas pode até aparecer novamente como titular frente ao Benfica. O mesmo se aplica a Guilherme Siqueira, lateral esquerdo que passou pelo emblema português e que esteve perto de voltar à Luz no final de agosto. Simeone pediu a sua permanência e Siqueira já substituiu o compatriota Filipe Luís em duas ocasiões, inclusive na primeira jornada da Liga dos Campeões. Quem também já jogou a lateral esquerdo esta época foi Jesus Gámez, embora o antigo jogador do Málaga seja, antes de mais, uma alternativa a Juanfran no lado direito, posição que ocupou no último jogo.

Pretendido por Julen Lopetegui há um ano, Saúl Ñíguez pode render Tiago ou Gabi no centro do terreno, mas também pode fazer de Óliver ou Koke a partir de uma ala. Esta polivalência é muito apreciada por Simeone, que aposta frequentemente na dinâmica incutida sempre pelo médio de apenas 20 anos. Thomas Partey, médio ganês de 22 anos que regressou de empréstimo ao Almería, foi para o banco no último jogo mas ainda não foi utilizado.

Para as alas, caso pretenda um jogador mais vertical, mais irreverente, Simeone tem agora mais opções: Yannick Ferreira-Carrasco, internacional belga recrutado ao Mónaco, ou Ángel Correa, o talento argentino comprado há um ano mas que só agora entrou nas opções, após debelar uma anomalia cardíaca. «Angelito» esteve em destaque na vitória sobre o Eibar, ao sair do banco para fazer um golo (na primeira intervenção) e uma assistência. A imprensa espanhola tem adiantado a possibilidade de ser titular frente ao Benfica, jogando a partir da ala ou como segundo avançado. A primeira opção para esse lugar tem sido Griezmann, mas o francês pode jogar a partir da ala, como aconteceu nas duas ocasiões em que Simeone apostou em Luciano Vietto. Outro talento argentino à disposição de Simeone, responsável pela sua estreia como profissional no Racing Avellaneda. Contratado agora ao Villarreal, Vietto procura ainda adaptar-se à exigência física e tática do Atlético, mas é um jogador de enorme talento.

Relativamente à posição «9», o técnico tem alternado entre Jackson Martínez e o ídolo «colchonero» Fernando Torres. «El Niño» tem sido mais eficaz, na medida em que regista dois golos e uma assistência contra um golo e uma assistência de Jackson. Torres fez menos um jogo a titular (três contra quatro), mas soma mais minutos de utilização (347 para 314).

ANÁLISE DETALHADA

FORTALEZA SEGURA. O Atlético de Madrid encara a sua baliza como uma fortaleza que é preciso proteger a todo o custo. A tal atitude competitiva da equipa reflete-se sobretudo na segurança defensiva. Em sete jogos disputados, os «colchoneros» têm apenas três golos sofridos. Dois na receção ao Barcelona e um no último encontro, frente ao Villarreal. Nos outros cinco encontros mantiveram a baliza segura. Seja qual for o plano (pressionar mais à frente ou mais atrás), a equipa funciona sempre como um bloco. Nem que para tal seja preciso colocar onze jogadores nos últimos trinta metros.



LARGURA, PROFUNDIDADE E REAÇÃO
. O Atlético gosta de apertar bastante a teia ao adversário, com o tal bloco compacto. A estratégia passa por encurtar ao máximo a largura e a profundidade da organização defensiva. Se o esférico está numa ala então a equipa move-se em bloco para esse lado, com as unidades muito próximas, sobretudo na linha intermédia. O médio-ala do lado oposto fecha bem por dentro, e os dois avançados também se aproximam.

Embora a equipa se mantenha sempre muito próxima, é preciso ter sempre em atenção o espaço entre linhas. E é por isso que o médio-centro mais distante da bola fica sempre um pouco mais recuado do que o colega do lado, de forma a conseguir controlar um eventual passe para aquela «terra de ninguém» entre a linha defensiva e a intermédia.


QUATRO CENTROCAMPISTAS. Esta preocupação em colocar muitos elementos na zona da bola não se aplica apenas à organização defensiva. Em ataque organizado o Atlético também concentra muitas unidades no mesmo espaço, até por jogar habitualmente com quatro «centrocampistas». Koke e Óliver, que jogam habitualmente a partir das alas, aparecem muitas vezes juntos na mesma ala, ou mesmo no centro do terreno, bem próximos de Tiago e Gabi. É assim que o Atlético procura ganhar a luta de meio-campo e criar desequilíbros para chegar ao ataque. Esta estratégia beneficia também a reação à perda de bola, aspeto em que os «colchoneros» são muito fortes, pois têm muitos jogadores naquela zona, que tentam de imediato voltar a recuperar o esférico.


TIAGO CONDUZ. A organização ofensiva do Atlético passa muitas vezes pela presença de um dos médios numa posição mais lateral. Sobretudo Tiago, mais do que Gabi, embora o capitão também o faça. Esta movimentação «obriga» o lateral desse lado a subir no corredor e ao mesmo tempo «empurra» um médio-ala para uma posição mais interior, a criar uma linha de passe. A tal tendência da equipa para colocar muitas unidades na zona central.


A NOVA VARIANTE. A estrutura-base do Atlético continua a ser o 4x4x2, mas Diego Simeone tem testado algumas soluções que fazem a equipa variar um pouco para o 4x3x3. A mudança passa por prescindir de um dos «centrocampistas» (Óliver) e colocar numa das alas um elemento mais vertical, que jogue mais próximo da dupla de avançados. Nestas circunstâncias Simeone tem colocado Griezmann a partir de uma ala e coloca Vietto nas costas do ponta de lança. Para além do argentino contratado ao Villarreal o plantel tem outras soluções que encaixam nesta ideia, como Yannick Ferreira-Carrasco ou Ángel Correa.


A VELHA VARIANTE. Se as experiências com o 4x3x3 servem para tentar libertar mais a equipa em termos ofensivos, Simeone também não deixar cair a «velha» alternativa do 4x5x1 quando é preciso reforçar o meio-campo. Uma mudança adotada sobretudo no decorrer dos jogos, quando o resultado é favorável, e que passa por prescindir do segundo avançado para colocar mais um médio-centro.


O DESEQUILÍBRIO DAS BOLAS PARADAS. Diego Simeone dá muita importância aos lances de bola parada, até porque muitas vezes o caudal ofensivo é reduzido. Daí a importância de tirar proveito destes momentos do jogo (tal como dos contra-ataques), que têm dado muitos pontos ao Atlético. Quatro dos onze golos do Atlético foram marcados desta forma, três dos quais por Griezmann (dois na sequência de cantos e um de livre direto). É verdade que um terço dos golos sofridos também surgiu de bola parada, mas a amostra é muito reduzida (corresponde a um golo em três). Ainda para mais tratou-se de um livre direto de Neymar, no qual pouco havia a fazer defensivamente a partir do momento em que foi cometida a infração.

Dois ou três jogadores soltos nos cantos defensivos: um ao primeiro poste (normalmente o ponta de lança); outro no limite da pequena área, em posição central; e eventualmente um terceiro em linha com a marca de penálti, na direção do primeiro poste.


Nos cantos ofensivos o Atlético centra os jogadores na pequena área